A última vez que Harry me puxou enquanto corríamos, foi para fugir daquele lugar na Tailândia. Cerro os dentes e tento não pensar sobre isso. Isso não pode acontecer outra vez. Não pode.
Ele corre mais rápido do que eu, e arquejo enquanto avançamos rapidamente pelo piso liso e gelado. Quando chegamos na cobertura, entrecerro os olhos para tentar enxergar em meio à escuridão.
— O que houve? — pergunto.
— Olhe — Natan diz, apoia as mãos nos joelhos e respira fundo.
— O quê? — pergunto. — Onde?
— O nome dela é Maria. Trabalha na área da limpeza daqui da casa. Mas não parece ela. Sua voz está muito... inexpressiva.
Levo a mão ao peito para sentir o bater do meu coração. Ele está rápido demais. Nem sei como ainda estou respirando. O ar noturno est&aac
Eu não irei. Sei que Chase virá até mim. Se ele foi capaz de entrar e drogar aquela mulher sem que ninguém notasse, ele pode fazer qualquer coisa. Coloco o travesseiro na cama, me levanto e digo:— Não tente simplificar a situação. Você sabe muito bem que essa é a coisa certa a se fazer.— Você escolheu esse momento para agir como alguém altruísta? — Sua voz preenche o quarto, arregalo os olhos e meu coração acelera. Sua raiva nunca foi direcionada para mim antes. — Grace, você passou aquele tempo todo naquela casa, insistindo que era egoísta demais, por pensar em se salvar, e agora que sua vida está em jogo, você quer agir como uma heroína? Qual é o seu problema?— Qual é o meu problema? Pessoas inocentes morreram! Uma mulher se jogou do telhado! E eu posso impedir que isso ocorra novamente!
Londres, InglaterraTerça-feira, 16 de outubro de 201810h02HarryAs primeiras coisas que vejo quando acordo, são os arranhões nos seus braços. Ela disse que não ia mais se machucar. Estendo a mão e toco suas cicatrizes com as pontas dos dedos, e Grace abre os olhos. Eu a puxo para mim, com a mão no seu quadril. Seus olhos estão grandes, alertas, embora ela tenha acabado de acordar. Beijo a sua bochecha, depois o seu queixo, depois o seu pescoço, parando ali por alguns segundos. Suas mãos seguram a minha cintura com mais força, e ela suspira no meu ouvido. Preciso dela de novo, meu autocontrole está prestes a desaparecer em cinco, quatro, três...— Harry — sussurra ela. — Odeio ter que dizer isso, mas... acho que temos algumas coisinhas para fazer hoje.— Elas p
Harry16h05Estou preocupado. Sinto que deixar Grace presa naquele quarto foi uma péssima ideia. Ela vai me odiar e nunca irá me perdoar. Mas estou desesperado, não sei mais o que fazer.Depois de quatro horas, chegamos no local da última pista. O armazém está vazio. Isto não faz parte do plano. Chase e Devon deveriam estar aqui e seriam pegos de surpresa. Com Natan liderando, passamos as portas duplas entreabertas da entrada. Segurando as armas e as lanternas à nossa frente, verificamos cada entrada à medida que avançamos através de um amplo corredor. Paramos e ouvimos. Não há nenhum som de vida aqui dentro.Natan diz suavemente:— Temos que ver melhor estas salas.Três homens separaram-se para verificar. Viro a lanterna para uma escada circular que começa no final do corredor. Subo. Empurro a porta
HarryCorro até o carro, e antes que Natan consiga entrar no lado do passageiro, travo todas as portas. Ele fica boquiaberto ao me observar do lado de fora. E eu não gosto nada de fazer isso com ele. Natan bate na janela ao meu lado. Abro apenas uma fresta.— O que você pensa que está fazendo?— Se estivéssemos lidando com um assassino normal, podíamos ir juntos. Mas Chase não é normal. Nós o subestimamos. Ele nos colocou nesse lugar distante só para poder capturar Grace. E agora vai matá-la se eu não for sozinho.— Mas ele não tem que saber, Harry!Balanço a cabeça miseravelmente.— Ele vai saber, Natan! Ele tem antecipado cada movimento meu desde que tudo começou.Antes que Natan possa continuar seu protesto, fecho o vidro e saio em disparada. Eu sei que Natan vai me seguir, mas ante
