Havia um misto de confusão, adrenalina, medo e mais confusão, não somente da parte de Laura, que se encontrava no meio da floresta na companhia de uma louca encapuzada e uma fera sanguinária, mas para o próprio lobo, que parecia não saber o que fazer.
O animal gania, emitia latidos, rolava no chão enchendo os pelos negros de folhas, corria atrás do próprio rabo e parecia não ter se dado conta de que estava em companhia de uma garota assustada e uma figura encapuzada, que assistia ao show pacientemente como todos os vilões de história que esperavam a transformação e show dos heróis para começar a atacar.
Foi quando Laura reparou em um detalhe inusitado para alguém que aparentemente estava prestes a ser assassinada, mas convenhamos que sua mente sempre funcionava de forma estranha em maio ao perigo.
— Ei! — ela exclamou — você não é o lobo que eu conheço.
E não era mesmo, porque o animal se voltou para Laura e, parecendo extremamente surpreso, se ergueu
Laura se remexeu pela quinta vez aquela manhã antes de tomar consciência total de seu corpo. Havia sido uma noite difícil, não apenas pelos acontecimentos noturnos, mas pela presença de Martina em seu quarto que causava a ela estranheza, sobretudo pelo desconforto de dormir vestida. Tomando ciência do espaço corporal ocupado, a garota sentiu-se deitada de lado, quase de bruços, um dos braços debaixo do travesseiro e o outro pendendo para fora da cama. Suas pernas estavam jogadas de qualquer jeito, uma delas, cujas pontas dos dedos estavam encolhidas fora da coberta, estava flexionada. Os cabelos estavam emaranhados por todo o travesseiro e sobre seu rosto, as bochechas apertadas contra o travesseiro deixando sua boca entreaberta que em sua consciência súbita teve que fechar com rapidez e sorver o fio de baba que ameaçava escorrer. Com um gemido, a adolescente se espreguiçou, sentindo alguns membros estalarem e virando de barriga para cima — a coberta sobre os ombros
Atravessaram o quintal e a lateral da casa até os fundos. Clara, Eva e Beatrice se sentaram no banco de madeira disposto próximo ao fundo da casa. — Venha até aqui, Belle — chamou Clara. — Aqui, Martina — chamou Gabriel. As duas seguiram em direções opostas, Martina parando a frente dos dois homens. Edward se apressou para chegar até eles. — Muito bem — disse Juan — eu nunca precisei treinar alguém antes, nem imaginei que isso fosse acontecer, então Gabriel sabe o que está fazendo melhor do que eu. O homem assentiu, já que vinha se preparando desde o nascimento de Edward para o dia em que precisaria treiná-lo. — O objetivo, Martina, é que você possa controlar sua transformação. Essa noite você fez isso sem querer e precisou da ajuda de Laura para voltar, mas você pode controlar isso sozinha — Gabriel disse. Ela olhou de relance para Laura, a vendo sentada próxima a Clara, que conversava com sua mãe. Parecia completamente pálida
A sensação estranha de vazio começou assim que abriu os olhos. Primeiro, se situou: estava em seu quarto, nua — o que indicava que não havia ninguém além dela no cômodo —, deitada ligeiramente de barriga para cima, porém com as pernas flexionadas para a direita; um de seus braços agarrava o cobertor contra o peito e o outro se encontrava dobrado ao lado da cabeça em uma posição esquisita que permitia eu tocasse a bochecha com os nós dos dedos. Desfez o biquinho em seus lábios assim que o percebeu, piscou prolongadamente por alguns segundos e por fim se esticou, se espreguiçando de modo que a coberta escorregou de seus seios, a desnudando e fazendo sua pele se arrepiar e seus mamilos enrijecerem. Passou as mãos quentes por eles com naturalidade, tentando passar algum calor. “Talvez eu devesse colocar um piercing neles”, pensou diante da sensação de seus mamilos duros contra as palmas das mãos. Um sorriso brincou no canto de seus lábios e ela mo
