Victoria Hayes —Victoria, acorde!— A voz de Eliza cortou o silêncio do quarto, sua voz era suave, mas insistente. Eu senti suas mãos sacudirem levemente meu ombro, e, quando finalmente abri os olhos, encontrei seu rosto sorridente a poucos centímetros do meu. —Você tem que se levantar, senão ficaremos atrasadas! Acordei com uma sensação estranha, como se estivesse emergindo de um lugar distante e nebuloso. Meus olhos ainda estavam pesados, a mente confusa e atordoada. Por um momento, me perguntei onde estava, sentindo o peso de algo que parecia importante, algo que eu precisava lembrar... Clark, gêmeos, tatuagem… as lembranças flutuavam em minha cabeça como fragmentos de um sonho. Aquela sensação de confusão se aprofundou. Tentei focar na realidade à minha frente, mas as cenas que minha mente havia criado ainda estavam lá, tão vívidas, tão reais. —O que...?— Minha voz saiu rouca, como se eu tivesse passado horas falando. —O jantar na casa do Clark, lembra? Você não quer c
Victoria Hayes Eu ainda estava tentando me recompor do sonho esquisito enquanto terminava de arrumar meu cabelo. Mesmo com Eliza tagarelando alegremente ao meu lado, minha mente estava em outro lugar. Tudo parecia ter mudado desde que acordei daquele sonho, embora, ao mesmo tempo, nada tivesse mudado. Era uma sensação estranha, como se houvesse algo no ar, algo que eu ainda não conseguia identificar. —Você está estranhamente quieta!—Eliza comentou, ajeitando o vestido dela no espelho. —Está nervosa por causa do Clark? Eu pisquei e voltei à realidade. —Eu? Nervosa? Não... só estava... distraída, eu acho. Ela ergueu uma sobrancelha, claramente não acreditando em mim, mas não pressionou. Em vez disso, ela virou a cabeça em direção à janela. —Ouviu isso? Acho que ele chegou. Antes que eu pudesse reagir, os meus filhos que já estavam arrumados, correram pela sala como furacões, empolgados ao ouvir o som do carro se aproximando da entrada. Meu coração deu um pequeno salto, mas tentei
Clark Collins Assim que estacionei o carro em frente à casa, o peso do momento caiu sobre mim. Apresentar Victoria e os filhos dela à minha família não era apenas um gesto formal, era um passo que eu não tomaria a menos que tivesse certeza de onde estávamos indo. E eu sabia, no fundo do meu coração, que essa noite era o começo de algo mais profundo. —Prontos?—perguntei, virando-me para Victoria. Seus olhos encontraram os meus, e pude ver uma mistura de nervosismo e expectativa. Ela sorriu, aquele sorriso que me deixava desconcertado toda vez. —Pronta. E honrada de conhecer sua família. Seu tio e seu primo são escritores renomados, depois de tudo o que me contou. Eu sorri de volta, apertando levemente sua mão —Quem está honrado sou eu por ter você aqui, Victoria. E os meninos... Eles já são parte disso tudo, sabe? Ela não respondeu de imediato, mas pude ver nos seus olhos que aquelas palavras a tocaram profundamente. Assim que saímos do carro, Lion, Luna e Eliza já estavam à n
Victoria Hayes —Somos reais, você é real e eu sou grato por não fazer parte apenas dos meus sonhos, preciso ir, amanhã tenho que chegar cedo a editora, podemos almoçar juntos amanhã?—ele me perguntou e eu apenas respondi com um sorriso.Ele me beijou e acabou saindo, sem que eu revelasse a ele sobre nossos filhos, mas no dia seguinte eu estava disposta a dizer a ele.Naquela mesma noite, depois que Clark me deixou em casa, ainda com o calor do beijo dele nos meus lábios, decidi que era hora de terminar o meu livro. Me sentei em frente ao computador, o coração ainda acelerado, mas a mente completamente focada. Eu sabia exatamente como queria encerrar a história da minha protagonista, Amanda. Ela, assim como eu, tinha passado por um turbilhão de emoções, mas agora estava pronta para encarar o próximo desafio. Respirei fundo e comecei a digitar, deixando os sentimentos fluírem através das palavras.Sentada à mesa da varanda, Amanda olhava para os gêmeos brincando no jardim. Os olhos del