Há poucos momentos atrás, jurei vingança contra Chase e agora ele está indefeso aos meus pés. Pego a faca, ajoelho-me e encaro os olhos sombrios dele. Não me lembro de alguma vez ter vislumbrado tamanho terror em alguém. E a verdade é que ele tem boas razões para estar aterrorizado. Deve se lembrar das palavras que eu lhe disse: “Acredite em mim, não faz ideia do significado da palavra dor. Mas vai descobrir.”Sinto a minha fúria aumentar novamente, com aquela sede de sangue. Posso fazer isso agora. Posso esquartejar Chase membro a membro. Talvez até arrancar o seu coração ainda pulsando, assim como havia ameaçado. Eu sei que não é impossível. Mas, ainda com a faca na mão, hesito. Algo na expressão de Chase muda. Retiro a fita adesiva da sua boca. Ele tenta respirar enquanto fala:— É o que ele que
Grace19h53Minhas mãos tremem quando tento soltar Angela. Estou preocupada com Harry, ele está demorando demais. Alguns minutos se passam quando ouço seus gritos. São gritos de gelar o sangue. E meu mundo desaba. O formigamento nos braços e no peito é intenso, e a minha pele coça.Não, não, agora não. Estou tendo uma crise de pânico. Apoio-me no encosto do sofá e tento permanecer em pé, mas deslizo pela almofada, batendo de lado com a cabeça no chão. Deitada, vejo a sala girar sem nitidez. Minhas mãos desesperadas tentam alcançar o bolso lateral da calça jeans, mas o gesto demanda muito esforço. Finalmente, consigo. Aperto o cabo do canivete entre os dedos.— Me solta! — ouço Angela gritar, e percebo que ela tenta se soltar, mesmo com uma arma apontada para a sua cabe&cced
DevonDeixo Grace no carro e volto para dentro da casa para buscar Harry. Quero sumir com o corpo dele. Arrasto-o até o porta malas.Dirijo atento ao limite de velocidade, enquanto espero meu ritmo cardíaco voltar ao normal. Foi por pouco. Pelo retrovisor, vejo Grace deitada no banco traseiro com a cabeça recostada na porta. Ela está muito suada e machucada. Entre desmaios e gemidos, ela dorme e acorda, dorme e acorda.Depois de alguns minutos, ela pergunta se falta muito para chegar ao hospital. Digo que não. Ela está tão zonza que não olhou para fora, ainda não se deu conta de que não estamos indo para o hospital.Chase quase colocou tudo a perder. Eu o ajudei, para que eu pudesse me aproximar de Grace. Mas Chase me traiu. Me deixou para trás, para ser capturado por eles. Consegui fugir antes que chegassem. Agora Chase está morto e Grace está comi
— Quando percebi que você estava esperando que Harry fosse te salvar hoje, tirei o desgraçado do caminho no mesmo instante... E terei pelo menos uma noite. Uma noite como aquelas que eu tive com a minha garota. Depois, não preciso mais de você.Estou com a visão embaçada. Há cada vez mais manchas pretas diante dos meus olhos. Acaba aqui. Ele vai me estuprar e me matar logo depois. Quando alguém notar o meu desaparecimento, já será tarde demais.Devon desce a calça jeans e a cueca e abre as minhas pernas. Lentamente, enquanto ele se distrai em masturbar o membro enrijecido, baixo o braço livre e, dobrando um pouco o tronco para a esquerda, alcanço com a ponta dos dedos, o cabo do martelo. O movimento é quase imperceptível, e eu o disfarço com um gemido de dor. Esticando-me um pouco mais, consigo segurar o martelo firmemente.Devon se aproxima entre