Magnus
Eu tentava focar no relatório à minha frente. De verdade. Mas meu cérebro insistia em fazer a mesma coisa que eu vinha tentando evitar o dia inteiro: pensar em Dylan.
Mais especificamente, Dylan perto de Gabriela.
Eu sabia que não deveria me importar. Ela era uma mulher adulta, sabia o que estava fazendo. Mas toda vez que imaginava aquele babaca rondando ela, com aquele sorrisinho de "não superei o passado, mas agora sou um homem melhor", me dava uma vontade absurda de pegar o primeiro voo para Missoula e arrancar aquela cara de otário dele. Isso porque eu nem o conhecia, mas meu cérebro já tinha projetado tudo a partir da foto que eu vira dele no sistema, quando puxei a placa do carro.
Meu celular jazia sobre a mesa, e eu só não o peguei de novo porque já era a quinta vez em dez minutos. Gabriela não tinha mandado nenhuma m
AmberAcordei sobrresaltada, e logo olhei para o lado esperando ver Leonardo e ter certeza que ele tinha cumprido sua promessa, mas novamente eu acordei sozinha."Ah, mas hoje não!" Joguei a coberta de lado e corri para o banheiro para me arrumar. Puxei o roupão do cabide e me envolvi nele, enfiando as pantufas no pé."Por que você sempre faz isso, Martinucci." bufei.Saí do quarto transtornada, indo diretamente para onde eu tinha certeza que ele e Magnus estariam. Minha irritação crescia a cada passo. Leonardo havia feitoa reunião sem mim.Parei diante da porta do escritório dele, inspirei fundo e a empurrei sem bater."Novamente você esqueceu de me acordar ou isso foi proposital?"Leonardo estava sentado à sua mesa, analisando alguns documentos, e ergueu os olhos lentamente, com uma calma irritante.Ele nem se abalou.
Leonardo2 dias depoisO ambiente ao meu redor exalava perigo, mesmo que tudo parecesse perfeitamente calculado. Eu sabia que esse encontro não seria simples, mas a sensação de estar pisando em território inimigo nunca deixava de me incomodar.O salão onde Martina me esperava era amplo, luxuoso, mas sufocante. O tipo de lugar onde cada detalhe parecia pensado para intimidar.Minhas mãos estavam relaxadas ao lado do corpo, mas eu estava pronto para agir se necessário. Sob a pele, sentia a leve pressão doimplante de rastreamento, um seguro extra caso a situação saísse do controle. Ocolete à prova de balas, discreto sob o terno, me dava a segurança de que, se alguém decidisse ser estúpido, eu pelo menos teria tempo para revidar.Mas nada disso impedia a irritação crescente que queimava den
LeonardoO ar ao meu redor parecia ter ficado mais pesado. Eu ainda sentia a raiva vibrando no meu peito, como um animal enjaulado pronto para atacar. Mas quando Martinaarqueou uma sobrancelha e sorriu com malícia, senti que o pior ainda estava por vir."Felipe te contou sobre o meu plano…" Ela inclinou a cabeça. "Mas será que ele também te contou que nós éramos amantes naquela época?"Minha respiração parou por um segundo.O choque me atingiu como um golpe no estômago.Felipe?Minha mente se recusava a processar a informação."Não minta, Martina." Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas carregada de fúria.Ela riu suavemente, caminhando devagar até o aparador de bebidas."Ah, querido, não estou brincando." Ela pegou uma garrafa e começou a servir u
"Positivo."Meus joelhos quase cederam quando vi as duas linhas rosas. Eu estava grávida. Leonardo e eu íamos ter um bebê. Por um momento, a felicidade tomou conta de mim. Imaginei o sorriso dele ao ouvir a notícia, o abraço quente que ele me daria, e como tudo finalmente faria sentido. Nós não precisaríamos mais esconder nosso relacionamento. Estávamos construindo uma família.Respirei fundo e voltei à minha mesa, tentando disfarçar o turbilhão de emoções. Ninguém na MGroup sabia do nosso romance, e era melhor assim. Se alguém descobrisse, com certeza pensariam que o meu cargo de Diretora de Segurança Cibernética era por causa dele, e não por minhas habilidades.Sentei-me e liguei o computador. Precisava pensar em uma maneira especial de contar a notícia. Algo que fosse a nossa cara. Leonardo e eu sempre adoramos jogos e enigmas tecnológicos, então imaginei esconder a mensagem em um código, algo que ele teria que desvendar."Você vai adorar essa surpresa, Léo", murmurei com um sorris
