Leonardo
"Pronto papà" atendi o telefone assim que me afastei da sala, já reconhecendo o número italiano.
"Leonardo, che casino è questo?("Que bagunça é essa?)" a voz grave de Tomaso Martinucci soou do outro lado, misturando italiano e português como sempre fazia quando estava nervoso. "Que história é essa de sequestro? Em que confusão você se meteu?"
Passei a mão pelo rosto, tentando manter a calma. Era tudo que eu não precisava agora, meus pais se metendo nessa história.
"Non ti preoccupare (não se reocupe), papà. Está tudo sob controle."
"Sob controle?" ele riu sem humor. "Os jornais americanos estão falando q
AmberA manhã tinha sido divertida, quase me fazendo esquecer dos problemas que nos cercavam. Mas assim que entramos no laboratório e vi Peter Calton sentado na sala de espera, senti como se todo o ar tivesse sido sugado do ambiente.Louis apertou meu pescoço com mais força, escondendo o rosto em meus cabelos. Bella, nos braços de Leonardo, fez o mesmo. O silêncio das crianças era ensurdecedor, elas, que minutos antes tagarelavam no carro, agora estavam mudas de medo."Vem, vamos sentar aqui," Leonardo guiou-nos para o canto oposto da sala, enquanto Magnus e outros dois seguranças formavam uma barreira discreta entre nós e Peter."Mamãe..." Louis sussurrou tão baixo que mal pude ouvir. "Ele vai me leva embola?"
LeonardoO silêncio no carro era ensurdecedor. Pelo retrovisor, via os pequenos ainda assustados, e Amber... ela parecia ter construído um muro ao seu redor, os cabelos presos em um coque tão apertado que chegava a parecer doloroso."Louis," chamei suavemente quando chegamos ao hotel. O menino ergueu os olhos vermelhos para mim. "Vem cá, campeão."Assim que saímos do carro, o peguei no colo. Seu pequeno corpo ainda tremia."Sabe o que eu vi hoje?" falei, ajeitando-o em meus braços. "Vi um garotinho muito corajoso, que tentou defender a mãe dele.""Mas eu só cholei," ele fungou, escondendo o rosto em meu ombro."Ei," levantei seu queixo delicadam
LeonardoAssim que chegamos no hotel, tive que mandar que tanto Amber quanto as crianças saíssem escoltadas e cobertas pelos ternos dos seguranças. Uma leva de repórteres e paparazzis já nos esperavam."Foi igualzinho no desenho..." Bella falou rindo assim que entramos na suíte.""Somos cebelidades." Louis falou e todos acabaram rindo."Crianças, fiquem com as babás. Sua mãe e eu precisamos conversar." eles me olharam um pouco impactados pelo timbre mais firme da minha voz, mas não questionaram."Preciso que você venha comigo," falei assim que as babás as levaram para o quarto."Agora?""Agora." minha voz não deixava espaço para discussão. "Precisamos intervir antes que as palavras de Calton se tornem verdades abso
AmberFechei a porta do escritório com tanta força que meus dedos formigaram. A raiva e o medo se misturavam em meu estômago enquanto corria pelos corredores do hotel. Leonardo ia destruir tudo, me expor, nos colocar em risco. E para quê? Para provar que podia vencer Peter em seu próprio jogo? Que me c
LeonardoO estrondo da porta fez com que eu me soltasse na cadeira, esmurrando o apoio do braço.
LeonardoO sangue fugiu do meu rosto quando Magnus soltou a bomba. Mas foi só por um instante, antes de sentir a ira explodir dentro de mim, queimando como fogo. Era uma fúria que não sentia há anos, algo tão visceral que minhas mãos tremiam.
AmberA sala estava mergulhada num silêncio sufocante, quebrado apenas pelo som monótono da televisão. As imagens que passavam na tela pareciam zombar de mim, uma realidade que eu queria esquecer, mas que insistia em me encarar de frente. As manchetes rodavam em um ciclo infinito:“Leonardo Martinucci apresenta sua defesa”, “O CEO mantém postura impecável durante coletiva”.Deixei escapar um suspiro pesado, os olhos queimando enquanto o nó na garganta apertava. Caminhei até o controle remoto, que estava jogado no chão. Minhas mãos tremiam enquanto tentava juntar os pedaços do controle. Uma pilha aqui, outra ali, tentando fazer funcionar o que Leonardo tinha quebrado em sua fúria."Vamos, funciona," murmurei, apertando os botões que ainda restavam.
LeonardoMinha cabeça ainda latejava, os nós dos dedos pulsando em sincronia com a raiva que eu tentava domar. Subir de volta para a suíte era o último lugar onde queria estar, mas quando Magnus avisou que a manutenção havia sido chamada, imaginei o pior. Talvez Amber tivesse destruído tudo, dando continuidade ao caos que já tínhamos vivido. Parte de mim queria ficar no escritório, enterrado em reuniões e contratos. Mas outra, uma parte teimosa e incômoda, queria garantir que ela estivesse... bem.O elevador parecia se mover devagar demais, cada andar aumentando meu nervosismo. Quando finalmente a porta se abriu, o que vi me desarmou. Nada estava quebrado, nenhuma tempestade me aguardava. Apenas uma pequena mancha na parede, discreta, mas inconfundível: sangue que eu sabia já ter sido limpo por alguém e o papel rasgado, mas não insubstituível.Am