Amber
O ar em Aspen estava fresco, com o aroma da neve recém-caída misturado ao sutil cheiro das árvores ao longe. Eu estava na sacada da casa, observando a pista de esqui abaixo, onde as pessoas deslizavam com facilidade ou tropeçavam desajeitadamente. A vista era um espetáculo de tranquilidade, mas minha mente não estava em paz.
Gabriela estava ali comigo, ao meu lado, silenciosa, os braços cruzados contra o peito como se tentasse proteger algo dentro dela. Desde que chegou, ela parecia... diferente. Mais reservada, mais inquieta.
"Está tudo bem mesmo?" perguntei, quebrando o silêncio. Minha voz soou mais suave.
Ela piscou e me olhou de lado, forç
GabrielaSubi as escadas para o quarto, meu coração ainda pesado com a conversa que tive com Amber. O silêncio da casa contrastava com o turbilhão de pensamentos que passava pela minha mente. O clima de Aspen, a neve caindo do lado de fora, tudo parecia parte de um quadro tranquilo, mas dentro de mim, as coisas estavam longe disso.Fechei a porta atrás de mim e me sentei na cama, tentando organizar minhas emoções. Passei a mão pelo rosto, sentindo o cansaço se acumular. O que eu deveria fazer? Magnus era a pessoa mais maravilhosa que já conheci, mas quanto mais ele se aproximava, mais eu sentia o peso do meu passado me esmagar.Meu celular vibrou na mesa de cabeceira. Suspirei, pegando o aparelho e vendo o nome que piscava na tela.Monalisa.Minha irmã mais nova.Respirei fundo, forçando a calma antes de atender. "Oi, Mona," t
MagnusAquelas palavras ficaram ecoando na minha cabeça como um alarme ensurdecedor."Foi um paciente."Senti meu sangue ferver instantaneamente, uma raiva visceral que parecia incendiar cada célula do meu corpo. Eu me levantei da cama, incapaz de conter a tensão que tomava conta de mim."Como assim, foi um paciente?" Minha voz saiu firme, quase cortante, mas me controlei para não explodir. Não ainda.Gabriela abaixou a cabeça por um momento, como se buscasse forças para continuar. Quando finalmente me olhou, seus olhos estavam cheios de algo que eu não via com frequência: medo."Logo que saí de casa e comecei a atuar," começou ela, a voz baixa e hesitante, "eu tive um paciente... Ele tinha uma depressão muito profunda e carregava um histórico de bullying intenso. Fiz tudo o que pude para ajudá-lo, Magnus. Tentei
AmberA casa estava silenciosa. Um silêncio que deveria ser reconfortante, mas, para mim, era pesado, carregado de pensamentos e preocupações. Estava parada na janela do quarto, os olhos fixos no céu escuro pontilhado de estrelas. As montanhas ao fundo pareciam tão serenas, tão diferentes do turbilhão que minha mente enfrentava.Respirei fundo, tentando aliviar o nó no meu peito. Minha preocupação não era apenas com a segurança da minha família ou com os planos que tínhamos para acabar com Peter e Martina. Era algo mais profundo, mais pessoal. Saber que escondi de Leonardo a ligação de Peter era um peso insuportável. Ele confiava em mim, e eu temia que, ao contar, pudesse destruir isso.O som do chuveiro parando me tirou dos meus pensamentos. Segundos depois, ouvi os passos de Leonardo no carpete. Sua presença era sempre c
LeonardoOs dias em Aspen tinham sido um bálsamo para nossa alma. Desde que chegamos, cada momento parecia um presente, uma pausa na tempestade que havíamos enfrentado. As semanas passaram rápidas, e hoje finalmente tinha chegado o dia que meus filhos tanto esperaram.Bella, com um vestido lilás cheio de brilhos, e Louis, com um suéter azul e uma gravata-borboleta que insistia em desajeitar. Amber os ajudava com os retoques finais, seu sorriso iluminando o ambiente. A paz dela era o que eu mais prezava, e vê-la interagir com as crianças sem a sombra do medo era tudo o que eu poderia pedir.A festa estava montada no salão principal da casa, decorada com balões coloridos e mesas cobertas com doces e lanches. O tema escolhido por Bella e Louis – uma combinação peculiar de unicórnios e dinossauros – tinha deixado os decoradores confusos, mas o resultado fo
