Leonardo
A movimentação pela mansão era intensa. As malas já estavam sendo carregadas pelos seguranças, e todos pareciam compartilhar a mesma tensão. A decisão de partir para a Itália tinha sido rápida, mas necessária. Não havia mais tempo a perder depois do ataque à nossa casa.
Amber estava ao meu lado, quieta, mas eu sentia seu nervosismo. Sua mão agarrava a minha com força, como se precisasse se segurar em algo sólido para não desmoronar. Olhei para ela e apertei sua mão de volta, tentando passar alguma segurança.
"Vamos ficar bem," murmurei, mas nem eu estava completamente convencido. O peso da responsabilidade estava esmagador, e a incerteza sobre o que viria nos próximos dias não ajudava.
Magnus apareceu na sala com um semblante sério, como sempre. "Os carros estão prontos. Vamos sair pela rota de
AmberA paisagem de Positano era de tirar o fôlego. As casas coloridas espalhadas pelas colinas, o mar azul ao fundo, o aroma de flores e sal no ar. Tudo era como um sonho, e por um momento, pensei que essa viagem poderia ser um novo começo. Mas a tensão que pairava no ar entre Leonardo e Magnus tornava difícil me permitir aproveitar completamente.Enquanto esperávamos no pátio do aeroporto para que os carros fossem organizados, observei Leonardo e Magnus sussurrando algo a poucos metros de distância. Magnus tinha a testa franzida, e Leonardo mantinha os braços cruzados, a mandíbula apertada. Era evidente que estavam discutindo algo importante, algo que não queriam compartilhar. Meu peito apertou, uma sensação de inquietação crescendo dentro de mim.Do lado oposto, as crianças estavam radiantes. Bella apontava para tudo ao redor – o céu límp
GabrielaDepois de horas intermináveis de viagem, finalmente avistei o letreiro desgastado que marcava a entrada de Missoula, Montana, minha cidade natal. O céu estava tingido por tons alaranjados do fim da tarde, e as montanhas que cercavam a região pareciam abraçar a pequena cidade, dando-lhe um charme único. Era estranho como o lugar parecia tão familiar e, ao mesmo tempo, tão distante, como se eu estivesse voltando para um mundo que tinha deixado para trás há séculos.Respirei fundo ao ver a casa onde cresci. As persianas azuis desbotadas ainda estavam lá, e o jardim, embora um pouco negligenciado, tinha as mesmas flores que minha mãe sempre cuidava com tanto carinho. A varanda de madeira rangia com o vento, como um velho amigo dando boas-vindas."É aqui, Gabi," murmurei para mim mesma, tentando reunir coragem para sair do carro. Meu coração estava dividi
LeonardoO trajeto do aeroporto até a casa da família Martinucci foi silencioso. No banco ao meu lado, Magnus revisava mensagens no celular, o cenho franzido como sempre quando algo o incomodava. Eu também estava afundado em pensamentos, segurando o volante com mais força do que deveria. Cada quilômetro percorrido só fazia minha raiva crescer.Peter estava livre.A simples ideia de que ele conseguira escapar, mesmo depois de termos feito de tudo para colocá-lo atrás das grades, era insuportável. Como um rato que escapa pelas frestas, ele se mostrava mais escorregadio do que jamais imaginei. O pior era saber que ele não agia sozinho. Sempre havia alguém puxando as cordas nos bastidores."Já está sendo considerado oficialmente um foragido?" perguntei, mantendo os olhos na estrada."Sim," Hobbins respondeu do outro lado da linha. "A políci
