- Traga esse traseiro para dentro do carro agora, Antônia.- Ha, ha, ha, você pode me fazer um favor? Vai à merda, porra!Não tem outra explicação, ele deve gostar de me ver sair do sério, o surtado do Hafiq continua gritando de dentro do carro.- Antônia Santos Hassan, não me provoque logo de manhã cedo, você sabe que eu não fujo da briga, entre nesse carro agora.Minha resposta é clara, o dedo médio em riste e para não deixar dúvida, balanço o dedo duas vezes em direção a ele. Ele ficou pasmo e continua falando alto.- Eu não acredito que você me mostrou o dedo, Antônia, a hora que eu te pegar, você vai ficar com a bunda ardendo.Ando mais rápido, ele vai querer se vingar e esbofetear a minha bunda até arrancar o meu couro, foda-se tudo, Hafiq foi e sempre será um tremendo de um chute no meio do cu.Insuportável, louco e psicótico.Os xingamentos que fluem em minha mente são muitos, eu estou só me aquecendo.Depois da curva estou quase correndo, meus pés não suportam mais, ele sai d
ANTÔNIAEstranho, aonde será que ele foi?Eu já procurei em todos os quartos e cômodos do apartamento e nada de Hafiq. Ele não pode ter ido para longe, olho para o relógio na parede, são duas da manhã. Aonde ele ia se meter às duas da manhã?Será que foi atrás da ex-noiva? Alguma boate de stripper? Meu coração começa a bater quase na boca.Novamente os gemidos sobressaem à calmaria da noite, ao silêncio da casa. Tá aumentando próximo da porta de entrada, eu não posso acreditar nisso.Abro a porta e me deparo com Hafiq sentado no chão do hall do apartamento, de frente ao elevador privativo.Chego perto dele com passos discretos e a mesma imagem deplorável à minha frente me fere como um soco na boca do estômago.Ele nu como nasceu, o tórax encolhido para frente, balançando o corpo grande como se estivesse sendo ninado por um alguém que só existe em seus pesadelos.O suor escorre do seu corpo inteiro abundantemente
HAFIQEsse sossego é muito bem vindo após tantas tormentas que atravessamos juntos.O nosso relacionamento cheio de arranjos meticulosos, cada dia adquire mais os contornos de uma relação normal entre um homem e uma mulher.Não tão normal porque se trata de mim e Tônia.Separados nós somos pessoas comedidas, ajustadas e racionais.Mas a combinação explosiva de minha necessidade de manter tudo sob o meu controle, e a dela de jogar sempre que pode esse controle pra puta que pariu, faz de nós um casal ridiculamente passional.Andamos sempre assim, no fio da navalha, bailando de frente ao abismo, entre orgasmos catárticos e batalhas homéricas.São dois meses, dois sonhados meses, sem sobressaltos e guerras declaradas.Sem eu sair de minhas calças com as rebeldias de minha flor, e mais importante, sem os arremessos de vasos de Tônia.A minha cabeça agradece, nenhuma discussão ou malas prontas.A mais completa paz é o que
Sem perder tempo, cheiro o triângulo macio depilado entre suas coxas e abaixando mais a cabeça, dou uma lambida longa, dos lábios até o clitóris, convidando-a a abrir mais as pernas pra mim.Com os dedos, afasto os seus lábios vaginais delicados e minha língua entra macia na abertura da minha bocetinha chocolate.Só há uma palavra possível de descrevê-la: DELICIOSA!Perco a noção do tempo quando tenho a sua carne sedosa na minha boca, tão rosa e tenra.Passo a língua entre seus lábios e chupo o clitóris em movimentos suaves, depois o coloco em meus lábios e nos dente, a pressão que eu sei que tira os pés de minha flor do colchão.Ela contorce desesperada o tronco e escancara as coxas.- Ai, caralho, por que você faz isso comigo?- Porque eu amo lamber essa bocetinha de mel. Porque quando eu enterro minha língua entre suas pernas o mundo pode parar que eu quero que tudo se foda.Tônia se livrou do celular não sei como. Eu seguro os quadris dela e volto a brincar com a minha língua por
