Leonardo
O trajeto do aeroporto até a casa da família Martinucci foi silencioso. No banco ao meu lado, Magnus revisava mensagens no celular, o cenho franzido como sempre quando algo o incomodava. Eu também estava afundado em pensamentos, segurando o volante com mais força do que deveria. Cada quilômetro percorrido só fazia minha raiva crescer.
Peter estava livre.
A simples ideia de que ele conseguira escapar, mesmo depois de termos feito de tudo para colocá-lo atrás das grades, era insuportável. Como um rato que escapa pelas frestas, ele se mostrava mais escorregadio do que jamais imaginei. O pior era saber que ele não agia sozinho. Sempre havia alguém puxando as cordas nos bastidores.
"Já está sendo considerado oficialmente um foragido?" perguntei, mantendo os olhos na estrada.
"Sim," Hobbins respondeu do outro lado da linha. "A políci
AmberO dia inteiro passei sentindo como se estivesse invisível para Leonardo. Ele estava trancado no escritório desde o momento em que chegamos, falando ao telefone, dando ordens e ignorando completamente todos ao redor. Eu entendia que ele carregava um fardo enorme, que fazia tudo isso para nos proteger. Mas entender não tornava a situação mais fácil.Não importava o quanto me dissesse que era para o bem da família, não conseguia afastar o sentimento de estar sendo deixada de lado. Nós éramos um time. E, agora, parecia que ele estava me excluindo de tudo, como se eu fosse incapaz de lidar com o peso das decisões que precisávamos tomar.Passei o dia tentando distrair as crianças, ajudando Bella e Louis a explorar o jardim e as fontes da propriedade. Eles riam, encantados com o espaço, mas, mesmo no meio de suas brincadeiras, eu via o brilho nos olhos deles s
LeonardoO jantar que eu deveria ter compartilhado com minha família estava praticamente terminado quando entrei na sala. O cheiro da comida ainda pairava no ar, misturado com a tensão silenciosa que tomava conta do ambiente. Todos os olhares se voltaram para mim, mas o lugar de Amber estava vazio.Nonna Rosa me encarou com um olhar severo e apontou para a cadeira à mesa. "Sente-se, Leonardo.""Nonna, eu não—""Agora."Eu podia ter resistido, mas um tom daqueles, vindo dela, não era algo que eu desafiaria. Caminhei até a mesa, puxei a cadeira, mas antes que pudesse me acomodar, meus pais se juntaram ao coro de reprovação."Você ignorou todos nós o dia inteiro," Tomaso disse, os olhos carregados de frustração. "O que aconteceu?"Soltei um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. "Peter fugiu."O impacto daquelas
LeonardoO jardim estava silencioso demais. O vento frio soprava levemente, e o som do mar ao fundo parecia distante. Mas não era isso que me incomodava. Era o fato de Amber não estar aqui.Meu coração começou a acelerar. Algo estava errado."Amber!" chamei novamente, dessa vez mais alto, minha voz ecoando no espaço aberto. Nenhuma resposta.Franzi o cenho e apertei os punhos, sentindo a adrenalina subir pelo meu corpo. Passei as mãos pelos cabelos, tentando não deixar o pânico me consumir. Ela não poderia ter saído sozinha. Não depois do que aconteceu em Aspen.Dei a volta pelo jardim, caminhando rapidamente entre as árvores, os olhos atentos a qualquer movimento. Nada. Nenhuma sombra, nenhum barulho de passos.Minha respiração se tornou mais pesada.Minha mente começou a correr para os piores cenários.E
