Capítulo 6
O bad boy
Quando acordei, tomei um banho e vesti uma calça jeans rasgada e o meu colete sem camisa por baixo, baguncei um pouco meus cabelos compridos e borrifei meu perfume no pescoço e braços. Olhei a hora pelo celular, não gostava de relógios de pulso. Eram vinte horas. Aquela hora tinha sido marcada pela dona do hostel em um terraço ali mesmo. Era óbvio para mim que nada mais estava marcado. Ao chegar ao saguão vi que ela estava deslumbrante com um vestido até a canela, vermelho, com brincos grandes e bonitos e batom vermelho. Se estava preparada para conversar comigo, tinha perdido seu tempo.
- Boa noite. Até amanhã.
- Que?!
Eu me voltei para ela com um ar de seriedade, até de irritação.
- Eu disse boa noite. Divirta-se com o Mad Max.
O
Capítulo 7O acidenteEstávamos já há uma semana em Vila Velha, Espírito Santo.A quinta-feira chegava de novo, de mansinho, anunciando mais um final de semana em que eu sabia que os amigos iam querer beber até cair já que não podiam ir embora. Às cinco horas da tarde Bill recebeu um telefonema da delegacia informando que a sua Harley fora achada, mas que faltavam peças. A sua ira foi forte e justa. Bill jogou o celular longe, que por milagre saiu ileso daquele arremesso. Notei pelo canto do olhar que Simone viu o que tinha acontecido no restaurante de seu hostel e se aproximou devagar. Eu a olhei e me levantei para que não se aproximasse de Bill.-Vamos ali no canto, eu te conto.Ela me olhava com o olhar preocupado, porém sensua
Capítulo 8Um homem perigosoEla começou a se vestir para ir embora. Não resistindo, fui até ela e deixei a toalha cair para lhe abraçar fortemente. Não era raro que as mulheres quisessem namoro, mas era raro que fossem tão diretas quanto ela estava sendo. A beijei com tanto tesão que ela chegou a gemer na minha boca. O corpo pequeno desfaleceu de prazer nos meus braços e ela socou meu peito, frustrada, querendo mais, querendo tudo. Eu não podia dar tudo, só podia dar mais e daria enquanto eu estivesse na cidade.Ao descer junto com ela, Simone estava em seu restaurante e virou o olhar para nós dois enquanto fumava. As duas se encararam brevemente e eu podia jurar que o mundo ia desabar sobre a minha cabeça naquele momento. Caio e Bill conversavam do lado de fora e balançavam as cabeças n
Capítulo 9 Três é mesmo demais Simone observou a doutora Adriana olhar o soro pessoalmente e me falar sobre minha condição clínica. -Então, Vitor... -Ela pausou -Você não fraturou seu pé mas teve uma luxação e essa parte precisa ser imobilizada pois está frágil e pode piorar se não fizermos nada. Como está sua dor? -Bem forte mas quando mexo, se deixo parado, fica suportável. -Certo, -Ela buscou seu bloco de receitas no bolso do jaleco -Não pode ficar suportável, tem que passar, então vou te prescrever algo mais forte. Você sai do soro amanhã de manhã pois não tem nada quebrado ou infeccionado. Ta bem? -Certo, doutora. Ela olhou para Simone com curiosidade. -Você é a mãe dele? Simone sorriu levando a mão a boca enquanto baixava a cabeça. A médica se sentiu constra
Capítulo 10Interesses demais-Oi, dona Vânia.-Vitor! Onde você está? Eu vou para ai e vou te trazer para casa!A voz do outro lado era realmente histérica, tão conhecida, tão familiar e muito protetora.-Não precisa dona Vânia, eu só torci o pé.-Pode me chamar de mãe uma vez na vida, Vitor?!-Ta bem, mãe, olha, eu estou bem, de verdade... eu quero seguir viagem e depois, quando tudo acabar, eu vou estar aí para assumir o cargo que vocês querem.-Eu não quero saber de cargo, Vitor, eu quero saber se meu filho está bem, quero ver você.-Eu estou bem, mãe.A enfermeira e Simone entraram juntas e tiveram que ouvir minha conversa.-Mãe, a enfermeira vai me dar um r
