POV LinneaA floresta estava quieta naquela manhã, então decidi sair para caminhar um pouco, colocar a cabeça em ordem. Mal consegui dormir pensando no que a Lua havia dito sobre o meu predestinado. Não tinha certeza se eu conseguiria encontrá-lo, afinal eu não conseguia me lembrar de seu rosto. Mesmo assim, sentia que as palavras da Lua não eram tão absurdas quanto pareciam. Em meus sonhos, eu pude sentir a conexão com aquele lobo branco e com o homem, eram sentimentos tão fortes que seria impossível me confundir quando os encontrasse pessoalmente.Acabei me distraindo com meus pensamentos enquanto andava entre as árvores, mas não me preocupei muito, já que eu seria enviada de volta para a cabana. Aproveitei para pegar algumas frutas silvestres, mas um forte vento soprou, muito parecido com a noite da tempestade.― O que está acontecendo com essa floresta? ― Questionei, sentindo o vento ficando mais forte, ao ponto de me empurrar para frente. As frutas caíram do lenço onde eu as est
POV Linnea O clarão branco diminuiu, revelando as duas figuras que eu havia visto antes. Elas estavam caminhando para longe, então comecei a ir na direção delas, sentindo a urgência de me aproximar e não permitir que elas se afastassem ainda mais. Meu corpo não estava mais doendo, eu conseguia me mover com facilidade enquanto corria com todas as minhas forças. Meus pulmões queimaram com o esforço e minhas pernas tremiam, mas eu não parei. Estendi minhas mãos, tentando alcançá-las. ― Esperem! ― Gritei em desespero. ― Por favor! Fiquem! As figuras param de se afastar. Se movendo como um espelho, em perfeita sincronia, elas viraram seus rostos, mostrando que não eram apenas os seus movimentos que eram idênticos. Ambas tinham grandes olhos negros, lábios delicados e rosados em formato de coração, sobrancelhas finas e narizes pequenos. Elas pareciam ser a mesma, porém diferentes entre si. Caí de joelhos diante daquelas figuras, sentindo o poder que emanava de suas presenças. Ao virarem
POV LinneaSentada em uma grande pedra, olhei minhas mãos e pernas, recordando as dores que senti quando caí daquele penhasco. Não havia nem mesmo uma marquinho na minha pele, tudo parecia normal. Se não fossem minhas roupas, que ainda tinham manchas de sangue e estavam completamente rasgadas, eu poderia acreditar que fomos até a quela gruta para nadar e nos divertir.Aproveitei que Lua havia saído em busca de alguma erva que ajudasse na minha repentina dor de cabeça e comecei a andar pelo lugar, sentindo que havia algo diferente naquela gruta. As paredes de pedra eram como qualquer outra, assim como o pequeno lago de água cristalina, mas eu conseguia sentir uma energia, mesmo fraca, naquele lugar. Parecia que algo ou alguém extremamente poderoso viveu muito tempo ali, mas o abandonou.― Para onde você foi? ― Perguntei em voz alta, passando as pontas dos dedos na áspera parede de pedra.― Buscar as ervas. ― Lua disse as minhas costas, me assustando. Saltei colocando a mão sobre o peit
POV LiefMinha última reunião com o contratante foi um saco. Um engomadinho mimado que queria apagar sua ex noiva que estava tentando dar o golpe da barriga nele, mas é claro que o príncipe não estava a fim de abrir mão da sua vidinha fútil, regada a drogas e bebedeiras. Como até mesmo uma criatura bestial como eu, carrega o mínimo de ética, recusei gentilmente o trabalho e mandei o filho da puta crescer.Eu precisava de grana e a investigação sobre a mulher do Ashfur não estava caminhando da maneira que acreditei que estaria. Como era possível uma mulher que era escrava, viveu toda a sua fida presa em uma gaiola, conseguiu desaparecer sem deixar qualquer rastro? Fiz uso das minhas melhores fontes, mas nada foi descoberto.A cidade estava mais agitada do que o normal. Pessoas com seus rostos grudados em seus smartphones não era nada fora do comum, mas a partir do momento em que essas pessoas estão falando entre si e mostrando algo para todos a sua volta, bem, aí sim a coisa fica estra
