Meu lugar de equilíbrio.
Não poderia ter voltado para a casa que mantinha no mundo humano, não teria como simplesmente ficar vagando entre os pesadelos de outras pessoas. Não encontrava em mim a vontade suficiente para nenhum desses atos.
Após o toque da ponta de sua língua em meu polegar, por somente uma mísera fração de segundos, minha menina irradiou vida para o meu corpo morto há séculos. Fiquei paralisado, vendo-a correr para longe de mim, sem ter como ou porquê ir atrás dela. Mesmo quando ela já estava na saída da Obsessão e seus olhos encontraram os meus, conseguia sentir a mesma intensidade, como se ainda estivesse diante de mim.
Precisava me cercar do meu mundo, do que é conhecido, do que realmente sou feito e nada mais. Assim que meu corpo surgiu no submundo, senti o poder dela se esvaindo e o sorriso se espalhar em meus lábios.
Os dias passaram rápidos demais. Entre pesadelos, noites terríveis, sonhos sem sentido algum e passeios de exploração pela ilha, a semana foi embora e o tempo escorreu entre nossos dedos.Dani era a minha salvação necessária, estar ao lado dela me fazia bem. Sua presença e a forma positiva que enxergava a vida sempre me incentivava a seguir, ver o outro lado da mesma situação. Nem mesmo quando pegamos a tal caixa pessoal na recepção do prédio da Asupritor Eletrônica S/A e vimos tudo o que estava lá dentro, ela surtou.— Mas... olha, pense bem. — Olhávamos para dentro da caixa aberta entre nossas pernas no sofá. — Não é algo demais se pensarmos que é uma empresa de eletrônicos mega moderna, então deve ser normal os funcionários terem essas coisasEla deu de ombros, tirando de dentro da cai
Não consegui dormir. Sei que ele me desejou bons sonhos, mas naquela noite, infelizmente, não atendi aquele pedido. Meus pensamentos trabalhavam com uma frequência absurda, trazendo imagens, lembranças de momentos, ligando pontos, criando vínculos. Em um mundo cheio de mulheres, como ele conseguiu se envolver com a melhor amiga dela?Ela estava lá, acompanhou a dor da minha mãe, viu seu corpo definhando sobre a cama, sendo comido de dentro para fora. Vivenciou o que as sessões agressivas de quimioterapia lhe causavam, o quanto emagreceu e ouviu as confissões da minha mãe, do quanto não se sentia mais mulher para o meu pai.Não conseguia entender.Passei a lembrar de todas as vezes em que nos encontramos na casa dos meus pais e ela estava lá, rindo, conversando, brincando com ele como se fossem dois irmãos ou amigos antigos e quando, após a morte da minha m&ati
A presença de Ariela me atingia como se a luz da magia mais poderosa atravessasse meu corpo milenar. Nem mesmo todas as teorias já discutidas traziam sentido para o que via acontecer diante de meus olhos. Ela não deveria ser nada além somente minha fonte de prazer, o único prazer que realmente me interessava. Seu medo.Por horas fiquei à espreita, esperando o momento exato para degustar do néctar que escorria por seus poros todas as noites. Os pesadelos e o peso da culpa que carregava por acreditar não ter feito o suficiente por sua mãe a corroía, comendo-a de dentro para fora. E minha presença deixava tudo ainda mais interessante. Mas na noite anterior isso não aconteceu, não saciei meu desejo, a fome desenfreada, ao contrário, me limitei a ficar em um canto escuro de seu quarto, observando seu corpo seminu, mexer de um lado para o outro e sua face entregar o que sua boca n&atil
Como poderia recusar aquele convite entrelinhas? Não conseguiria nem mesmo se o homem sentado à minha frente não despertasse todos os meus desejos, o que não era o caso. Alin é a combinação perfeita da maturidade, beleza e mistério. Esse ar de mistério que jorra de todos os poros desse homem é um convite gritante para a total falta de pudor. E lá estava ele, diante dos meus desejos mais descarados, incentivando a minha imaginação a ir muito além do que poderia imaginar.Comida? Já nem via mais. Queria mesmo era que ele jogasse a louça no chão, arrancasse minhas roupas e me possuísse ali mesmo, entre salmão, saladas e vinho. Sim, sei que parece nojento, mas aquele homem valia a pena, acredite. E nunca mais comeria salmão da mesma forma.Me encarava tão intensamente, deixando claro que minhas palavras o afetaram. Ele nã