HAFIQToda a minha família sabe que já é tarde em Londres, certamente é algo muito importante, eu atendo rápido e reconheço a voz, que me cumprimenta visivelmente tensa.- Masa’u Al-Khair Hafiq. (Boa noite Hafiq)- Al-Khair An-Nur, Anusha. (Boa noite pra você também, Anusha).- Kifac? Mabçút? (Como vai? Vai tudo bem?).Ela continua querendo saber como eu estou. Não entendo aonde ela quer chegar.- Ana mabçut, Kíflic? Mabçuta? Hífel Hál? (Eu vou bem e você? bem? Como estão as coisas?).O meu pressentimento não é bom, a minha voz denuncia a minha tensão.- Kif Báyl, Anusha? (Como está meu pai, Anusha?). Ela ficou em silêncio, algo não está nada bem.- Anusha, o que aconteceu? Fale comigo?A ligação é de minha avó Anusha, mãe de meu pai, eu saio da sala andando rápido em direção ao meu escritório, preocupado com o silêncio de minha avó.Não sei o teor da conversa, se é algo que Tônia não possa ouvir.Tranco-me no escrit
PRÓLOGO RUMO AO QATAREstou ainda meio dopada de advil e calmantes, sofrendo por causa do estresse e uma enxaqueca potente dos diabos.O quê eu consigo me lembrar de minha ida ao Qatar? Muito pouco. Somente lampejos soltos e desconexos de uma viagem longa e cansativa.A verdade é uma só e tem que ser dita!Essa peça anatômica da qual eu sempre me orgulhei em fazer ótimo uso, que todos conhecem por cérebro, se tornou um pedaço de carne burro e autômato, desde que Hafiq despejou-me com toda a sua “gentileza” de sempre, a notícia, leia-se “bomba nuclear”, que em poucos dias embarcaríamos rumo a Doha, Capital do Qatar.Tal qual a outra vez em que nós viajamos e eu dei aquele chilique horrendo por causa da turbulência, Hafiq no ápice de seu modo “mestre mandou”, me despiu e me deu sopa na boca, eu acho que tomei, ou será que cuspi a sopa nele? Não me lembro com certeza.Enfim, ele me botou pra dormir, por vezes cambaleei
ANTÔNIAA primeira coisa que eu fiz quando desembarquei em Doha, Capital do Qatar foi rir. Eu ri bastante.Ri pensando como minha vida tem sido irônica. Em vez de contos de fadas, minha vida está mais pra melodrama mexicano, daqueles bem bizarros.Os meios de transporte mais utilizados por mim há alguns anos atrás eram o jegue e o pau de arara.E em menos de seis meses, eu deixei o Brasil para viver em Londres, e nem bem conheci o Big Ben, já estou de mudança, mesmo que seja temporária, para viver em um palácio, no Oriente médio.Alguém consegue ver a piada disso tudo? Parece até conto da carochinha, mas é a mais pura verdade.O homem que dorme comigo todos os dias, o meu marido, é o sucessor do trono deste país riquíssimo e o meu filho, meu pequenininho Kaled, é um dos membros da realeza do Qatar.Agora eu olho ao meu redor, dentro desse jatinho particular gravado com as iniciais de Hafiq e penso: isso é ou não é en
Basmah se ouviu, fingiu que não ouviu. É uma senhora atarracada e sorridente, Hafiq devolve-lhe o sorriso acabando com a expressão carrancuda, olha para os lados na intenção de ver se é observado por alguém e beija-lhe a testa suavemente.- Como vão as coisas, Basmah? Você continua fazendo aqueles Kleejas deliciosos que eu amo? Kleejas são os biscoitos de canela que Basmah faz, você também vai adorá-los habibi.Eu sorrio para ele e Basmah concorda alegremente com Hafiq e começa a falar tão rápido em árabe, que quase me deixa tonta.Hafiq agradece quando Basmah nos leva até uma suíte enorme e fecha a porta, se jogando exausto em um sofá vitoriano.- Farah é a primeira esposa de meu pai, essa peste negra é mãe de Aziz e Malika, acho que nem meu pai suporta esta mulher.De repente eu me dou conta de que ela é avó de Kaled, e penso: coitado do meu filho, que falta de sorte.- Pelo modo gentil que você fala dela, vocês dois se detestam, certo?- Farah sempre fez da minha vida um inferno, e