Amélia se acalmou quando pôde ter a certeza de que Gabriel não era um fantasma desencarnado, mas apenas um senhor gentil que não queria bagunça no seu local de trabalho.
Apesar de insistir em ir sozinha, acabou indicando a Gabriel o caminho de casa e sendo levada até lá.
Alice estava sentada no sofá e quase gritou quando viu o homem entrando com a prima.
— O que ele quer?
— Quero falar com seu responsável.
— A tia Rosário não está.
— Não tem problema, eu espero.
As duas
Após a conversa com a tia, Alice foi para o quarto. Encontrou Amélia penteando o cabelo vermelho de uma boneca particularmente feia. Franziu o cenho e se deitou na cama.— Me desculpe por ter culpado você — Amélia se apressou em dizer.— Tudo bem.— Não, não está tudo bem. Você levou toda a culpa por mim. Isso é horrível.— Eu não ligo.Alice roía as unhas e encarava a boneca de Amélia, pensando bem, talvez fosse mesmo horrível que ela não tenha dividido a culpa com a prima. Afinal, Amélia tinha sido a culpada de toda a desgraça, por ter v
Na manhã seguinte, Alice parecia ter se esquecido completamente do aviso da tia sobre o médico. Rosário conseguiu marcar uma consulta com um psicólogo dali há alguns dias e combinou de não contar nada a ela sobre o que se passaria.No telefone, a atendente recomendou que ela não tentasse impor restrições em Alice, ao contrário, a deixasse livre para agir da forma que desejasse, contanto que isso não prejudicasse a integridade física de ninguém. Assim, ela poderia falar mais abertamente e dar mais detalhes sobre seus pensamentos e ações dos últimos dias durante a sessão com o psicólogo.Começaram a manhã como qualquer outra, após o café, Rosário saiu com as crianças para a
Quando entrou, Alice encontrou dona Ana, Marco e outras duas vizinhas que não conhecia bem. Todos falavam sobre a mancha que tinha sido deixada sobre a imaculada dor da pobre senhora que enterrava o parente. Marco foi o primeiro a se dirigir a menina.— Ai está ela, parece uma prostituta.— Marco!Dona Ana dobrou os joelhos até ficar da altura de Alice, o que não teria sido necessário se ela não estivesse usando aquela salto preto com lacinhos na ponta, mas Alice os achou lindos.— Você sabe o que você fez!?— Eu não sei. — Tentou ir para o quarto, indiferente a todas as pessoas que estavam ali
Tia Rosário cruzou os braços e não ousou encarar Alice, que por sua vez, não estava com vontade de se explicar nem de falar com ela desde as palavras do bêbado."Falta pouco para ela ver o médico. Tenha paciência."- Eu lembro de ter falado para você ficar em casa.Alice não respondeu.- Vão descansar. Depois conversamos.- POR QUE VOCÊ NÃO BRIGA COM ELA?Amélia e tia Rosário olharam diretamente para Maurício. Não era do feitio dele gritar, ainda mais com a mãe.- O qu
Alice acordou por último naquela manhã, foi para a mesa do café e notou que nem tia Rosário nem as crianças estavam com seus fardamentos.— Não tem aula hoje?— Hoje tem aula, mas a mamãe vai faltar o trabalho pra te levar no médico e nós não vamos pra escola.Tia Rosário achou que seria inútil repreender Maurício depois que ele revelou o que aconteceria. Mais cedo ou mais tarde Alice saberia, e ela estava lidando com tudo isso muito bem. Seria perfeito se Rosário pudesse pagar uma consulta particular do que levar a criança até aquele hospício. Ela mesma só tinha visto o lugar de longe, e ainda assim sentia um calafrio ao pensar na estrutura. Para Al
Há cada rua que passavam em direção ao Hospital, Alice abaixava mais a cabeça e parecia mais reprimida.Tia Rosário permaneceu calada, e de vez em quando apertava a mão dela com mais força temendo que corresse ou que tentasse alguma força. Quando a estrutura feia e velha do hospital ficou completamente visível, Alice finalmente levantou os olhos, notando primeiro que não havia nenhuma casa por perto e nem mesmo um passarinho cantando.O lugar era tão grande que se tivesse torres poderia ser chamado de castelo, apesar de um castelo muito sombrio. As paredes eram enegrecidas e descascadas. A entrada tinham um portão alto impossível de escalar, como se realmente se tratasse uma prissão. O jardim que antecedia a porta de entrada era mal cuidado
Rosário acompanhou Alice até a porta.— Não minta, todos queremos ajudar. Diga apenas a... — Alice não esperou que ela terminasse ebateu.A sala era um lugar tão imundo quanto os outros locais do hospital que já tinha visto. Se perguntou intimamente se aquela seria a mesma sala em que Inês havia sido condenada a morte há tantos anos atrás. Ainda não podia acreditar que estava realmente ali, que poderia haver a possibilidade de ter um fim tão ruim ou pior o que de seus amigos do cemitério. Se sentou na cadeira e não encarou o médico do outro lado da mesa.— Alice?— É.
Tia Rosário conversou brevemente com o doutor enquanto Alice a esperava na recepção. A sobrinha estava tão animada e aliviada que a tia realmente pensou que teria uma boa notícia, o que só aumentou seu baque.— Então está tudo bem com ela, doutor?— Qual foi a reação dela ao sair da minha sala?— Ela parecia feliz.— Eu conversei um pouco com ela, mas ainda é muito cedo para dar um diagnóstico preciso.— Diagnóstico?— O fato dela achar que fala com os mortos está relacionado com o fato de querer fala