Amber
O quarto minúsculo do hotel de beira de estrada era nossa nova realidade. Observei Bella e Louis explorando o espaço com olhares confusos, suas pequenas testas franzidas enquanto tentavam entender nossa mudança repentina da mansão luxuosa para este cubículo com papel de parede descascando.
LeonardoA chuva castigava impiedosamente quando o carro parou em frente ao hotel decadente. Minha irritação, que já estava no limite desde as afirmações de Lucius, apenas aumentou ao ver a fachada descascada do estabelecimento. As luzes piscavam irregularmente, como se até mesmo a eletricidade hesitasse em permanecer naquele lugar."Tem certeza de que é aqui?" Questionei Lucius através da janela do carro, já encharcado pela chuva torrencial."Sim, senhor. Foi o que ela pôde pagar com o dinheiro que tinha." Ele respondeu, evitando meu olhar furioso. "Sugeri levá-la para um lugar melhor, mas ela...""Deveria tê-la levado para meu hotel, mesmo contra a vontade dela." Cortei-o, passando a mão pelo cabelo molhado."Com todo respeito, senhor, a senhora Amber é... determinada." Lucius escolheu as palavras com cuidado. "Especialmente depois do incidente com a s
LeonardoObservei Amber se afastar, processando minhas palavras sobre Peter. A luz da vela dançava em seu rosto, criando sombras que acentuavam sua expressão confusa. Quando ela se virou novamente para mim, seus olhos buscavam respostas.
AmberO grito assustado de Louis cortou a noite como uma lâmina. Em meu sobressalto, rolei para fora da cama, minha mão machucada batendo no chão seguida por minha cabeça no criado-mudo. A dor explodiu em ambos os lugares, "Ahhhh que merda..." gemi baixo,mas o instinto maternal foi mais forte. Em segundos estava de pé, ignorando a tontura, tomando meu pequeno nos braços.Um trovão estrondoso sacudiu as janelas do hotel, fazendo Louis se encolher contra meu peito, seus soluços partindo meu coração. Girei pelo quarto, balançando-o suavemente, tentando acalmá-lo. Foi então que notei a ausência de Leonardo. Teria sido tudo um sonho?"Shh shh meu pequeno. Está tudo bem, eu estou aqui." falei tentando acalmá-lo, ainda incomodada. Eu não me lembrava de ter ido para a cama.Como se respondendo minha dúvida silenciosa, ele surgiu na por
LeonardoPequenos dedos curiosos exploravam meu rosto e abdômen, me arrancando do sono profundo. Abri os olhos lentamente, encontrando dois pares de olhos brilhantes me estudando com interesse infantil.
AmberMe levantei da cama, tentando ignorar a tontura que fez o quarto girar. Segurei-me na cabeceira, esperando que a sensação passasse, mas Leonardo já estava ao meu lado, suas mãos grandes segurando meu rosto."Ei, você está bem? O que você está sentindo?" sua voz carregava uma preocupação que me desconcertou."Nada demais," tentei me esquivar. "Só uma tontura. Noite mal dormida, você sabe..."“Deixe-me ver sua mão," ignorou minha desculpa, segurando meu pulso delicadamente. "Está mais inchada que ontem. Vou chamar um médico.""Não precisa, eu...""Não é uma sugestão, Amber," seu tom era firme, mas gentil. "Você não está cuidando dela de maneira adequada. Se isso infeccionar, pode ser ainda pior do que a dor que sente agora.""Puf, bobagem. Eu sei me cuidar." falei apoiando minh
LeonardoA passos rápidos saí do hotel e entrei no carro, meu peito queimando com a necessidade de resolver a situação com Martina. Eu a suportei por tempo demais, e não podia mais adiar isso. Mal tinha saído do estacionamento quando meu celular começou a tocar insistentemente."Senhor..." a voz de Lucius estava tensa como nunca ouvi antes. "Valéria está fazendo as malas. Ela disse que não suporta mais a senhorita Martina e vai embora.""Como é que é?" freei bruscamente, fazendo os pneus cantarem no asfalto. "Que história é essa de ir embora?""A senhorita Martina..." ele hesitou. "Ela destruiu metade da casa em um acesso de fúria. Quebrou tudo, senhor. Valéria disse que não vai esperar até virar o próximo alvo dela.""Aquela maluca..." murmurei entre dentes, girando o volante com tanta força que Magnus agarrou
LeonardoO celular vibrou em minhas mãos, mas desliguei a chamada, mantendo meus olhos fixos em Martina. Em um movimento rápido, ela bateu em minha mão, fazendo o aparelho voar longe."São seus filhos, não são?" sua voz tremia de fúria. "Aqueles bastardos são seus!"O ofegar surpreso de Valéria e Lucius preencheu o silêncio tenso. Naquele momento, algo clicou em minha mente, e se eles fossem meus? E se ela já estivesse grávida quando? A incredulidade se abateu sobre mim, mas Martina não podia saber disso. Para protegê-los, eu precisava negá-los."Não, Martina," mantive minha voz firme, ignorando como cada palavra rasgava minha garganta. "Infelizmente, não são meus filhos. Embora eu adoraria que fossem.""Mentiroso!" ela começou a esmurrar meu peito. "Eu posso te dar filhos, Leonardo. Eu posso..."Segurei seus pul
LeonardoObservei Amber adormecendo, seu rosto finalmente relaxado depois de tanta tensão. Seus cabelos escuros espalhados pelo travesseiro me incomodavam, não combinavam com ela, não eram dela. Assim como aquela vida que Peter construiu não era dela. Como eu não percebi antes? Os sinais estavam todos ali.Saí do quarto silenciosamente, encostando a porta com cuidado. O corredor do hospital estava quieto àquela hora, apenas o som ocasional de passos e monitores ecoando pelas paredes brancas. Me apoiei na parede, deixando escapar o ar que nem percebi que estava segurando.Louis e Bella... meus filhos? A ideia fazia meu coração disparar de uma forma que eu não queria admitir. Suas risadas, seus olhares, até mesmo o jeito como Louis franzia a testa quando estava confuso, tudo parecia gritar uma verdade que eu estava com medo de encarar.Puxei o celular do bolso, discando rapidamente