OPERAÇÃO DE RISCO

Capítulo 02

O fim de semana já estava chegando ao fim. Passei praticamente o dia inteiro em casa e, naquele momento, estava deitada no sofá assistindo a uma série qualquer, quando meu celular começou a tocar.

Ao ver o nome de Jimmy Gordon, meu chefe, na tela, atendi de imediato.

— Oi, chefe, tudo bem?

— Oi, querida, tudo certo. Desculpe ligar a essa hora, mas preciso te pedir um favor.

— Claro, pode falar.

— Preciso que você chegue um pouco mais cedo ao escritório na segunda-feira. Precisamos conversar a sós.

— Ok, estarei lá! Mas está tudo bem? É algo relacionado à operação?

Perguntei, sentindo um pouco de apreensão.

— Não se preocupe, não é nada grave. Só quero falar com você. Aproveite o resto do domingo.

Disse ele, o que me deixou um pouco mais tranquila.

— Está bem, nos vemos amanhã.

— Até amanhã, Ruby.

Finalizou Jimmy.

Desliguei o telefone e voltei a assistir à série, tentando manter a calma e me preparar mentalmente para o que estava por vir.

O dia seguinte prometia ser cheio de desafios e expectativas, e eu me sentia preparada para enfrentar o que viesse.

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SEGUNDA-FEIRA

Apesar de ter descansado bem durante a noite, acordei com um leve nervosismo, mas ainda assim, determinada. Comecei o dia com um café da manhã, seguido por um banho revigorante, e me vesti logo em seguida. Depois de me arrumar e reunir tudo o que precisava, saí em direção ao escritório uma hora mais cedo do que o habitual.

No caminho, passei a revisar mentalmente o último mês de treinamento. Foram semanas intensas de investigação, buscando qualquer pista que o influente mafioso pudesse ter deixado para trás. Um mês atrás, descobrimos que hoje à tarde haveria uma entrega em um galpão abandonado perto do porto. Desde então, monitoramos cada movimento dele e da Bratva, da qual ele faz parte.

A Máfia Russa, ou Bratva, é uma organização com grande poder e influência, tanto na Rússia quanto no cenário internacional. Seu verdadeiro alcance é difícil de mensurar, dada a natureza clandestina de suas operações, mas seu impacto global é inegável. Obter qualquer informação é uma tarefa árdua, já que eles não seriam a maior máfia da atualidade se deixassem rastros. Com sua estrutura quase militar, a Bratva é considerada uma das organizações criminosas mais organizadas da Europa.

Mas tínhamos plena confiança na pista que estávamos seguindo. Planejamos uma rota de fuga e nos preparamos para um possível confronto. Estávamos prontos para lidar com qualquer imprevisto. Nosso objetivo era prender Dmitry Ivanov e, assim, desmantelar a rede de negócios e a irmandade que ele liderava. Porém, o que mais me motivava era a ideia de finalmente colocar atrás das grades o filho do maldito Hassan Ivanov.

Após atravessar o caos das ruas de **Los Angeles** logo de manhã, cheguei ao departamento. Estacionei o carro e subi. Ainda mergulhada em meus pensamentos e com a ansiedade tomando conta, acabei esbarrando em alguém sem querer.

— Desculpa... — murmurei, surpresa.

Levantei o olhar e vi **Kaiden Mori**, um dos agentes do departamento e meu colega de trabalho. Ele me ofereceu um sorriso amistoso, mas havia algo em seus olhos que revelava uma preocupação oculta.

— Oi, apressada. — Ele disse, ainda sorrindo, enquanto abaixava para pegar o celular que havia caído no chão, algo que eu nem notei.

— Nossa! Me desculpa! Estava tão distraída que acabei esbarrando em você. Não estragou nada? — perguntei, preocupada.

Kaiden girou o celular para me mostrar.

— Não. Meu celular é resistente, assim como o dono. — Respondeu, piscando para mim.

O elevador se abriu e entramos juntos.

— Você também foi chamado para chegar mais cedo? — perguntei. Ele assentiu.

— Pelo visto, você também. O que será que **Gordon** quer?

A porta do elevador se abriu e respondi:

— Vamos descobrir agora.

Ao chegarmos na sala de **Gordon**, encontramos **Jimmy** de pé, segurando uma xícara de café. Ele se virou para nos cumprimentar.

