Seguiram para leste.
No começo da viagem conversaram. Alexandre quis saber onde estava o parceiro de Rafael; ele lhe explicou que tinha ido buscar mais informações sobre outro caso em que estavam trabalhando. A outra parte da viagem foi seguida de musica. Alexandre emprestou para Rafael um violão que tocava tão animado quanto Alexandre. Sem muita escolha, Ana teve que levar seu violino, arranhava as cordas sem muito jeito. Ainda ficava receosa em tocar na frente dos outros, mas depois de um tempo estava tocando tão animadamente quantos os lampiões.
Alex e David ficaram um pouco mais atrás, provavelmente para evitar o máximo possível as músicas.
A escopeta era sua esposa, o próprio general Julius tinha oficializado o casamento. O revólver era sua amante, esse não era oficial. Sua filha era a faca de lâmina larga, grossa e pesada. Era mais um ferramenta do que uma arma em si. Mas nas mãos se um patrulheiro de fronteira qualquer coisa poderia ser uma arma. Naquele momento usava sua filha para cortar lenha para o jantar. Eram cinco da tarde, logo escureceria. Estava na fronteira há um mês, tudo que tinha feito até agora fora cortar lenha, buscar água e servir aos superiores. Não era isso que esperava do exército. O treinamento fora árduo, e esperava que servisse para alguma coisa além de cortar lenha. Olhou para trás, a imensa muralh
Era por volta das quatro quando Rafael decidiu acampar. Fizeram uma fogueira e prepararam alguns mutuns caçados por David. As duas aves eram grandes e com abundância de carne. Assim como Alexandre, Rafael se mostrou ser um ótimo cozinheiro e começou a preparar um delicioso cozido. Ana poderia dizer penas pelo cheiro que exalava. A menina não conseguia parar de pensar na cena que vira na igreja. Um homem tinha sido capaz de controlar as mentes dos mantos brancos para fazer aquilo. Como lutar contra um homem que pode controlar sua mente? Talvez ele não conseguisse controlar outros prodígios. Alexandre e Alex eram prodígios. O pensamento não afastou a preocupação de saber que seu tutor tinha ido caçar o tal Sabiá.&nb
A dançarina se insinuava para os irmãos sentados nos bancos do balcão. Alexandre lhe lançou uma piscadela, enquanto Alex mantinha os olhos no copo de água ardente diante de si. O pianista tocava o piano freneticamente, mas não conseguia abafar o som da chuva torrencial que caia lá fora. O saloon estava lotado. Algumas das pessoas – como uma família – estavam apenas procurando abrigo da chuva. A mão do pai de um garoto de quinze anos tentava cobrir o olhos do filho que brilhavam para dançarina. –Dessa idade já conhecia o calor de uma mulher na cama – Alexandre comentou. Alex não se incomo
Acordou sob um céu dourado que o engolia. Tentou se mover para descobrir que cada fibra de seus músculos doía, cada pedaço de osso parecia vidro sob a pele. Mais uma vez olhou para o céu, uma coisa brilhante que o cercava, nada se podia ver adiante. Com muito esforço virou a cabeça e viu uma selvagem deitada a poucos metros. A visão o fez invocar as lembranças da noite anterior e com elas suas forças. Conseguiu se levantar, tateou a cinturar e descobriu que estava desarmado. A selvagem dormia, não seria difícil mata-la. Depois encontraria um jeito de sair da prisão brilhante. Agora que podia se mover, olhou em volta, viu duas pessoas dormindo, ambos cobertos da cabeça aos pés. Ele cuidaria da selvagem, depois deles dois, mas precisava ser silencioso para matar a selvagem e pegar sua espingarda.&
Os irmãos faziam um desjejum frio já que não poderiam acender uma fogueira para não chamar atenção da população de São João. Era a primeira vez que Alex enfrentava uma situação como aquela, é claro que já tinha sido caçado antes, mas por pessoas que apenas estavam sobre a influência de um prodígio era outra historia. Não podia simplesmente mata-los. E pelo o que conhecia do irmão sabia que muito mais estava por vir. Alex olhou na direção que Lorde tinha seguido, tinha ido rumo ao sul com seu agulha negra, para reunir homens para ajudar, infelizmente apenas lampiões tinham a habilidade de romper o controle que o tal Sabiá tinha sobre as pessoas, e só tinham cerca de 50 lampiões ativos. Os homens do Lorde n&ati
O norte estava diferente sob os olhos de Ana. Não que a paisagem havia mudado, mas sim sua percepção. Há alguns meses era uma órfã sem muitas perspectivas, depois tornou-se uma lampião, agora era uma prodígio. Algo que até pouco tempo não sabia da existência. E agora a ilha das sete pontas corria perigo, sob a ameaça de um prodígio. Alguém capaz de controlar mentes, fazer homens matarem a sangue frio e se matarem. Era isso, esse perigo que os reinos corriam que fazer ser diferente. Quando menina via a igreja e a coroa como as forças mais poderosas, agora descobrira que não. Olhou para Tomas que corria na frente, ele nem mesmo estava suado mesmo tendo corrido a manhã toda. Era incrível. Ele sempre teve uma rixa com David, e Ana achou injusto David ser um prod
O sul era frio, a paisagem monótona, os sons perturbadores. Mas Alexandre já tinha enfrentado coisas piores. Teve aquela vez que viajou escondido no convés de um barco, não se lembra porque fez aquilo, mas lembrava da água do mar corroendo sua pele, da fome corroer seu estômago e do Rum corroer sua mente. Dias difíceis aqueles. Uma mulher tinha sido a razão. Não qualquer mulher, mas uma mulher muito bonita que tinha uma boca maravilhosa. A lembrança o fez sorrir.–Como consegue sorrir numa situação como essa? –Alex resmungou.–Lembrando de outras situações – continuou a sorrir.
A garoa que caia o fazia lembrar do templo pai onde cresceu. A água escorria pela aba do chapéu e caia nos braços que estavam escorados ameia da grande fortaleza. A água fazia sua pele ganhar um tom ligeiramente cinzento, o fazendo lembrar que não pertencia àquele mundo, mas também não fazia parte do mundo submerso. O fazia lembrar que não pertencia a mundo nenhum. Era alguém que não tinha lugar no mundo dos homens. Nem mesmo era um homem.Tudo que sabia sobre sua origem era que sua mãe foi encontrada no norte, estava grávida dele, e por não ter uma aliança no dedo, foi executada por fornicação. Foi na fonte do templo pai que descobriu que podia ficar muito mais tempo de