LeonardoA vista de Aspen era um cenário digno de um cartão-postal, mas hoje, enquanto falava com Vancelos pelo telefone, minha mente estava longe de apreciar a beleza ao redor. As negociações com o Grupo Delux estavam em seu clímax, e eu sabia que o momento de assinar o contrato era agora."Leonardo," a voz de Vancelos ecoou pela linha, animada. "Estou ansioso para trabalhar com a MGroup. Agora que as festas de final de ano acabaram, acho que não há mais o que esperar. Precisamos fechar esse contrato em Las Vegas o quanto antes."Respirei fundo, apertando o telefone contra o ouvido enquanto girava a poltrona do escritório. "Concordo, Vancelos. Esse contrato é tão importante para nós quanto para você. Podemos marcar para a próxima semana. Estarei em Las Vegas para a assinatura e para conhecer as instalações."Do outro lado, ele riu, claramente satisfeit
MagnusO nomeAlbus Cannonecoava em minha mente como um alerta constante, um enigma que precisava ser resolvido. Ele era um fantasma, um jogador que estava sempre um passo à frente, mas que eu sabia que precisava capturar para acabar com as ameaças contra Leonardo e Amber. E, embora a investigação sobre Derek Myers também exigisse minha atenção, Albus Cannon era o problema mais urgente no momento.Assim que Leonardo deu sua autorização, fui direto até Gabriela. Ela estava na biblioteca, lendo, com a serenidade que eu desejava poder sentir. Mas não havia tempo para hesitar."Gabi," chamei, entrando e fechando a porta atrás de mim.Ela ergueu os olhos do livro, franzindo o cenho ao ver minha expressão. "O que foi? Parece que vai me dar más notícias."Suspirei, passando a mão pelos cabelos. "Preciso sair por algun
MagnusA noite estava fria, mas eu não sentia nada além da adrenalina, correndo em minhas veias. O ruído dos passos rápidos ecoou pela rua, e tudo ao meu redor se tornou secundário. Os passos abruptamente pararam, mas antes que eu pudesse identificar a direção, um dos meus homens gritou pelo rádio:"Ele está fugindo! Indo para o lado leste!"Meu corpo reagiu antes mesmo que minha mente pudesse processar completamente. "Cubram todos os lados! Quero ele cercado!" gritei pelo rádio, já começando a correr. Meus passos ressoavam pelo pavimento, e eu ajustava o fone no ouvido enquanto dava as instruções. "Ninguém deixa esse desgraçado escapar!"A figura à frente era menor do que eu esperava, mas se movia com agilidade, desaparecendo por entre os becos estreitos do subúrbio. A cada curva, minha determinação aumentava. Ele n&
LeonardoEntrei no quarto e a encontrei exatamente como imaginei: Amber estava debruçada sobre a cama, dobrando roupas com cuidado enquanto montava as malas para a viagem. Cada movimento seu era meticuloso, como se arrumar as malas fosse mais do que uma tarefa prática; era quase um ritual.Minha mente, no entanto, não estava focada na viagem. Estava presa em Magnus, que havia partido há horas e ainda não havia me dado qualquer notícia. A tensão pulsava em mim, transformando meu humor em algo fechado e sombrio.Amber ergueu os olhos enquanto colocava uma blusa dobrada na mala. "Se você continuar andando de um lado para o outro desse jeito, vai acabar furando o chão."Parecia que ela queria aliviar o peso que pairava no quarto, mas o sorriso no canto de seus lábios não encontrou eco em mim. Parei de andar e fiquei ali, a encarando por um momento antes de caminhar at