— Olhe para você, seu pequeno rugrat — Harry diz, sorrindo para Teddy antes de pegá-lo desprevenido com uma boa dose de cócegas.
Chá da tarde e Teddy não combinam, então Harry e Michael vão leva-lo para um jogo de futebol.
— Jenny está animada? — pergunto para Hannah, colocando o recipiente de cupcakes no balcão da cozinha.
— Muito mais animada do que o normal — Hannah responde. — Ela até me disse bom dia hoje. Quase cuspi meu café. Realmente não posso pedir mais quando ela está reconhecendo minha existência.
— Você soube mais alguma coisa sobre o doador? — pergunto e começo a empilhar os cupcakes no suporte.
— Ele está em contato com meu advogado. Ele mora em uma cidade vizinha, com sua esposa e filha recém-nascida. Ele leciona direito.
Quando Harry desce as escadas, já lavei uma carga de roupas claras e coloquei as escuras na secadora e, enquanto descarregava a máquina de lavar louça, consegui engolir dois pedaços de banana e algumas colheres de iogurte.— Vou levar Teddy para a escola — ele diz, pegando o que restou da minha banana.— Descobri que isso vai te ajudar um pouco.— Você não precisa.Eu já planejava fazer isso.Ele encolhe os ombros.— Não é como se eu tivesse algo para fazer.Você está sempre correndo pra lá e pra cá.Aproveite a manhã para relaxar.O problema com isso é que eu não sou capaz de relaxar ultimamente.Eu tenho tanto a fazer que até minha bomba de banho semanal é um incômodo muito grande, porque acho que estou perdendo tempo.Acho que fiquei na banheira p
Houve raros momentos em que quase me convenci de que conseguiria fazer isso. Harry sorria do jeito que sorria quando via algo engraçado na TV e uma covinha surgia em sua bochecha, ou ele soltava aquela risada grave, ou cantava algo baixinho no meu ouvido enquanto eu lavava a louça, e eu tinha que me perguntar o que no mundo me faria não querer ter algo que fosse metade dele - algo que ri como ele, sorri como ele e tem olhos da mesma tonalidade que os dele.Como eu poderia não querer isso?Como eu poderia não querer um bebê que é tão bom quanto ele?Então eu tinha que me lembrar que não importa o quão bom isso seja, quão perfeito e inocente ele seja.Porque nada disso importa se eu não posso ser a mãe que ele merece, se eu não posso amá-lo como deveria, apoiá-lo como deveria e cuidar dele como precisa.Eu fui filha de uma mãe com depr
— Pare de me pedir para colocar meu trabalho em espera só porque você praticamente não trabalha mais!As palavras saem tão quentes na minha língua que sinto o calor percorrer todo o meu corpo, e minhas entranhas queimam quando o rosto de Harry empalidece em um olhar que eu nunca tinha visto antes, como se eu o tivesse machucado fisicamente com essas palavras.— Sinto muito — gaguejo, todos os músculos do meu peito ficam tão tensos que é impossível respirar.— Eu não quis dizer isso... eu não quis dizer... eu não...Fico tonta, mas não da maneira que ele me faz sentir quando me beija.É o tipo de tontura que me permite sentir todo o meu corpo fraco.Cambaleio e seguro-me no balcão.— Grace — a voz de Harry interrompe a agitação em torno dos meus ouvidos, o som distante, mas tão
Domingo, 21 de abril de 2024Londres, InglaterraEstou ocupada com preparativos para o jantar, quando meu telefone começa a tocar no balcão, mas não fico chateada com a interrupção quando vejo quem está ligando.— Oi, Gracie! —Quando o vídeo focaliza, Gabe sorri amplamente para mim, seus olhos protegidos por um par de óculos de sol.Tenho um vislumbre de Sara sentada no banco do motorista, uma mão segurando o volante enquanto olha para mim rapidamente.— Oi Graceeee!Eu nunca percebi o quão feliz ver duas pessoas poderia me fazer; meu estresse semanal desaparecendo no segundo em que os vejo sorrindo.— O que vocês dois estão fazendo acordados tão cedo? — pergunto. Com a diferença de fuso horário, devia ser cerca de seis ou sete da manhã.
— Posso ajudar com algo? — Harry pergunta quando chega na cozinha. — Sim, você pode ir entreter nossos convidados enquanto eu termino o jantar. Ele vai para a sala ao meu pedido, deixando-me amassar as batatas e misturar o molho.Eu geralmente acho a arte de cozinhar relaxante, mas hoje tudo em que consigo pensar é na bagunça que terei que limpar quando todos irem embora.Visitas não são tão fáceis de hospedar como os filmes fazem parecer. — Posso fazer alguma coisa? — Michele, esposa de George, pergunta, colocando sua taça vinho no balcão. — Ah, não — sorrio.— Relaxe.Está tudo bem. Ela sorri, dando um leve aperto no meu ombro e volta para a sala, deixando-me sozinha até que ouço mais passos no corredor.Eu estava meio que esperando Harry, famoso por não ser capaz de esperar até que o jantar estivesse na mesa, mas fico surpresa quando não é ele. — Rebecca! — sorrio quando a vejo. — O
— Ei — a voz de Harry, levemente preocupada, me irrita.— O que há de errado?Solto uma risada, e viro-me para encará-lo.— O que há de errado? — pergunto.— Você disse para eles que estamos tentando ter um bebê!Ele ergue uma sobrancelha, aparentemente confuso sobre qual é o problema.— Sim, quero dizer, ela me perguntou quais eram nossos planos, então eu disse a ela.— Você não deveria ter feito isso.Ele está tão confuso - completamente alheio - que sua testa inteira está franzida.— Não achei que fosse grande coisa.A maioria das coisas para ele não são grande coisa.— É privado, Harry — retruco, com a voz baixa, não querendo que todos ouçam.— É entre mim e você, e você n&a
Londres, InglaterraDomingo, 14 de outubro de 2018Uma hora depois que eles saem, a campainha toca. Pego minha pistola do sofá e a coloco na parte de trás da calça. Ao abrir a porta, vejo apenas um envelope da FedEx no chão, com o nome do remetente na frente: Seu amigo, C.Olho para o envelope, paralisada. Como ele descobriu esse novo endereço? Eu deveria abrir na presença de Harry. Mas não quero esperar.Com as mãos tremendo, abro o envelope. No interior, encontro duas notas: um papel dobrado e um cartão, preso por um anzol colorido, ligado a um pedaço curto de linha. O cartão diz:“Dedicado a Grace Heinz... Só estou começando.”É um anzol de pescador. Mas por quê? Não faz sentido. Chase está brincando comigo? Isso é algum tipo de jogo? Abro o outro papel
Antes de voltar para Londres Domingo, 2 de setembro de 2018 Acordamos algumas horas depois, com uma enfermeira entrando no quarto com o café da manhã. Não estou com fome, mas sei que preciso comer, então escolho uma fruta, mastigo e engulo. — O que vamos fazer? — pergunto para Harry. — Quando chegarmos em Londres, terei que me internar em uma clínica em Manchester, por causa das drogas que injetaram, e teremos que fazer terapia. Acho que você deveria voltar para casa. — Harry sorri. Meu estômago revira. Harry fala isso como se fosse simples. Voltar para casa. Eu não tenho casa. E eu não quero fazer terapia. Ele aponta com a cabeça para a bandeja. — Pegue dois pãezinhos. Você precisa comer. Sorrio e como devagar. Então me ocorre que eu talvez esteja conhecendo o verdadeiro Harry só agora. É diferente quando não estamos presos e forçados a fazer coisas sob o risco de