A sensação estranha de vazio começou assim que abriu os olhos.
Primeiro, se situou: estava em seu quarto, nua — o que indicava que não havia ninguém além dela no cômodo —, deitada ligeiramente de barriga para cima, porém com as pernas flexionadas para a direita; um de seus braços agarrava o cobertor contra o peito e o outro se encontrava dobrado ao lado da cabeça em uma posição esquisita que permitia eu tocasse a bochecha com os nós dos dedos.
Desfez o biquinho em seus lábios assim que o percebeu, piscou prolongadamente por alguns segundos e por fim se esticou, se espreguiçando de modo que a coberta escorregou de seus seios, a desnudando e fazendo sua pele se arrepiar e seus mamilos enrijecerem.
Passou as mãos quentes por eles com naturalidade, tentando passar algum calor.
“Talvez eu devesse colocar um piercing neles”, pensou diante da sensação de seus mamilos duros contra as palmas das mãos.
Um sorriso brincou no canto de seus lábios e ela mo
— Laura! — exclamou Edward perplexo com a atitude da irmã, que geralmente não era violenta.Laura arregalou os olhos, só então recebendo as palavras de Rebecca e congelando ao perceber o que tinha feito, xingando a si com todos os palavrões que conhecia.— Para a diretoria, mocinha — uma professora que surgiu misteriosamente no corredor ordenou — e o senhor passe na enfermaria antes de ir para a direção.— Ela quebrou meu nariz! Essa desgraçada quebrou meu nariz! — ele rugia.— Tenho certeza de que não foi por acaso. De todo modo, andem logo, os dois! Eu os acompanho — a professora disse antes de se virar para as pessoas que olhavam — para a sala, todos vocês!As mãos de Laura tremiam.— Laur! — chamou Edward, preocupado com o olhar perdido e o rosto pálido da irmã.— Para a sala, senhor Ortiz! — ordenou a mulher, que não era ninguém mais, ninguém menos que a baixinha e irritada professora de cálculo do rapaz.Ela levou uma mão as cost
Martina tinha que admitir: estava cansada. Desde seu encontro com a criatura na floresta e sua transformação em lobo, vinha acordando no meio da noite completamente assustada e verificando se ainda era humana e se estava em casa, segura. Então, demorava para dormir por ficar longos minutos acalmando as batidas do coração. Naquela manhã, a jovem encarava em seu reflexo no espelho o resultado das noites mal dormidas: as olheiras logo abaixo de seus olhos. Tais marcas eram novidades para Martina, pois era muito boa em estar descansada, tamanha prioridade seu sono tinha em sua vida. Estava em seu banheiro, o ar quente de banho recém tomado manchando o espelho, a toalha rosa envolta em seu corpo enquanto se analisava minuciosamente. Tentava se convencer de que ainda era a mesma Martina, uma adolescente comum com um primeiro nome feio apaixonada por uma garota incrível, apenas com uns probleminhas de sono e pelos por todo o corpo ocasionalmente, além de uma
Martina voltou a realidade ao sentir um cutucão na lateral do corpo que a fez erguer a cabeça. Estranho, quando havia mudado de posição? “MARTINA, VOCÊ DORMIU EM FORMA DE LOBO!”, sua mente gritou e ela se pôs em pé de uma vez. Ouviu Gabriel bufar como se risse e, confusa, se voltou para ele, que indicou que deveriam tomar água demonstrando na prática como deveria fazer. Martina até tentou, mas era incrivelmente desajeitada e quase se afogou. Ao menos em sua cabeça. Por fim, deixou de lado e seguiu Gabriel, que encontrou uma árvore novinha de eucalipto realmente baixa e começou a mastigar as folhas da base. Seguindo seu exemplo e porque a planta era realmente cheirosa, Martina fez o mesmo e se deliciou com as folhas. — Rolf! — chamou Gabriel e os dois começaram a correr de volta, Martina apreciando ainda mais suas habilidades em correr em forma de lobo e a paisagem ao redor incrivelmente bonita e tão colorida em diversos tons de verde e marrom.