POV LinneaO homem se virou para partir, mas corri para impedi-lo, segurando seu pulso com ambas as mãos. Tinha medo de que, caso ele fosse embora naquele momento, não voltaria mais e perderíamos nossa única oportunidade de sair daquele pesadelo. Minha voz ficou presa em minha garganta enquanto eu tentava organizar meus pensamentos, colocando o medo de lado por um momento.― Você vai mesmo voltar? ― Perguntei ansiosa, tremendo a resposta do homem. Senti seus dedos sobre as minhas mãos, cuidadosos e gentis, como se estivesse tentando não me assustar mais do que eu já estava.― Eu sempre concluo os meus trabalhos, pequena senhorita. Apenas me espere aqui, não vou demorar. ― Mantendo meus olhos fechados, assenti concordando e o soltei.Seus pesados passos se afastaram, então eu me virei para a cabana, brindo meus olhos bem a tempo de ver Lua saindo com uma grande pilha de livros em seus braços. Ela descia saltitante os poucos degraus, indo em direção a grande fogueira que queimava com in
POV Linnea Não conseguia entender o que estava acontecendo, estava assustada, mas obedeci e peguei o colar. A corrente era longa o bastante para colocar a joia sem precisar soltar o fecho. Assim que o colar se acomodou em meu colo, o homem me pegou nos braços e correu, me surpreendendo. ― Espera! O que está acontecendo?! ― Gritei enquanto me agarrava ao homem, envolvendo meus braços ao redor de seu pescoço. ― Estamos sobrevivendo, senhorita. ― Senti o sangue gelar. Ergui meus olhos, e um grupo de grandes lobos surgiu, correndo entre as árvores. Seus olhos estavam focados em mim, seus longos dentes expostos pingavam o viscoso líquido vermelho que acreditei vir dos ferimentos do homem que estava me ajudando. Os lobos rosnavam, correndo cada vez mais rápido e se aproximando cada vez mais. De repente saltamos, pousando suavemente em um galho, então saltamos para o próximo e assim por diante, mas os lobos não pareciam dispostos a nos deixar seguir em frente. ― Se continuar assim, vamo
POV LinneaA policial não disse nada durante o caminho. Decidi manter meus olhos fechados, pensando em como eu poderia entrar em contato com o Kael. Lief havia sido levado pelos outros policiais e eu não fazia ideia para onde. ― Com licença. ― Chamei do banco de trás. ― Para onde estamos indo?― Estou levando você até o hospital, querida. Você precisa ser atendida, depois entraremos em contato com a sua família. ― A policial respondeu com uma voz suave.Precisava ter alguma garantia de que estava mesmo sendo levada para o hospital. Foquei nos sons do lado de fora, algo que fosse fácil de identificar onde estávamos. O carro se movia de forma constante, até que lentamente a velocidade foi diminuindo até parar completamente. A porta ao meu lado se abriu e me encolhi no banco.― Está tudo bem, estamos no hospital. ― A policial disse, tocando minha mão com a dela de maneira gentil, mas eu a afastei.― Como posso ter certeza de que estamos no hospital? ― Questionei ouvindo o caos de veícul
POV IsoldeAssim que o diretor do hospital me ligou, informando que a mulher que eu vinha buscando havia dado entrada, corri no mesmo instante, abandonando a bruxa nua em minha cama de hotel. Ela havia me dito que tinha Linnea presa em um local seguro, onde ninguém poderia encontrá-la. Ao que parecia, além de não ter herdado o dom da magia de suas falecidas irmãs, a mulher era uma mentirosa sem um pingo de vergonha na cara.Dei instruções claras de que ninguém poderia chegar até ela antes de mim e corri, costurando pelo trânsito caótico de São Francisco até o ST. Mary. Henrique, um dos médicos patrocinados por meu pai com uma bolsa de estudos, me levou pessoalmente até o quarto onde Linnea estava.― Claramente ela está traumatizada, assustada com qualquer um que tente se aproximar. Não tivemos tempo para examiná-la devidamente, mas parece ter algo de errado com seus olhos. ― Parei de andar e olhei para o médico, que se surpreendeu com a minha reação.― Como assim? ― Questionei, lembra