LeonardoAs mensagens recusadas e as insistentes tentativas de Amber, estavam me fazendo falhar e aquilo era intolerável para mim. "Se precisar de um minuto, senhor Martinucci." o Ceo do Grupo Taurus falou."Não, estou apenas com um problema..." não tive tempo de terminar.A porta da minha sala se abriu com violência, interrompendo minha videochamada com os diretores do Grupo Taurus. Por um momento, pensei que tivesse enlouquecido, aquela não podia ser a Amber, minha sempre controlada e profissional diretora. Mas era ela, seus cabelos ruivos emoldurando um rosto que eu nunca tinha visto tão transtornado."Que merda você está fazendo? Saia já daqui. Eu disse que falaria com você depois." Pausei a chamada e me ergui. As palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas estava no meio de uma negociação crucial."Eu preciso falar com você, senhor!" Sua voz tremeu ligeiramente, e aquilo me desarmou por um segundo. Em doze meses de relacionamento, eu nunca a tinha visto vacilar."Seguran
LeonardoNaquela manhã chuvosa, eu tinha certeza de que algo estava prestes a mudar. Meu instinto para problemas era muito aguçado, e desde o momento que Amber saiu do meu hotel, eu pude sentir que tinha acabado de tomar uma péssima decisão."Quando eles irão chegar?" Olhei para minha secretária que continuava a trocar mensagens com alguém do grupo Delux. "Eles já me fizeram aguardar mais do que o necessário, Sra. Torres. Se não houver resposta em 2 minutos, estamos indo embora.""Claro, senhor."Me afastei, deixando que ela tentasse resolver aquele problema. Puxei novamente meu celular do bolso e entrei nas mensagens trocadas com Amber. Não havia nenhuma nova visualização desde ontem, quando saiu do meu hotel."Senhor, eles chegaram."O salão estava impecável para aquela reunião. A mesa de guloseimas já disposta, o ar na temperatura que eu gostava, e os locais com todos os papéis necessários para a apresentação. Se tudo desse certo, eu fecharia um dos maiores contratos de entretenime
AmberA primeira coisa que senti foi dor. Uma dor lancinante que parecia partir minha cabeça ao meio. Tentei abrir os olhos, mas as pálpebras pesavam como chumbo. Um bipe constante ecoava ao meu lado, ritmado com as batidas do meu coração."Ela está acordando," uma voz feminina soou distante. "Chame o doutor Hans."Forcei novamente meus olhos, conseguindo abri-los dessa vez. A luz branca e forte me fez fechá-los imediatamente. Tentei erguer a mão para proteger meu rosto, mas algo me impedia. Senti o puxão de agulhas e tubos em meu braço."Calma, querida. Não se mexa muito," a mesma voz, agora mais próxima. "Você está no hospital."Hospital? Por quê? Tentei falar, mas minha garganta estava seca demais. Um gemido rouco foi tudo que consegui emitir."Aqui, tome um pouco de água." Um canudo tocou meus lábios e bebi devagar, sentindo o líquido gelado aliviar o desconforto. Abri os olhos novamente, dessa vez mais preparada para a claridade.Uma enfermeira de meia idade sorria gentilmente pa
Peter"Ela acordou, senhor Calton." A voz no telefone era baixa, discreta. "Ainda está confusa, como previsto."Desliguei o celular e olhei para os documentos espalhados em minha mesa. Três dias. Foram necessários apenas três dias para criar uma vida inteira para Amber Kane - certidão de nascimento, histórico escolar, fotos de família cuidadosamente manipuladas.A tecnologia pode fazer milagres nas mãos certas."Tudo pronto?" perguntei ao homem sentado à minha frente."Sim, Calton. Os registros médicos foram alterados. Segundo o sistema, ela deu entrada sem documentos. Todo o incidente foi apagado.""E quanto à investigação do acidente?""Sob controle. A placa era falsa, como ordenado. Sem câmeras funcionando no local. Sem testemunhas dispostas a falar." Ele hesitou. "Mas...""Mas?""Não conseguimos apagar as câmeras do hotel. Por mais que tentássemos, a segurança continua inviolável. E Martinucci viu a ambulância partir."Meus dedos tamborilaram na mesa. Leonardo. Claro que ele estar