Victoria Hayes Acordei com pequenos pés cutucando meu corpo e risadinhas abafadas no meu quarto. Lion e Luna estavam deitados ao meu lado, me olhando com aqueles grandes olhos brilhantes, que me faziam sorrir, apenas só por olhar para eles.—Mamãe, estamos com fome!— Lion disse, sorrindo enquanto puxava o cobertor.Eu bocejei e me espreguicei, sorrindo de volta para eles. —Certo meu príncipe, vamos tomar café da manhã.Eu os beijei e abracei os dois na cama.Levantei-me, e nós três fomos até a cozinha. Preparei panquecas, e as crianças mal podiam esperar para começar a comer. Era sempre uma alegria vê-los juntos, Lion concentrado, com sua panqueca com seriedade, enquanto Luna tentava colocar o máximo de frutas no prato.Assim que terminamos de comer e eu começava a limpar a cozinha, a campainha tocou. Fui até a porta, e quando a abri, lá estava Clark, segurando uma cesta de café da manhã e dois embrulhos coloridos.—Bom dia!— Ele sorriu, aquele sorriso que sempre derretia qualquer
Clark Collins A verdade ecoava na minha cabeça, uma verdade que eu não esperava ouvir de Victoria, mas que, de algum modo, fez todo o sentido. Lion e Luna... meus filhos. O que eu deveria sentir? Raiva? Ressentimento? Não. O que senti foi um alívio imenso, uma felicidade inesperada que me encheu de um calor que eu nunca havia experimentado antes.Eu sempre soube de alguma forma. E agora, eu sabia que ela não era apenas fruto dos meus sonhos, mas de algo real que vivi, antes do acidente. Meu coração batia rápido enquanto olhava para Victoria, sua expressão vulnerável e ao mesmo tempo esperançosa. Sem pensar duas vezes, me aproximei e a beijei com uma intensidade que nem eu sabia que possuía. O gosto dela, o toque suave de seus lábios, era como se algo tivesse finalmente se encaixado no lugar. Era a mulher que eu sempre quis, e agora era a mãe dos meus filhos. Tudo fazia sentido.Quando nos separamos, ofegantes, eu sabia o que queria fazer naquele dia. —Vamos sair!— Sugeri, com um sorr
Victoria Hayes Meses se passaram desde aquele momento inesquecível em que ele me pediu em casamento. Às vezes ainda me pego revivendo a sensação do anel em meu dedo, a felicidade que transbordou em meu coração, e a certeza de que nosso amor era para sempre. Mas a vida, como sempre, segue em frente, e esses meses trouxeram mais do que eu jamais poderia ter imaginado, Clark sempre doce, romântico e carinhoso, mas eu tinha medo, um medo que tentava esconder dele. O lançamento do meu livro foi um sucesso estrondoso. De uma pequena sessão de autógrafos para leitores dedicados, passei a salas lotadas, entrevistas em programas de TV. Meu livro se tornou um best-seller, e de repente, eu me vi na posição de uma autora reconhecida. Era surreal, quase inacreditável, e às vezes eu olhava para Lion e Luna, brincando em nossa sala, e me perguntava se tudo aquilo estava mesmo acontecendo comigo.Já estava prestes a lançar o segundo volume do meu livro, toda minha vida havia passado por uma grande
Victoria HayesNa manhã seguinte , fui à confeitaria da Eliza, estava cheia, e isso me fez sorrir. Ver o sucesso dela me trazia uma alegria genuína. Eliza sempre foi determinada e merecia tudo aquilo. Assim que entrei, ela me avistou e acenou, me chamando para ir até a pequena sala nos fundos, onde sempre conversávamos com mais tranquilidade.— Vic, preciso falar com você — ela disse, com uma expressão séria que me fez ficar preocupada imediatamente.Sentei-me, tentando esconder a inquietação que começava a tomar conta de mim.— O que foi, Eliza? — perguntei, nervosa. Eliza respirou fundo, como se estivesse preparando as palavras, o que só aumentou minha ansiedade.— O Hiago... Ele esteve aqui algumas vezes, pedindo informações sobre o Heitor — começou ela. — A mãe dele não aceita que ele esteja morto. Ela quer alguma prova concreta. Como nunca encontraram o corpo... ela acredita que ele ainda possa estar vivo.Fiquei em choque, incapaz de falar por alguns instantes. Meu coração ace