–Vamos para ponta dourada – o príncipe Gustavo disse. – Em ponta dourado meu pai tem um exército, e já vimos que os mantos brancos estão sendo controlados. Talvez toda a igreja.
Era a primeira vez que o príncipe falava desde que partiram. Ele e seus homens estavam sentados na carroça que Tomas puxava. Era incrível a força do recruta, parecia nunca se cansar, o único custo era fome que tinha. Comera o resto do cervo sozinho, mas com isso conseguia carregar cinco homens sem muito esforço.
Ana refletiu sobre o comentário de Gustavo. Para ela fazia sentindo.
–O que você acha? –ela
David conhecia o atalho por onde o príncipe os guiava. Fora ensinado a respeito deles durante o treinamento, porém nem os agulhas negras conheciam toda a extensão das ramificações. Tuneis subterrâneos, cujas lendas diziam ter sido feitos por vermes gigantes. David agora cogitava a hipótese de terem sido elementares de terra, mas aquilo não importava no momento. O olhos de brasa teve que ser amarrado e amordaçado, foi o único jeito de conseguir traze-lo. Ele estava profundamente perturbado dentro dos tuneis, cuja a terra com grandes quantidade de metais impossibilitava que ele conseguisse ver através da terra, o que era um bom sinal, estavam relativamente seguros contra outros olhos de brasas. Tomas carregava Tedy na costas, ele se mantinha perto de Ana que iluminava os tuneis irregulares a frente, s
Ponta dourada se estendia à sua frente. Às suas costas, o exército de agulhas negras. Ao seu lado, o irmão, além de outros lampiões.Alexandre observava a fronteira do norte. O branco e vermelho de um exército de bispos se destacava à frente da fortaleza de pedra. Alexandre sabia que além da fortaleza, e do exército, se encontrava um porto com vários navios veleiros. Por vezes sonhara em embarcar em um daqueles frondosos navios e ir para terras desconhecidas. Mas até que conseguisse livrar o povo da enganação da igreja, tinha que permanecer ali. Numa ilha esquecida por Deus.Os mantos brancos se agitavam diante da ameaça do exército de agulhas negras. O poder
Ela sentia o corpo sacolejar nos braços que já eram tão familiares para ela. Abriu os olhos e com a visão ainda embaçada, viu o rosto azul de Tomas. Ela sacudiu a cabeça tentando afastar a vertigem. –Tomas –ela murmurou.Ele olhou para baixo, e forçou um sorriso.–Oi, você está bem?–Quero ficar em pé –ela respondeu.&nb
O Fera atirou várias vezes na porta de madeira, em seguida desferiu um chute frontal e adentrou a sala da torre norte. Foi seguido por Alex e Alexandre.Sabiá do Norte estava sentado de costas para eles, acariciando as teclas de um piano. Quatro homens cuidavam de sua segurança. As vestes douradas os marcavam como homens da guarda real. Alexandre iluminou o rosto dos homens, mas ficou claro que eles estavam ali por vontade própria. Sabiá tocou uma nota.Os quatro homens tinha revólveres nos quadris, diferente dos mantos brancos. Um deles acendeu um charuto com o dedo, deixando claro que era um elementar. Alexandre soube naquele instante que eram a representação dos quatro elementos.  
Os ventos frios vindos do sul jogavam os cabelos de Ana para trás em um frenesi constante. Seu sobretudo, assim como de todos os lampiões presente no funeral, eram pretos, combinando com as almas entristecidas. Os agulhas negras, por outro lado usavam longas capas brancas, para mostrar a brandura da morte honrada. Para eles não havia motivos para tristezas, pois houve honra e não a vida de um covarde. Eles riam e contavam anedotas sobre David. Era a primeira vez que Ana via um funeral daquele jeito.A mão de Maria estava fria, e ela continuava com os olhos fixos no monte de terra onde o caixão vazio havia sido enterrado. Alexandre tocou seu ombro, e fez um gesto com a cabeça, ele queria que ela contasse alguma historia do amigo, mas ela n&
O lampião pulou no meio de dez homens. Pôs o primeiro revolver para cantar – um Cortez 36 – esse revolver não disparava um único projetil, mas sim varias esferas de chumbo. Os disparos iluminaram a noite, e mais uma vez Alexandre fez jus ao titulo lampião. A luz mortífera do lampião se apagou, deixando o trabalho de iluminar para lua, que revelava cavalos e homens caídos. Sangue, entranhas e merda espalhados. Alexandre esvaziou as câmaras e recarregou com cinco novos cartuchos, devolveu o revolver ao seu lugar e sacou outro, dessa vez um puma 38, capaz de comportar seis cápsulas contendo projeteis letais. Alexandre passou a revistar o que sobrara dos homens sobre o chão da floresta. Depois de alguns instantes constatou que nenhum daqueles homens tinha o que ele procurava.
Mal o ribombar da primeira badalada do grande sino tinha parado, e Ana já estava fora da cama. Enfiava as pernas nas calças enquanto lutava para se equilibrar. – Ana –Maria gemeu da cama ao lado –, você dormiu? – perguntou enquanto se sentava. –O suficiente – Ana respondeu, agora enfiando os braços na camisa. A menina terminou de calçar as botas e correu para a porta do dormitório que se abria. Dona Raimunda, monitora de dormitório parou ao ver Ana; lançou lhe um olhar de reprovação que fez Ana parar, olhou para trás e viu que não tinha arrumado a cama, o que era quase um crime para dona Raimunda. Ana revirou os olhos antes de volta a ca
Quando um órfão era aceito por um tutor, este assinava um termo de responsabilidade, prometendo cuidar, e lhe ensinar o oficio para que pudesse trabalhar quando chegasse a hora certa. Houve outra discussãodurante a assinatura do contrato, a mãe matriarca se negou a deixar o lampião assinar a principio, foi preciso que o barão intervisse. O lampião não se deixou abalar, resolveu tudo com um sorriso no rosto, o que começou a incomodar Ana, mas não o suficiente para cogitar desistir. E olha que muitas mães tentaram persuadi-la a mudar de ideia, mas Ana era obstinada, e não lhes deu ouvidos. Na maioria das vezes o órfão tinha um dia para se despedir, mas Alexandre não deu essa oportunidade para Ana, partindo uma hora depois de ter assinado o termo. –Vamos embora –