— Bom dia, **Campbell**. **Mori**. — Disse Jimmy, com um sorriso.

— Bom dia, chefe. — Respondemos em uníssono.

Ele se sentou e fez um gesto para que nos acomodássemos. Sem perder tempo, começou a falar.

— Como sabem, hoje é um dia crucial para todos nós. Passamos o último mês preparando essa operação, e estou certo de que todos conhecem cada detalhe de cor.

Assentimos.

— Portanto, nada deve nos surpreender. Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade. Sem surpresas desagradáveis, certo?

— Sim, senhor. Mas por que mencionar isso agora? Aconteceu algo?

— Tive uma reunião neste fim de semana com o chefe de segurança. Ele pediu que alguém de minha confiança vá ao local do carregamento algumas horas antes da operação. Como confio plenamente em vocês dois, convoquei esta reunião para decidir quem se disponibiliza.

Kaiden, surpreso, questionou:

— Mas por que essa decisão agora? Estão achando que pode haver um informante?

Jimmy nos encarou e assentiu.

— Em operações como esta, precisamos estar um passo à frente. Nunca sabemos quando seremos traídos. O risco de haver um informante entre nós é real. Isso poderia comprometer toda a missão.

Entendi o que ele queria dizer. Se houver um traidor, nossa operação poderia ser sabotada antes mesmo de chegarmos ao galpão.

— Como vai funcionar? — perguntei.

— Estamos monitorando o carregamento, e sabemos que está a caminho do galpão. Um de vocês precisa estar lá uma hora antes do planejado. Se houver algum sinal de traição, estaremos prontos. Quem for, deve se manter escondido, sem levantar suspeitas. Se perceber que eles chegaram antes do previsto, envie uma mensagem e nós agiremos imediatamente. Não podemos fazer um alarde antes do tempo. Isso seria arriscado demais.

Eu me adiantei e disse:

— Eu vou.

Kaiden, ao mesmo tempo, insistiu:

— Eu posso ir.

Jimmy intervém:

— Os dois não têm como, pois preciso de um de vocês comandando a equipe.

Olhei para Jimmy, e ele devolveu o olhar, sabendo exatamente por que essa operação era tão importante para mim. Ele esteve ao meu lado quando recebi a notícia de que meus pais morreram em uma emboscada planejada por **Hassan Ivanov**. Eu tinha apenas dezoito anos na época, e Jimmy, que sempre foi como um segundo pai para mim, me deu forças para continuar. Eu não deixarei que **Dmitry Ivanov** escape. Não depois de tudo o que aconteceu.

— Me desculpa, Mori, mas eu vou. Não vou permitir que ele escape. — Disse com firmeza.

Kaiden franziu a testa.

— E quem disse que eu não posso cuidar disso? Jamais deixaria algo comprometer nossa operação.

— Eu sei disso, Kaiden. Mas estou à frente dessa operação, e não conseguiria me concentrar aqui, sabendo que algo pode dar errado no galpão.

Jimmy entendeu e concordou.

— Mori, acho melhor você ficar e comandar a equipe daqui.

Kaiden olhou para mim, percebeu a determinação em meu olhar e, relutantemente, deu um passo para trás, assentindo lentamente.

— Tudo bem. Mas esteja atenta o tempo todo. A segurança dessa operação depende de você.

Eu acenei, ciente da responsabilidade.

— Ruby, nunca tente enfrentar isso sozinha, não importa o que aconteça. — Alertou Jimmy.

— Se perceber algo suspeito ou se eles chegarem antes do previsto, envie uma mensagem. Estaremos lá em minutos. Não se arrisque demais; eles não hesitarão em te matar. Estamos entendidos?

— Compreendido, chefe. — Confirmei.

Jimmy se levantou, alisando o terno.

— Preparem-se para a missão. E lembrem-se: não contem nada a ninguém.

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Após estacionar o carro discretamente, evitando chamar atenção com uma viatura oficial, caminho em direção ao galpão no porto.

Este é o principal ponto de recebimento de drogas e armas para Dmitry.

No entanto, quem realmente controla os negócios ilícitos no porto é outro membro da irmandade, conforme nossas investigações revelaram.

