Amber
As ligações começaram no meio do caminho. O celular vibrava insistentemente no banco do passageiro, a tela brilhando com o nome de Leonardo.
Ele sabia.
Meu coração se apertou, e a culpa se enroscou na minha garganta como um nó sufocante. Eu queria atender, queria ouvir sua voz, mas sabia o que aconteceria se fizesse isso. Ele me impediria. Mobilizaria todas as forças possíveis para me encontrar, e Uria… Ela simplesmente desapareceria com Bella para sempre.
Respirei fundo, os dedos trêmulos deslizando pela tela antes de rejeitar a chamada. A dor daquele simples gesto foi insuportável. Logo depois, outra ligação veio. E outra. Cada vez que eu recusava, sentia como se estivesse cortando um pedaço de mim mesma.
"Me desculpa, Leo…" murmurei, a voz em
AmberO frio que percorreu minha espinha foi paralisante. Meus braços apertavam Bella contra o peito, sentindo seu corpinho tremer de medo, seu choro abafado contra meu pescoço. O coração dela martelava em sintonia com o meu. Eu queria acalmá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas como eu poderia prometer isso se nem eu sabia o que estava prestes a acontecer?Os olhos de Martina brilhavam com um prazer cruel, enquanto um sorriso vitorioso se espalhava por seu rosto. Mas o que fez minha respiração falhar foi a figura que surgiu ao lado dela.Uria.Não!A mulher diante de mim não era a mesma que apareceu na minha casa há um mês e meio atrás, implorando para fazer
AmberO ar no ambiente parecia pesado, denso, como se a pressão ao meu redor aumentasse a cada segundo. Martina estava furiosa, sua respiração era irregular, os olhos carregados de ódio, enquanto Uria permanecia impassível, observando tudo com a serenidade de quem já previa cada detalhe daquela cena."Você precisa se acalmar, querida," Uria disse para Martina, mas sem desviar os olhos de mim. Seu tom era baixo, controlado, quase... divertido. "Afinal, uma pessoa morta não pode ser casada com ninguém."Meu corpo travou.Meu sangue gelou instantaneamente."O que você disse?" Minha voz saiu trêmula, meu coração martelando contra as costelas. "Você... você tá dizendo que quer me matar?"Uria inclinou a cabeça, como se estivesse analisando a reação que suas palavras provo
GabrielaO quarto ainda estava escuro quando abri os olhos, sentindo a preguiça percorrer meus músculos. Tinha dormido tarde na noite anterior, enrolada no sofá com Monalisa, fazendo uma maratona de filmes. Era a primeira noite em semanas que consegui relaxar, mesmo que apenas por algumas horas. Mas agora, a sensação era diferente. Um aperto estranho no peito, como se algo estivesse fora do lugar.Virei para o lado, tateando a mesa de cabeceira até encontrar meu celular. Apertei o botão, ligando-o, e a tela brilhou. Algumas notificações surgiram imediatamente, mas foi a última mensagem recebida que fez meu coração parar.Amber:
LeonardoO relógio na parede marcava o tempo com uma lentidão torturante. Cada segundo era um peso no meu peito, cada batida do ponteiro parecia um soco direto no meu coração. Bella e Amber estavam desaparecidas.O celular de Amber ainda estava desligado.Cada tentativa de ligação terminava em silêncio absoluto, e o medo consumia cada parte de mim. Eu já havia quebrado um copo contra a parede, já havia gritado com os seguranças, já havia percorrido a mansão de um lado para o outro, mas nada—nada—conseguia aliviar a sensação de que eu estava prestes a perder tudo.Eu não conseguia respirar direito. O desespero estava me sufocando.
MartinaO sangue latejava em minha cabeça.Não era para acontecer daquela forma.Não era para eles terem achado aquela vadia.Não era para Leonardo me ver assim.O choque reverberava pelo meu corpo enquanto eu observava a cena diante de mim. Amber caída no chão, ofegante, segurando o estômago como se lutasse contra a própria vida. A pirralha encostada contra a parede, os olhos arregalados, chorando. Minha tia—Amélia, Uria—sangrando no chão, o rosto contorcido em dor.Isso não estava nos meus planos.Eles não deviam estar aqui.
LeonardoO interior da ambulância era um caos. O som dos equipamentos médicos, os paramédicos gritando códigos e instruções, o bip contínuo dos monitores—tudo parecia se misturar em um turbilhão de sons que zuniam na minha cabeça, mas nada me atingia tanto quanto o sangue.O sangue de Amber.Ele estava por toda parte. Nas luvas dos paramédicos, nos lençóis da maca, escorrendo de sua boca entreaberta enquanto sua respiração enfraquecia."FAÇAM ALGUMA COISA!" minha voz saiu mais alta do que pretendia, quase um grito de desespero.Um dos paramédicos, um homem de meia-idade com expressão concentrada, tentou me acalmar sem
LeonardoO relógio na parede avançava lentamente, cada segundo marcado pelo som irritante do ponteiro. Eu estava sentado na recepção do hospital há horas, mas parecia uma eternidade. O silêncio ao meu redor era cortante, sufocante, como se o próprio tempo estivesse contra mim.Magnus estava ao meu lado, o olhar fixo no chão, o maxilar travado. Ele não falava nada, mas eu sabia que ele estava tão consumido pela tensão quanto eu.Minha perna balançava sem parar, a impaciência corroendo cada célula do meu corpo. Não havia nenhuma notícia. Nenhum médico, nenhuma atualização. Nada.Então, a porta da recepção se abriu, e meus pais entrara
LeonardoO peso das últimas palavras do médico ainda me esmagava quando ele limpou a garganta e perguntou:"Senhor Martinucci, deseja ver suas filhas?"Minha boca ficou seca. Meus pulmões pareciam ter sido esvaziados de todo o ar. Eu não conseguia falar, apenas assenti.Minhas filhas.Francesca. Sophie.Tão pequenas, tão frágeis.Me despedi dos meus pais com um olhar cansado e segui o médico pelo corredor. A cada passo, meu peito apertava mais. O medo rastejava pelo meu corpo como um veneno silencioso, me deixando mais pesado, mais tenso.