— Laura! — exclamou Edward perplexo com a atitude da irmã, que geralmente não era violenta.Laura arregalou os olhos, só então recebendo as palavras de Rebecca e congelando ao perceber o que tinha feito, xingando a si com todos os palavrões que conhecia.— Para a diretoria, mocinha — uma professora que surgiu misteriosamente no corredor ordenou — e o senhor passe na enfermaria antes de ir para a direção.— Ela quebrou meu nariz! Essa desgraçada quebrou meu nariz! — ele rugia.— Tenho certeza de que não foi por acaso. De todo modo, andem logo, os dois! Eu os acompanho — a professora disse antes de se virar para as pessoas que olhavam — para a sala, todos vocês!As mãos de Laura tremiam.— Laur! — chamou Edward, preocupado com o olhar perdido e o rosto pálido da irmã.— Para a sala, senhor Ortiz! — ordenou a mulher, que não era ninguém mais, ninguém menos que a baixinha e irritada professora de cálculo do rapaz.Ela levou uma mão as cost
Martina tinha que admitir: estava cansada. Desde seu encontro com a criatura na floresta e sua transformação em lobo, vinha acordando no meio da noite completamente assustada e verificando se ainda era humana e se estava em casa, segura. Então, demorava para dormir por ficar longos minutos acalmando as batidas do coração. Naquela manhã, a jovem encarava em seu reflexo no espelho o resultado das noites mal dormidas: as olheiras logo abaixo de seus olhos. Tais marcas eram novidades para Martina, pois era muito boa em estar descansada, tamanha prioridade seu sono tinha em sua vida. Estava em seu banheiro, o ar quente de banho recém tomado manchando o espelho, a toalha rosa envolta em seu corpo enquanto se analisava minuciosamente. Tentava se convencer de que ainda era a mesma Martina, uma adolescente comum com um primeiro nome feio apaixonada por uma garota incrível, apenas com uns probleminhas de sono e pelos por todo o corpo ocasionalmente, além de uma
Martina voltou a realidade ao sentir um cutucão na lateral do corpo que a fez erguer a cabeça. Estranho, quando havia mudado de posição? “MARTINA, VOCÊ DORMIU EM FORMA DE LOBO!”, sua mente gritou e ela se pôs em pé de uma vez. Ouviu Gabriel bufar como se risse e, confusa, se voltou para ele, que indicou que deveriam tomar água demonstrando na prática como deveria fazer. Martina até tentou, mas era incrivelmente desajeitada e quase se afogou. Ao menos em sua cabeça. Por fim, deixou de lado e seguiu Gabriel, que encontrou uma árvore novinha de eucalipto realmente baixa e começou a mastigar as folhas da base. Seguindo seu exemplo e porque a planta era realmente cheirosa, Martina fez o mesmo e se deliciou com as folhas. — Rolf! — chamou Gabriel e os dois começaram a correr de volta, Martina apreciando ainda mais suas habilidades em correr em forma de lobo e a paisagem ao redor incrivelmente bonita e tão colorida em diversos tons de verde e marrom.
Laura não era burra. Ou, ao menos, acreditava que não. Desespero em vista, ela se lembrou de pegar o celular e verificar se Martina estava em segurança, apesar de todos os seus instintos gritarem que não. Com as mãos tão suadas quanto o resto do corpo, ela deslizou até o nome da garota surgir na tela e apertou para entrar em ligação. Os bipes soaram agonizantemente em ecos durante o que pareceu uma eternidade, até que a ligação caiu na caixa postal. Laura gemeu e seus olhos queimaram. Ela tentou novamente, considerando que Martina provavelmente estava dormindo. Era isso, certo? — Vamos, Martina... — murmurou contra o telefone enquanto aguardava — Margarete, atenda essa droga de telefone! Um lobo uivou ao longe e cada milímetro da adolescente se arrepiou. Ela gemeu novamente, agoniada. Quando Martina não atendeu sua quarta tentativa de ligação, Laura decidiu que estava na hora de fazer alguma coisa, portanto, sai
Em um ato de um grito em meio a toda aquela luz e dor, Laura quase não soube definir se estava mesmo viva ou morta. Digo, ela tinha certeza de que não estava morta, mas não se sentiu muito viva com um punhal enfiado no corpo. No mesmo segundo em que tudo aconteceu, Martina quis imediatamente voltar a forma humana e tomar Laura em seus braços, a puxando para um lugar seguro. No entanto, sabia que de nada ajudar naquele estado e sua única esperança era ser boa o bastante para acabar com aquela versão macabra da garota por quem teve uma grande atração por anos e que agora matava — apenas tentava matar, Martina colocou isso em sua cabeça, afinal, Laura tinha que viver — a dita como amor de sua vida. Parecia até uma briga de novela da ex contra a atual, mas a verdade é que Martina era um tanto faz, apenas um meio para chegar em Laura. E mesmo que tivesse optado por virar humana e salvar Laura, algo ainda mais estranho aconteceu quando a adaga foi cravada e