Capítulo 12 Dias quentes Ela se levantou e subiu as escadas, certamente indo ao quarto do Bill para o chamar. Talvez, anos depois eu me sentisse muito confortável com aquela proposta, eu estava em outra época da vida, muito mais desapegado e escorregadio. Porém aos vinte e cinco anos eu não estava nada assim. Eu ainda era um cara muito mais decente do que fui nos anos seguintes da minha vida até porque mal sabia da perda pela qual iria passar e pelo tanto de trabalho que iria encarar com a morte do meu pai bem como o alcoolismo da minha mãe. Eram anos ainda bem mais leves do que os seguintes e eu estava mais empático com as pessoas. Quando se precisa endurecer nas relações, nos tornamos mais frios e desatados dos nós com as pessoas. Confesso que aquela proposta não me deixou feliz, entretanto resolveu muita coisa. Eu não teria que encarar o drama de mulheres com ciúmes, não teria que fi
Capítulo 11 Visitas amorosas Assim que chegamos ao Geen Yard, lá estava Larissa me esperando no restaurante. O mais estranho foi ver Simone fazendo sala para ela. Aquilo parecia uma bomba relógio que o Diabo tinha jogado no meu colo. Andei com a muleta até as duas sentindo um tapinha de despedida dos meus amigos no meu ombro. -Muito engraçado, Bill. -Se vira, molecão. Larissa veio me ajudar, como se eu precisasse, a andar até a mesa. Simone me observava de braços cruzados com um sorriso sarcástico no rosto. -Eu vim te ver, Vitor, você está bem? -Perguntou a cantora. Olhei Simone de relance, fazendo uma careta de dor para me sentar à mesa. -Eu estou com uma luxação no pé e dói bastante, mas de resto, bem. -Sorri para ela muito sem jeito pois sabia que
Capítulo 7O ébrio equilibrista de damasManhã de sábado. Acordei com menos dores pelo corpo e no pé. Estava sozinho. Olhei ao redor e vi uma bandeja de café da manhã. Havia um bilhete nela.Bom dia, motoqueiro. Coma tudinho e me chame quando quiser. Simone.Sentei-me na cama e fiquei olhando aquele suco de laranja, torradas, geleia e pão-doce. Parecia delicioso. Ouvi o bip do celular com notificação de whatsapp. Olhei.Bom dia, amore. Vou aí te ver a tarde. Beijo nessa boca. Larissa.Fechei os olhos prevendo o prelúdio do apocalipse. Aquilo não podia dar boa coisa. Comi algumas coisas da bandeja e tomei o suco. Decidi que já podia sair dali. Levantei-me sem pressa, coloquei um short de
Capítulo 14 Decisões Tomei uma decisão difícil. À noite iria ao bar e iria terminar aquele enrosco todo com as mulheres da cidade. Seria uma nobre atitude minha e eu precisava tomá-la. Eu não queria ser o Assis Ferreira dois e terminar por partir o coração daquela garota em mil pedaços por causa unicamente de sexo. Eu não era daquele jeito. Bem, talvez um pouco mas uma única garota de cada vez e não duas ao mesmo tempo e nem no mesmo lugar. — Pensativo demais... Olhei Simone e sorri de canto. — É, eu tenho uma decisão chata para tomar. — E qual é? — Terminar com vocês. Ela arregalou os olhos. Depois sorriu. — Vitor, não tem nada para terminar porque não existe nada. — Existe, eu não sou um tonto canalha para achar que você não sente nada e nem a Larissa. — Mas isso não foi culpa sua — Ela me olhava com inquietação. — Eu sou culpado e Bill me fez ver isso. Sou culpado na med