Quando saio do calor reconfortante da Ferrari, um carro rápido e potente, ideal para uma fuga em caso de necessidade, avisto o armazém à minha frente.

A estrutura maciça poderia facilmente se misturar com as outras propriedades comerciais abandonadas na área, não fosse a atmosfera pesada e mórbida que a cercava.

Apesar de sempre ter sido cética quanto à existência de espíritos, neste momento eu sinto a presença das almas torturadas que um dia deram seu último suspiro nesse local.

Não ajudava o fato de que muitos ali provavelmente se engasgaram com seu próprio sangue enquanto lutavam por suas vidas.

É surpreendente que Ivanov conduza suas operações criminosas em um lugar tão óbvio, sem temer as consequências.

A maioria das pessoas, cegas por suas ilusões de segurança, acredita que o crime organizado está distante de suas realidades.

No entanto, a verdade é que, mais cedo ou mais tarde, as ações maléficas sempre vêm à tona, e os culpados pagam por seus crimes.

Esgueiro-me pelas paredes decrépitas do galpão, observando o caminhão que rastreamos chegar ao local.

Sua caçamba de contêiner estava escondendo a carga que trazia. Mas nossa missão não se resumia a apreender a mercadoria — queríamos capturar o próprio Dmitry e seus comparsas.

O vento gélido sopra contra o meu rosto, fazendo com que alguns fios de cabelo caiam sobre meus olhos, dificultando minha visão.

Rapidamente, os afasto com a mão, focando-me no cenário à frente. O lugar está deserto e envolto em uma penumbra inquietante, intensificada pelo frio e pela proximidade da água.

Seguro minha **Glock** com firmeza, aguçando a audição em busca de qualquer som suspeito.

O rádio comunicador preso ao meu cinto está silenciado; usá-lo apenas se necessário, pois o silêncio é minha maior arma nesse momento.

— Somente o caminhão está aqui. Avisarei se algo mudar.

Murmuro ao rádio antes de recolocá-lo no cinto, mantendo os olhos atentos ao redor.

Olho para o relógio — falta apenas uma hora e vinte minutos para Dmitry chegar ao local para "conferir a mercadoria".

As câmeras instaladas ao redor do armazém haviam sido momentaneamente desativadas por um dos nossos hackers, permitindo minha entrada sem ser vista.

— Vai para a parte de trás, corre até a parede à direita e fica lá.

Instrui Gabe, o hacker, pelo rádio.

Sigo suas direções, encontrando uma posição estratégica de onde posso vigiar tanto o caminhão quanto a entrada do galpão.

— Em posição.

Sussurro antes de desligar o rádio novamente. A última coisa que quero é ser traída por um chiado no momento crítico.

Não tem como negar — a adrenalina de operações como esta sempre me dá um certo prazer.

Meu corpo reage ao perigo com uma mistura de anestesia e euforia, mas a verdadeira motivação sempre é o senso de justiça e, neste caso, a vingança.

De repente, o som de carros se aproximando faz com que meu coração acelere. Aperto minha arma com mais força, mantendo-me vigilante.

Vários carros pretos e dois veículos de luxo estacionam entre os contêineres.

Controlo minha respiração enquanto observo homens vestidos de preto, armas em punho, saírem dos carros e entrarem no galpão, vasculhando o ambiente.

Logo, Dmitry aparece acompanhado de um homem mais velho e de seu braço direito, Ivan Sidorov.

Dmitry, alto e imponente, usa uma camisa preta e calças com um casaco de cashmere preto.

Sua presença é intimidante, e mesmo que eu tente negar, sua aparência é desconfortavelmente atraente.

— Abram o contêiner. Precisamos ser rápidos.

Ordena Dmitry em um tom grave, seu sotaque russo carregado de autoridade.

Fico observando, cada músculo do meu corpo tenso. Enquanto seus homens seguem as ordens, Dmitry atende uma ligação que rapidamente faz sua expressão mudar de neutra para furiosa.

Meu coração dispara. Algo está errado.

Ele dá ordens para que seus homens parem e, neste instante, desconfio que ele tenha descoberto sobre a operação.

Não posso permitir que ele escape agora, não depois de termos chegado tão perto.

Rapidamente, tomo uma decisão.

Pego meu celular e envio uma mensagem para Kaiden, que estava comandando a operação naquele momento.

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