Meus instintos entraram em cena, dominando meu disfarce, quase revelando meu verdadeiro ser. Em toda a minha existência isso jamais havia acontecido. Quando descobri o prazer que o corpo humano poderia proporcionar, me entreguei aos desejos carnais, dos mais variados aos mais intensos, com uma única mulher, com várias, homens, ambos... Todas as formas de prazer já passaram pelo meu corpo e nunca, nem mesmo as mais insanas, chegaram perto de me proporcionar uma singela gota do que os lábios dela me proporcionaram.Ela seria minha. Não somente seu terror noturno, seus pesadelos e desespero, mas também seu corpo, seus lábios e seu coração.Meus pensamentos borbulhavam em minha mente. Não entendia como poderia desejar além do que meu ser realmente necessitava para existir, de que forma poderia conciliar minha natureza com o que precisaria ser para tê-la em minha vida. Estava fora do me
— Mas o que foi isso? — Meu corpo pegajoso, os cabelos grudados em meu rosto, meu coração acelerado e minha calcinha...Estava sentada sobre minha cama, somente de calcinha e a peça encontrava-se em um estado deplorável. A minha respiração estava pesada e não havia nem uma única gota de um pensamento razoavelmente estável em minha mente. Foi o sonho mais intenso, louco, prazeroso e desesperadamente real que tive. Nem meus piores pesadelos se comparavam àquilo. Ainda conseguia sentir o cheiro dele, sua presença, seu corpo dentro do meu, invadindo, possuindo, trocando minhas incertezas por prazer.Aquele almoço foi o começo da minha ruína.Como poderia me sentar atrás daquela mesa, exercer meu profissionalismo, quando na verdade o que eu queria mesmo era que meu chefe sombrio e misterioso me provasse que ele era ainda melhor que meu sonho? Seria um
Eu sabia.Compreendia muito mais do que ela poderia imaginar. Conhecia suas angústias, traumas e dores assim como a minha própria existência. Conhecia Ariela e sua bagagem, mas jamais poderia lhe contar. Vi suas feições mudarem de ira infantil a uma extrema frustração pessoal. O peso do relacionamento com a mãe, a mescla dos sentimentos e a certeza de estar sozinha, sem alguém para compartilhar o peso sobre seus ombros.Meu corpo ganhou vida antes mesmo que minha mente entendesse o que acontecia, a puxei para os meus braços e tudo o que queria era arrancar de dentro de Ariela a sensação de abandono, solidão. Naquele instante, nada mais tinha a importância do que a necessidade que sentia em ser tudo o que aquela doce e bem humorada menina confusa precisasse.Estava me tornando a escória da minha espécie. Preso a um sentimento que nem ao menos entendia, do
Sinceramente, não sei ao certo o que meu corpo realmente queria. Me alimentar, tendo Alin bem ao meu lado e uma casa só para nós dois parecia quase um crime, um desperdício, mas, por outro lado, meu estômago ganhou vida e reclamava audivelmente, matando-me de vergonha. Resolvi deixar a decisão nas mãos dele, implorando aos céus para que ele resolvesse alimentar minha barriga e depois todo o meu corpo. Alin me encarava, quase brincando com a situação, e eu me contorcia, desesperada para que cedesse.Tentei conter o riso.— O que quer comer? — ele perguntou soltando-se dos meus braços e, como se estivesse com dificuldades para manter um raciocínio logico perto de mim, andou até o sofá, jogando seu corpo sem nenhum cuidado.Imitei seu ato e me sentei ao lado dele, não tão colada ao seu corpo. Estava com medo de que antes mesmo que vivesse o meu