AmberO dia inteiro passei sentindo como se estivesse invisível para Leonardo. Ele estava trancado no escritório desde o momento em que chegamos, falando ao telefone, dando ordens e ignorando completamente todos ao redor. Eu entendia que ele carregava um fardo enorme, que fazia tudo isso para nos proteger. Mas entender não tornava a situação mais fácil.Não importava o quanto me dissesse que era para o bem da família, não conseguia afastar o sentimento de estar sendo deixada de lado. Nós éramos um time. E, agora, parecia que ele estava me excluindo de tudo, como se eu fosse incapaz de lidar com o peso das decisões que precisávamos tomar.Passei o dia tentando distrair as crianças, ajudando Bella e Louis a explorar o jardim e as fontes da propriedade. Eles riam, encantados com o espaço, mas, mesmo no meio de suas brincadeiras, eu via o brilho nos olhos deles s
LeonardoO jantar que eu deveria ter compartilhado com minha família estava praticamente terminado quando entrei na sala. O cheiro da comida ainda pairava no ar, misturado com a tensão silenciosa que tomava conta do ambiente. Todos os olhares se voltaram para mim, mas o lugar de Amber estava vazio.Nonna Rosa me encarou com um olhar severo e apontou para a cadeira à mesa. "Sente-se, Leonardo.""Nonna, eu não—""Agora."Eu podia ter resistido, mas um tom daqueles, vindo dela, não era algo que eu desafiaria. Caminhei até a mesa, puxei a cadeira, mas antes que pudesse me acomodar, meus pais se juntaram ao coro de reprovação."Você ignorou todos nós o dia inteiro," Tomaso disse, os olhos carregados de frustração. "O que aconteceu?"Soltei um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. "Peter fugiu."O impacto daquelas
LeonardoO jardim estava silencioso demais. O vento frio soprava levemente, e o som do mar ao fundo parecia distante. Mas não era isso que me incomodava. Era o fato de Amber não estar aqui.Meu coração começou a acelerar. Algo estava errado."Amber!" chamei novamente, dessa vez mais alto, minha voz ecoando no espaço aberto. Nenhuma resposta.Franzi o cenho e apertei os punhos, sentindo a adrenalina subir pelo meu corpo. Passei as mãos pelos cabelos, tentando não deixar o pânico me consumir. Ela não poderia ter saído sozinha. Não depois do que aconteceu em Aspen.Dei a volta pelo jardim, caminhando rapidamente entre as árvores, os olhos atentos a qualquer movimento. Nada. Nenhuma sombra, nenhum barulho de passos.Minha respiração se tornou mais pesada.Minha mente começou a correr para os piores cenários.E
AmberLeonardo se sentou na beira da cama, soltando um longo suspiro enquanto passava as mãos pelo rosto. Seus ombros estavam tensos, e o peso do dia parecia pressioná-lo como uma maré implacável. O silêncio entre nós se alongou, pesado e carregado de palavras não ditas."Vai me dizer por que não me contou na hora o que aconteceu, ou pretende continuar me escondendo as coisas sempre que algo fugir do seu controle?" Minha voz saiu firme, mas sem agressividade. Eu não queria começar uma briga, mas precisava entender o que se passava na cabeça dele.Ele ergueu os olhos para mim, visivelmente cansado. O olhar dele vagou pelo quarto por um segundo antes de finalmente me encarar. "Amber, eu..." Ele hesitou, escolhendo as palavras. "Eu não queria te preocupar mais do que já está."Cruzei os braços, inclinando-me um pouco para frente. "Essa desculpa já e
PeterO mundo estava uma merda.Minha cabeça latejava, minha mandíbula doía do soco que levei, e o gosto de sangue ainda estava na minha boca. Aquele desgraçado que me tirou da prisão parecia se divertir em me tratar como um pedaço de lixo.Mas eu não era lixo.Eu era Peter Calton.E se ele achava que podia me jogar de um lado para o outro como um peão, estava enganado.O carro seguia pela estrada escura sem nenhuma placa, sem nenhuma referência. Eu tentava entender para onde diabos estavam me levando, mas tudo o que via era o nada. O nada absoluto. Só as luzes do painel e o reflexo opaco dos faróis iluminando o asfalto gasto.A única certeza que eu tinha era de que essa fuga não foi um presente do destino.Não.Alguémfacilitou minha saída. Alguém poderoso. Mas a pergun