Leonardo
Observei Amber adormecendo, seu rosto finalmente relaxado depois de tanta tensão. Seus cabelos escuros espalhados pelo travesseiro me incomodavam, não combinavam com ela, não eram dela. Assim como aquela vida que Peter construiu não era dela. Como eu não percebi antes? Os sinais estavam todos ali.
Saí do quarto silenciosamente, encostando a porta com cuidado. O corredor do hospital estava quieto àquela hora, apenas o som ocasional de passos e monitores ecoando pelas paredes brancas. Me apoiei na parede, deixando escapar o ar que nem percebi que estava segurando.
Louis e Bella... meus filhos? A ideia fazia meu coração disparar de uma forma que eu não queria admitir. Suas risadas, seus olhares, até mesmo o jeito como Louis franzia a testa quando estava confuso, tudo parecia gritar uma verdade que eu estava com medo de encarar.
Puxei o celular do bolso, discando rapidamente
AmberAcordei lentamente, minha consciência flutuando entre o sono e a vigília. O quarto estava mergulhado em penumbra, exceto pela luz suave de um abajur que criava sombras dançantes nas paredes. Meus olhos pesados escanearam o ambiente até encontrarem a silhueta de Leonardo recortada contra a janela. Ele observava a cidade noturna, suas mãos nos bolsos, os ombros tensos sob o tecido fino da camisa.Tentei me mover, mas cada músculo do meu corpo protestou. O movimento fez o colchão ranger levemente, e ele se virou. Seu rosto estava tão sério, tão intenso, que senti um arrepio de apreensão percorrer minha espinha. Notei que minha mão estava mais enfaixada que antes, e um acesso com medicamentos serpenteava por meu braço.Leonardo se aproximou com passos deliberadamente lentos, sentando-se na beirada da cama. Seus olhos escuros me estudavam como se procurassem algo."
LeonardoObservei atentamente a mudança em seu olhar. O momento exato em que algo estalou em sua memória, fazendo seu corpo inteiro estremecer. A enfermeira se aproximou, preocupada, mas eu conhecia aquela expressão, não era febre que a deixava corada, era eu.
Amber"Um exame de DNA?" repeti suas palavras, sentindo meu coração apertar.
Leonardo"Vocês se parecem..." as palavras de Amber fizeram meu coração saltar. Era a primeira vez que ela verbalizava o que todos pareciam notar. Louis se virou em meus braços, suas sobrancelhas franzidas exatamente como as minhas quando estou confuso.
AmberOs gêmeos finalmente adormeceram, suas respirações suaves o único som no quarto, após eu desligar o desenho que eles tanto adoravam. Me levantei devagar, sentindo necessidade de agradecer a Leonardo por tudo que estava fazendo por nós.O encontrei na sacada, debruçado sobre o parapeito com um copo na mão. Hesitei na porta, mas ele se virou antes que eu pudesse falar."Vem aqui, B," sua voz rouca me chamou. "Sei que está aí."Me aproximei timidamente. "Como?""Não sei, mas sempre sei," ele respondeu simplesmente. "Como estão as crianças?""Dormiram," murmurei, observando seu perfil contra o céu estrelado. "Acho que o dia movimentado as cansaram. Se bem que Magnus está de parabéns. Eles adoraram todas as brincadeiras que ele propôs e já querem saber quando vão brincar com o tio Magnus de novo.""Magnus
AmberMe afastei de Leonardo bruscamente ao ver Louis parado na porta da sacada, seu dinossauro verde arrastando pelo rabo enquanto ele nos observava com curiosidade infantil."Meu amor," corri até ele, tomando-o nos braços. "Não é nada do que você viu. O tio Léo só estava... tirando algo do meu rosto.""Com a boca?" seus olhinhos astutos me encararam, e senti minhas faces queimarem.A risada grave de Leonardo ecoou atrás de mim. Ele se aproximou, braços estendidos, e Louis praticamente pulou em sua direção. "Não era nada, campeão. Mas o que você faz acordado tão tarde?""Tive um pesadelo," ele se aconchegou nos braços de Leonardo. "Vocês
LeonardoO sono não vinha. Como poderia, com as palavras dela sobre o porão ecoando em minha mente? Observei Amber e as crianças dormindo pacificamente, tentando controlar a fúria que crescia em meu peito cada vez que imaginava o que aquele desgraçado tinha feito com eles."Que merda de punição é essa?" sussurrei no escuro, meus olhos fixos no teto como se pudesse encontrar respostas nas sombras. "Por que eles?"A pergunta pairou no ar sem resposta. Não era eu quem merecia sofrer? Como pude deixar isso acontecer? Três anos. Três malditos anos eles estavam à mercê daquele monstro enquanto eu vivia minha vida, alheio a tudo.As peças do quebra-cabeça agora pareciam tão óbvias que me faziam sentir um idiota. O desaparecimento repentino de Amber, o acidente suspeit
PeterO uísque no copo balançava suavemente enquanto eu observava a cidade através da janela panorâmica de meu escritório. Colorado Springs se estendia aos meus pés, como deveria ser. Controle. Era tudo questão de controle.
Último capítulo