O que despertou Laura naquela manhã de segunda feira não foi seu despertador, muito menos sua mãe ou alguma discussão entre os irmãos, mas um vibrar constante debaixo de sua cabeça sobre o travesseiro.
— Hm... — a adolescente gemeu ao se notar acordada a apalpou a cama até encontrar a fonte de incômodo.
Abriu os olhos minimamente e os sentiu lacrimejar com a luz do aparelho que piscava com o nome de Martina na tela.
As duas estavam muito mais próximas desde a noite na emergência do hospital e Laura por algum motivo que ela mesma desconhecia contou para Martina sobre a conversa estranha com seus pais.
A jovem recebeu apoio incondicional para insistir no assunto com os pais — mesmo que à toa — e Martina ouvia cada palavra que dizia com uma atenção e interesse infindáveis.
Laura suspirou, ainda tão imersa no sono que seu rosto não esboçou o sorriso que sentia em seu interior.
Laurtiz
Laura
Estava na mesma posição que havia dormido: de bruços, os braços presos debaixo do corpo, o celular ao lado do rosto. Piscou os olhos lentamente enquanto ganhava consciência e sentia os dedos formigarem com a falta de circulação sanguínea, mas não se sentia desconfortável o bastante para se mexer até que a luz do celular incomodou seus olhos. Gemendo, Laura livrou uma das mãos que estava sob a barriga e bloqueou a luminosidade com a palma, mas o sentiu vibrar e suspirou, virando o aparelho em sua direção e sentindo os olhos lacrimejarem com a ardência provocada pela luz. Martina. Bom dia, Laurtiz! Queria te avisar que te joguei um feitio quando você dormiu sem se despedir de mim e agora você está perdidamente apaixonada pela minha pessoa. E Laura riu, seu riso soando baixo pela sonolência e por ter escondido o rosto no travesseiro e não notou que atendeu o telefone com a chamada de Martina Lopez até que ouviu sua voz. —
Foi em uma segunda-feira que o equilíbrio de Laura se tornou um problema grave. Não é que o fim de semana tenha sido livre de acidentes, porque seu equilíbrio algumas vezes parecia mudar junto com a lua, embora Laura nunca tivesse parado para contabilizar. O negócio é que a inércia do fim de semana a poupou de diversos acidentes. Laura ainda se sentia mergulhada em seu sono quando se deu conta da hora de levantar, mas não estranhou quando caiu diretamente de costas no chão ao se virar no colchão. Era apenas o segundo dia seguido que isso acontecia. Gemendo, Laura levou um tempo até conseguir se desvencilhar das cobertas para finalmente conseguir se levantar, mas antes mesmo que o fizesse, seu celular vibrou, indicando o que ela já sabia por hábito. — Marbs — foi a primeira coisa que falou ao levar o telefone ao ouvido, ainda sentada sobre as cobertas, a diferença de temperatura eriçando seus pelos e enrijecendo seus mamilos. — Ugh! Eu
Laura nem sabia por que estava em estado de choque. Quer dizer, Martina sempre dizia que estava apaixonada por ela. Talvez fosse o fato de que colocar em palavras tornava tudo tão real que confrontava os sentimentos que vinha fugindo de interpretar e isso a sufocava. E Martina nem estava exigindo nada. Sabia disso. Não esperava uma resposta. Não buscava por retorno. Mais uma coisa que Laura sabia era que Martina estava ciente de que algo também estava acontecendo com ela, mesmo que não soubesse colocar em ordem o que era tudo aquilo. Ainda assim, Laura desceu aquela noite para o jantar e comeu em silêncio, não correspondendo as provocações dos irmãos e sendo evasiva com as perguntas dos pais até que resolveram que não era o melhor dia da primogênita e talvez fosse melhor deixar que tivesse seu momento. Havia pensamentos demais rondando a cabeça de Laura e isso a deixava com uma vertigem chata e uma leve dor de cabeça. Até deixou na cama e proc
Sábado pareceu chegar mais rápido que o esperado e Laura estava exultante, o que era bem esquisito para ela. Olhava de um lado a outro em seu quarto se certificando que estava tudo certo desde que a mãe ajeitou um colchão ao lado de sua cama pela manhã. Algo em sua consciência diria que Martina diria estar decepcionada pelo colchão, mas ela tirava sarro por tudo. — Laur toda nervosa porque a namoradinha vem aqui em casa — provocou Edward quando viu que a irmã não estava comendo sequer metade do que havia em seu prato. Laura, que antes encarava a comida quase intocada, ergueu os olhos para o irmão e bufou. — Ela não é minha namorada — corrigiu, apesar de saber que de nada adiantaria. — Para conseguir que a chame para vir aqui em casa deve ser algum tipo de feiticeira — disse Beatrice após engolir uma porção de aspargos. — Não sei que feitiço ela fez, mas gosto dela — comentou Gabriel, atraindo o olhar da filha mais velha. — Papa