AmberLeonardo se sentou na beira da cama, soltando um longo suspiro enquanto passava as mãos pelo rosto. Seus ombros estavam tensos, e o peso do dia parecia pressioná-lo como uma maré implacável. O silêncio entre nós se alongou, pesado e carregado de palavras não ditas."Vai me dizer por que não me contou na hora o que aconteceu, ou pretende continuar me escondendo as coisas sempre que algo fugir do seu controle?" Minha voz saiu firme, mas sem agressividade. Eu não queria começar uma briga, mas precisava entender o que se passava na cabeça dele.Ele ergueu os olhos para mim, visivelmente cansado. O olhar dele vagou pelo quarto por um segundo antes de finalmente me encarar. "Amber, eu..." Ele hesitou, escolhendo as palavras. "Eu não queria te preocupar mais do que já está."Cruzei os braços, inclinando-me um pouco para frente. "Essa desculpa já e
PeterO mundo estava uma merda.Minha cabeça latejava, minha mandíbula doía do soco que levei, e o gosto de sangue ainda estava na minha boca. Aquele desgraçado que me tirou da prisão parecia se divertir em me tratar como um pedaço de lixo.Mas eu não era lixo.Eu era Peter Calton.E se ele achava que podia me jogar de um lado para o outro como um peão, estava enganado.O carro seguia pela estrada escura sem nenhuma placa, sem nenhuma referência. Eu tentava entender para onde diabos estavam me levando, mas tudo o que via era o nada. O nada absoluto. Só as luzes do painel e o reflexo opaco dos faróis iluminando o asfalto gasto.A única certeza que eu tinha era de que essa fuga não foi um presente do destino.Não.Alguémfacilitou minha saída. Alguém poderoso. Mas a pergun
AmberA primeira coisa que senti ao acordar foi o frio no espaço ao meu lado. Estiquei a mão, encontrando apenas o lençol ligeiramente amassado, mas já sem qualquer resquício do calor de Leonardo. Suspirei, abrindo os olhos devagar, sentindo o peso da noite anterior ainda sobre mim.Ele tinha saído cedo. De novo.Uma parte de mim se sentiu frustrada. Depois da conversa intensa que tivemos na noite passada, eu esperava que ele estivesse aqui ao meu lado pela manhã. Mas não. Ele continuava com esse hábito irritante de resolver tudo sozinho.Me sentei na cama, passando as mãos pelos cabelos e tentando afastar a irritação. Talvez fosse besteira. Talvez ele só tivesse acordado antes de mim e não quisesse me perturbar. Respirei fundo, decidindo que não deixaria isso estragar o meu dia.Joguei um robe por cima do pijama e saí do
LeonardoO café da manhã seguiu seu curso normalmente, apesar do peso que aquele envelope carregava. Bella e Louis estavam distraídos demais para notar a mudança em meu humor, e eu me esforcei ao máximo para não transparecer a tensão que se acumulava em meu peito.Assim que terminaram de comer, as babás os levaram para brincar no jardim. Eles saíram correndo empolgados, disputando quem chegaria primeiro até a fonte. Apenas observei por um momento, sentindo o calor do sol da manhã aquecer minha pele.Amber se levantou ao meu lado, ajeitando o vestido com um leve movimento das mãos. Eu sabia que ela estava esperando por respostas, mas também sabia que ela não me pressionaria até que eu estivesse pronto para falar."Quer dar uma volta pelo jardim?" perguntei, entrelaçando meus dedos nos dela.Ela me olhou por um instante, es
AmberO dia do evento chegou, e a casa da família Martinucci estava tomada por uma energia inquieta. Criados iam e vinham, organizando os últimos detalhes, enquanto Eleonora supervisionava tudo com sua habitual elegância e olhar atento. Tomaso estava no escritório, lidando com questões empresariais, e Leonardo havia saído cedo para resolver algo que não havia me contado.Eu sabia que a noite de hoje não era apenas um evento social. Havia camadas ocultas naquilo tudo. O reencontro de Leonardo com Felipe DeLucca, o ex-namorado de Francesca, não seria fácil. Além disso, era minha primeira aparição oficial como noiva dele na alta sociedade italiana.Respirei fundo, observando meu reflexo no espelho do enorme quarto que Leonardo e eu dividíamos. Meu vestido, um longo de seda preta com detalhes em prata, moldava meu corpo com perfeição, marcando discretamente