Laura não era burra. Ou, ao menos, acreditava que não. Desespero em vista, ela se lembrou de pegar o celular e verificar se Martina estava em segurança, apesar de todos os seus instintos gritarem que não. Com as mãos tão suadas quanto o resto do corpo, ela deslizou até o nome da garota surgir na tela e apertou para entrar em ligação. Os bipes soaram agonizantemente em ecos durante o que pareceu uma eternidade, até que a ligação caiu na caixa postal. Laura gemeu e seus olhos queimaram. Ela tentou novamente, considerando que Martina provavelmente estava dormindo. Era isso, certo? — Vamos, Martina... — murmurou contra o telefone enquanto aguardava — Margarete, atenda essa droga de telefone! Um lobo uivou ao longe e cada milímetro da adolescente se arrepiou. Ela gemeu novamente, agoniada. Quando Martina não atendeu sua quarta tentativa de ligação, Laura decidiu que estava na hora de fazer alguma coisa, portanto, sai
Em um ato de um grito em meio a toda aquela luz e dor, Laura quase não soube definir se estava mesmo viva ou morta. Digo, ela tinha certeza de que não estava morta, mas não se sentiu muito viva com um punhal enfiado no corpo. No mesmo segundo em que tudo aconteceu, Martina quis imediatamente voltar a forma humana e tomar Laura em seus braços, a puxando para um lugar seguro. No entanto, sabia que de nada ajudar naquele estado e sua única esperança era ser boa o bastante para acabar com aquela versão macabra da garota por quem teve uma grande atração por anos e que agora matava — apenas tentava matar, Martina colocou isso em sua cabeça, afinal, Laura tinha que viver — a dita como amor de sua vida. Parecia até uma briga de novela da ex contra a atual, mas a verdade é que Martina era um tanto faz, apenas um meio para chegar em Laura. E mesmo que tivesse optado por virar humana e salvar Laura, algo ainda mais estranho aconteceu quando a adaga foi cravada e
Nua. Era como se sua mente estivesse despida depois de todos os acontecimentos, se encontrando em sua forma mais pura. Laura ainda se sentia dormente e com um zumbido chato no ouvido quando recebeu alta, mas seu humor estava consideravelmente melhor do que tinha estado nos últimos anos, o que era uma surpresa boa. Já acostumados com o humor da adolescente que vinha se alterando desde a chegada de Martina em sua vida, a família Ortiz não sentiu tanta diferença quanto ela mesma sentia. Havia uma sensação de que vinte toneladas, no mínimo, haviam sido retiradas de cima de seus ombros, que vinha de toda a amargura e tristeza jogada contra Betanie durante sua libertação. Laura não sabia disso com certeza, mas já havia notado uma relação de seu estado antes e depois do acontecimento. Já em casa, foi recebida com vivas, flores e balões por suas amigas, que arriscaram o próprio pescoço pegando sua câmera emprestada para capturar o momento de sua chega
Sentindo-se flutuar com a leveza dos céus, Laura caminhou aquela noite em direção a sua casa assim que desceu do carro de Zuri e se despediu. Tinha em mãos algumas sacolas de roupas e no peito o bater emocionado de seu coração, em parte aliviado que toda a tensão tivesse sido arrancada de seu corpo, em parte saudoso do contato caloroso de Martina.E pensar na garota a fez sentir um clássico bater de asas de milhares de borboletas no estômago e seu rosto se alargar em um sorriso como se estivesse sendo iluminado por mil sóis. Laura não se lembrava de alguma vez ter sentido algo como isso ou mesmo próximo, mas sabia que era extraordinário.Entrou em casa e encontrou os pais e os irmãos assistindo televisão na sala, os quatro voltando seus olhares para ela assim que pôs os pés para dentro e a avaliação de seu estado era tamanha que sentiu as b
O avô de Laura foi embora após duas semanas de treinamento intenso. Tom achou adequado que passasse o que sabia adiante e então eles seguiriam sozinhos porque tinha sua própria vida para cuidar.Laura havia descoberto muito sobre a lua e sobre ela mesma.A começar por como era mexida por ela. Sua introspecção e calma na lua nova. Como tudo se tornava mais intenso na lua cheia. A divisão entre apatia, agressividade e confusão da lua minguante que era bem estranho e conturbado. E a porcaria da lua crescente que a fazia cair e se arrebentar mais que tudo.Assi, a lua nova foi realmente um bom período para aprender sobre si mesma e se descobrir. Algumas coisas pareciam bem irreais, como a bizarrice de mover as coisas com o poder da mente, e se não tivesse passado pela experiência de controlar a maré acharia que estavam inventando todas aquelas coisas, apesar de ainda estar um ta