Havia um misto de confusão, adrenalina, medo e mais confusão, não somente da parte de Laura, que se encontrava no meio da floresta na companhia de uma louca encapuzada e uma fera sanguinária, mas para o próprio lobo, que parecia não saber o que fazer. O animal gania, emitia latidos, rolava no chão enchendo os pelos negros de folhas, corria atrás do próprio rabo e parecia não ter se dado conta de que estava em companhia de uma garota assustada e uma figura encapuzada, que assistia ao show pacientemente como todos os vilões de história que esperavam a transformação e show dos heróis para começar a atacar. Foi quando Laura reparou em um detalhe inusitado para alguém que aparentemente estava prestes a ser assassinada, mas convenhamos que sua mente sempre funcionava de forma estranha em maio ao perigo. — Ei! — ela exclamou — você não é o lobo que eu conheço. E não era mesmo, porque o animal se voltou para Laura e, parecendo extremamente surpreso, se ergueu
Laura se remexeu pela quinta vez aquela manhã antes de tomar consciência total de seu corpo. Havia sido uma noite difícil, não apenas pelos acontecimentos noturnos, mas pela presença de Martina em seu quarto que causava a ela estranheza, sobretudo pelo desconforto de dormir vestida. Tomando ciência do espaço corporal ocupado, a garota sentiu-se deitada de lado, quase de bruços, um dos braços debaixo do travesseiro e o outro pendendo para fora da cama. Suas pernas estavam jogadas de qualquer jeito, uma delas, cujas pontas dos dedos estavam encolhidas fora da coberta, estava flexionada. Os cabelos estavam emaranhados por todo o travesseiro e sobre seu rosto, as bochechas apertadas contra o travesseiro deixando sua boca entreaberta que em sua consciência súbita teve que fechar com rapidez e sorver o fio de baba que ameaçava escorrer. Com um gemido, a adolescente se espreguiçou, sentindo alguns membros estalarem e virando de barriga para cima — a coberta sobre os ombros
Atravessaram o quintal e a lateral da casa até os fundos. Clara, Eva e Beatrice se sentaram no banco de madeira disposto próximo ao fundo da casa. — Venha até aqui, Belle — chamou Clara. — Aqui, Martina — chamou Gabriel. As duas seguiram em direções opostas, Martina parando a frente dos dois homens. Edward se apressou para chegar até eles. — Muito bem — disse Juan — eu nunca precisei treinar alguém antes, nem imaginei que isso fosse acontecer, então Gabriel sabe o que está fazendo melhor do que eu. O homem assentiu, já que vinha se preparando desde o nascimento de Edward para o dia em que precisaria treiná-lo. — O objetivo, Martina, é que você possa controlar sua transformação. Essa noite você fez isso sem querer e precisou da ajuda de Laura para voltar, mas você pode controlar isso sozinha — Gabriel disse. Ela olhou de relance para Laura, a vendo sentada próxima a Clara, que conversava com sua mãe. Parecia completamente pálida
A sensação estranha de vazio começou assim que abriu os olhos. Primeiro, se situou: estava em seu quarto, nua — o que indicava que não havia ninguém além dela no cômodo —, deitada ligeiramente de barriga para cima, porém com as pernas flexionadas para a direita; um de seus braços agarrava o cobertor contra o peito e o outro se encontrava dobrado ao lado da cabeça em uma posição esquisita que permitia eu tocasse a bochecha com os nós dos dedos. Desfez o biquinho em seus lábios assim que o percebeu, piscou prolongadamente por alguns segundos e por fim se esticou, se espreguiçando de modo que a coberta escorregou de seus seios, a desnudando e fazendo sua pele se arrepiar e seus mamilos enrijecerem. Passou as mãos quentes por eles com naturalidade, tentando passar algum calor. “Talvez eu devesse colocar um piercing neles”, pensou diante da sensação de seus mamilos duros contra as palmas das mãos. Um sorriso brincou no canto de seus lábios e ela mo