Gabriela
O quarto ainda estava escuro quando abri os olhos, sentindo a preguiça percorrer meus músculos. Tinha dormido tarde na noite anterior, enrolada no sofá com Monalisa, fazendo uma maratona de filmes. Era a primeira noite em semanas que consegui relaxar, mesmo que apenas por algumas horas. Mas agora, a sensação era diferente. Um aperto estranho no peito, como se algo estivesse fora do lugar.
Virei para o lado, tateando a mesa de cabeceira até encontrar meu celular. Apertei o botão, ligando-o, e a tela brilhou. Algumas notificações surgiram imediatamente, mas foi a última mensagem recebida que fez meu coração parar.
Amber:
LeonardoO relógio na parede marcava o tempo com uma lentidão torturante. Cada segundo era um peso no meu peito, cada batida do ponteiro parecia um soco direto no meu coração. Bella e Amber estavam desaparecidas.O celular de Amber ainda estava desligado.Cada tentativa de ligação terminava em silêncio absoluto, e o medo consumia cada parte de mim. Eu já havia quebrado um copo contra a parede, já havia gritado com os seguranças, já havia percorrido a mansão de um lado para o outro, mas nada—nada—conseguia aliviar a sensação de que eu estava prestes a perder tudo.Eu não conseguia respirar direito. O desespero estava me sufocando.
MartinaO sangue latejava em minha cabeça.Não era para acontecer daquela forma.Não era para eles terem achado aquela vadia.Não era para Leonardo me ver assim.O choque reverberava pelo meu corpo enquanto eu observava a cena diante de mim. Amber caída no chão, ofegante, segurando o estômago como se lutasse contra a própria vida. A pirralha encostada contra a parede, os olhos arregalados, chorando. Minha tia—Amélia, Uria—sangrando no chão, o rosto contorcido em dor.Isso não estava nos meus planos.Eles não deviam estar aqui.
LeonardoO interior da ambulância era um caos. O som dos equipamentos médicos, os paramédicos gritando códigos e instruções, o bip contínuo dos monitores—tudo parecia se misturar em um turbilhão de sons que zuniam na minha cabeça, mas nada me atingia tanto quanto o sangue.O sangue de Amber.Ele estava por toda parte. Nas luvas dos paramédicos, nos lençóis da maca, escorrendo de sua boca entreaberta enquanto sua respiração enfraquecia."FAÇAM ALGUMA COISA!" minha voz saiu mais alta do que pretendia, quase um grito de desespero.Um dos paramédicos, um homem de meia-idade com expressão concentrada, tentou me acalmar sem
LeonardoO relógio na parede avançava lentamente, cada segundo marcado pelo som irritante do ponteiro. Eu estava sentado na recepção do hospital há horas, mas parecia uma eternidade. O silêncio ao meu redor era cortante, sufocante, como se o próprio tempo estivesse contra mim.Magnus estava ao meu lado, o olhar fixo no chão, o maxilar travado. Ele não falava nada, mas eu sabia que ele estava tão consumido pela tensão quanto eu.Minha perna balançava sem parar, a impaciência corroendo cada célula do meu corpo. Não havia nenhuma notícia. Nenhum médico, nenhuma atualização. Nada.Então, a porta da recepção se abriu, e meus pais entrara
LeonardoO peso das últimas palavras do médico ainda me esmagava quando ele limpou a garganta e perguntou:"Senhor Martinucci, deseja ver suas filhas?"Minha boca ficou seca. Meus pulmões pareciam ter sido esvaziados de todo o ar. Eu não conseguia falar, apenas assenti.Minhas filhas.Francesca. Sophie.Tão pequenas, tão frágeis.Me despedi dos meus pais com um olhar cansado e segui o médico pelo corredor. A cada passo, meu peito apertava mais. O medo rastejava pelo meu corpo como um veneno silencioso, me deixando mais pesado, mais tenso.
LeonardoO mundo escureceu.Minha mente simplesmente parou quando ouvi aquelas palavras. Tudo ao meu redor desapareceu, e a única coisa que ficou foi aquela frase do médico martelando em meus ouvidos."Sinto muito."Meu peito explodiu em desespero. Minhas pernas fraquejaram, minha garganta queimava, minha respiração estava tão errática que meus pulmões pareciam prestes a ceder.Não.Deus, não.Não pode ser.Meus olhos estavam fixos no médico, mas eu não enxergava nada além do vazio. Tud
MagnusO silêncio do hospital era sufocante. O peso dos últimos acontecimentos me esmagava, como se estivesse carregando o fardo de tudo que deu errado. O desespero de Leonardo, o sofrimento de Amber, a fragilidade daquelas duas pequenas vidas que haviam chegado ao mundo tão cedo. Tudo isso se acumulava no meu peito, tornando cada respiração pesada.Eu precisava de um momento longe de tudo isso. De uma voz que não estivesse carregada de pânico, de medo, de culpa.Peguei o celular no bolso e procurei pelo único nome que poderia me trazer algum tipo de conforto.Gabriela.Minhas mãos estavam trêmulas quando apertei o botão para ligar.
LeonardoO hospital já não me parecia tão frio quanto antes. Depois de três semanas, eu havia me acostumado ao som das máquinas, ao cheiro de álcool e à sensação sufocante de estar sempre esperando. Mas ainda assim, cada passo que eu dava em direção ao quarto de Amber fazia meu coração pesar no peito.Acabei de visitar as meninas. Francesca e Sophie estavam se tornando cada dia mais fortes, lutando como pequenas guerreiras. Mas Amber…Ela ainda não tinha voltado para mim.Entrei no quarto em silêncio, como fazia todos os dias. O quarto estava na penumbra, o único som era o bip constante do monitor cardíaco. O corpo frágil de Amber ainda estava ligado a fios, tubos, máquinas que a mantinham estável.