Peter
A dor era insuportável. Cada respiração fazia minhas costelas latejarem, como se estivessem sendo esmagadas por dentro. Meus pulsos ardiam contra as cordas apertadas que prendiam meus braços para trás, e minhas pernas estavam igualmente amarradas, dificultando qualquer tentativa de movimento. O chão frio e úmido do porão onde fui jogado parecia sugar qualquer resquício de dignidade que ainda me restava.
Minha mente gritava que aquilo não podia estar acontecendo. Eu fui reduzido a um prisioneiro amarrado como um animal, sem saber se veria a luz do dia novamente.
Acima de mim, passos pesados ecoaram pelas tábuas do assoalho. O desgraçado que me mantinha refém estava lá em cima, provavelmente se embebedando ou, pior, planejando qual seria meu destino. Eu sabia que Martina tinha algo a ver com isso. Depois de tudo que fizemos juntos, ela não hesitaria em me
LeonardoO quarto estava silencioso, apenas o som suave da respiração de Amber preenchia o espaço. A luz da manhã começava a entrar pela fresta das cortinas, pintando o ambiente com tons dourados. Olhei para ela uma última vez antes de me levantar devagar, tentando não fazer nenhum movimento brusco que pudesse acordá-la. Ela tinha dormido tão pouco nas últimas noites que eu não queria perturbá-la agora.Passei uma mão pelo cabelo, sentindo a tensão se acumular em meus músculos. Eu sabia que o que estava prestes a fazer não seria algo que Amber aprovaria. Mas eu também sabia que não poderia envolvê-la nisso. Não quando havia tanto em risco.Peguei meu celular e um blusão de frio e saí do quarto em silêncio absoluto, fechando a porta com o máximo de cuidado. Assim que comecei a descer as escadas, a te
GabrielaO vento frio de Missoula acariciava meu rosto enquanto eu caminhava pela calçada movimentada. O cheiro de café fresco misturado ao de pão recém-saído do forno flutuava no ar, um convite para esquecer, nem que fosse por alguns minutos, a inquietação que me acompanhava nos últimos dias.Mas eu não conseguia ignorá-la.Desde que voltei para casa, sentia algo diferente.Uma presença.Sempre que saía, umcarro pretoparecia surgir de algum lugar—estacionado do outro lado da rua, movendo-se devagar pelo bairro, aparecendo nos retrovisores toda vez que eu dirigia.Talvez fosse paranoia. Ou talvez não.Engoli seco e olhei discretamente para o outro lado da rua.Ele estava lá de novo.Meu coração deu um salto. A respiração ficou um pouco
GabrielaAgarrei o telefone com mais força ao perceber que o carro preto não se movia. O vidro escuro impossibilitava que eu enxergasse quem estava dentro, mas a sensação de estar sendo observada se intensificava a cada segundo. Magnus continuava do outro lado da linha, sua respiração controlada, mas eu podia sentir a tensão no seu tom."Magnus... ele não saiu dali. Está me esperando.""Fique dentro do café. Meu contato chega em menos de cinco minutos. Não faça nada imprudente."Engoli em seco, meus olhos ainda fixos no carro. Meu coração acelerava a cada batida, e a lógica me dizia para fazer exatamente o que Magnus mandava. Mas então, a porta do veículo se abriu.E de dentro dele saiuDylan.O choque percorreu minha espinha como um raio, meus músculos s
MagnusEu tentava focar no relatório à minha frente. De verdade. Mas meu cérebro insistia em fazer a mesma coisa que eu vinha tentando evitar o dia inteiro: pensar em Dylan.Mais especificamente, Dylan perto de Gabriela.Eu sabia que não deveria me importar. Ela era uma mulher adulta, sabia o que estava fazendo. Mas toda vez que imaginava aquele babaca rondando ela, com aquele sorrisinho de "não superei o passado, mas agora sou um homem melhor", me dava uma vontade absurda de pegar o primeiro voo para Missoula e arrancar aquela cara de otário dele. Isso porque eu nem o conhecia, mas meu cérebro já tinha projetado tudo a partir da foto que eu vira dele no sistema, quando puxei a placa do carro.Meu celular jazia sobre a mesa, e eu só não o peguei de novo porque já era a quinta vez em dez minutos. Gabriela não tinha mandado nenhuma m
AmberAcordei sobrresaltada, e logo olhei para o lado esperando ver Leonardo e ter certeza que ele tinha cumprido sua promessa, mas novamente eu acordei sozinha."Ah, mas hoje não!" Joguei a coberta de lado e corri para o banheiro para me arrumar. Puxei o roupão do cabide e me envolvi nele, enfiando as pantufas no pé."Por que você sempre faz isso, Martinucci." bufei.Saí do quarto transtornada, indo diretamente para onde eu tinha certeza que ele e Magnus estariam. Minha irritação crescia a cada passo. Leonardo havia feitoa reunião sem mim.Parei diante da porta do escritório dele, inspirei fundo e a empurrei sem bater."Novamente você esqueceu de me acordar ou isso foi proposital?"Leonardo estava sentado à sua mesa, analisando alguns documentos, e ergueu os olhos lentamente, com uma calma irritante.Ele nem se abalou.
Leonardo2 dias depoisO ambiente ao meu redor exalava perigo, mesmo que tudo parecesse perfeitamente calculado. Eu sabia que esse encontro não seria simples, mas a sensação de estar pisando em território inimigo nunca deixava de me incomodar.O salão onde Martina me esperava era amplo, luxuoso, mas sufocante. O tipo de lugar onde cada detalhe parecia pensado para intimidar.Minhas mãos estavam relaxadas ao lado do corpo, mas eu estava pronto para agir se necessário. Sob a pele, sentia a leve pressão doimplante de rastreamento, um seguro extra caso a situação saísse do controle. Ocolete à prova de balas, discreto sob o terno, me dava a segurança de que, se alguém decidisse ser estúpido, eu pelo menos teria tempo para revidar.Mas nada disso impedia a irritação crescente que queimava den
LeonardoO ar ao meu redor parecia ter ficado mais pesado. Eu ainda sentia a raiva vibrando no meu peito, como um animal enjaulado pronto para atacar. Mas quando Martinaarqueou uma sobrancelha e sorriu com malícia, senti que o pior ainda estava por vir."Felipe te contou sobre o meu plano…" Ela inclinou a cabeça. "Mas será que ele também te contou que nós éramos amantes naquela época?"Minha respiração parou por um segundo.O choque me atingiu como um golpe no estômago.Felipe?Minha mente se recusava a processar a informação."Não minta, Martina." Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas carregada de fúria.Ela riu suavemente, caminhando devagar até o aparador de bebidas."Ah, querido, não estou brincando." Ela pegou uma garrafa e começou a servir u
LeonardoA tensão no ar era sufocante. Meu olhar estava cravado em Martina, tentando decifrarcada palavra não dita, cada movimento discreto, cada maldita intenção oculta.Eu queria acreditar que tudo aquilo era apenas mais um jogo dela, que era apenas sua forma doentia de tentar me manter sob seu controle. Mas uma voz persistente no fundo da minha mentegritavaque eu havia cometido um erro.E se ela me atraiu até aqui apenas para me afastar da minha família?Senti um frio na espinha, minha mente trabalhando em um milhão de possibilidades ao mesmo tempo.E se eu tivesse caído na armadilha dela como um completo idiota?Ela sorriu, os olhos cheios de diversão ao perceber minha hesitação."O que foi, Léo? Finalmente percebeu que veio direto para a jaula da leoa?"Mi