POV LinneaImediatamente abracei meu corpo, me virando de lado, protegendo minha barriga e a pequena vida que crescia dentro de mim. O silêncio dominou, tudo o que eu ouvia eram as batidas do meu coração ecoando em meus ouvidos. Não me atrevi a erguer meus olhos na direção de Alaric ou Gideon, apenas continuei encolhida onde estava.― O cheiro dela… ― Alaric diz confuso, mas Gideon o interrompe.― É muito recente. Eu já estive com lobas grávidas, conheço o cheiro. O dessa mulher está muito fraco para lobos inexperientes notarem. ― Alaric rosna, então sinto seu olhar recaindo sobre mim.― De quem é? ― A voz baixa e cortante de Alaric faz meu sangue gelar e meu corpo inteiro tremer.― Como eu vou saber? Até onde eu sei, ela estava fugindo de alguém. No final, isso não importa.― Importa! Minha luna foi tocada e a semente de outro homem está crescendo em seu ventre. ― Assustada com as palavras de Alaric, olho para os homens. Gideon parecia tão chocado quanto eu.― Não diga besteiras. Ess
POV LinneaAquele quarto já havia se tornado familiar para mim. Desde que Alaric ordenou meu isolamento, as únicas que entravam e saiam do quarto eram aquelas duas mulheres. Não tinha nada para fazer, além de ficar olhando o sol se movendo pelo céu e o surgimento da lua. Minhas refeições chegavam todos os dias no mesmo horário e eram sempre as mesmas comidas. Sem que ninguém percebesse, consegui pegar uma pequena faca sem corte e comecei a marcar na lateral da cama os dias.Já tinham se passado dez dias quando algo diferente aconteceu. Eu estava sentada próxima à janela e ouvi o som da fechadura sendo aberta. Um homem já idoso carregando uma maleta entrou, seguido por uma das mulheres que vinha cuidando de mim. Minha maior surpresa foi ver Alaric e Gideon entrando em seguida. Saltei e colei as costas na parede. O homem que entrou na frente olhou para Alaric, que acenou com a cabeça de forma positiva.― Minha jovem, eu sou o doutor Felix. ― O tom gentil do homem, mesmo que tentasse me
POV Kael Os sons do salto de Fiora batendo no piso do meu escritório me irritava. Já tinha problemas demais rondando na minha cabeça e lidar com uma bruxa que acreditava ser importante de alguma maneira. ― Kael, já tem alguma notícia da portadora da joia? ― A voz tranquila e animada de Fiora não condizia com suas palavras de preocupação. Rosnei para a mulher, que parou no meio de seu caminho até minha mesa. ― E por que isso seria da sua conta? ― Fiora parecia ofendida com meu questionamento, mas eu não poderia estar me importando menos com ela. ― Já te avisei várias vezes, não quero vê-la perambulando por aqui. Se eu precisar de você, irei até a sua casa. ― Realmente, estou preocupada com aquela menina. Quando foi me ver, parecia assustada e confusa. Por mais que suas palavras parecessem preocupadas e gentis, seu cheiro não mentia. A mulher diante de mim pensava apenas nela, em seus interesses e desejos, sempre foi assim. Me levantei, dando a volta na mesa e me aproximando de Fi
POV LinneaTodas as noites eu chorava até adormecer, encolhida no centro da maca, atenta a qualquer som ao meu redor. Naquela manhã, a casa estava muito agitada. Podia ouvir passos apressados do lado de fora, vozes diferentes ecoando pelos corredores. Me aproximei com cuidado da porta o colei o ouvido na madeira, mas tudo carecia tão caótico que estava difícil entender o que acontecia.Voltei para o banheiro e olhei no espelho de corpo inteiro, pela primeira vez eu estava me vendo por inteira desde que havia descoberto a gravidez através das palavras daquela bruxa. Tirei minhas roupas, ficando completamente nua. Meu corpo estava repleto de marcas das torturas que sofri durante os anos que estive nas mãos de OctaviusA tinta que Isolde usou no meu cabelo parecia estar desbotando. Minha mão deslizou até a minha barriga, ainda lisa. Ainda era estranho para mim pensar que uma vida estava crescendo dentro de mim, mas eu me sentia estranhamente feliz também. Entrei no chuveiro e comecei a t
POV LinneaEstava claro que eu não sairia com vida daquela casa. Alaric estava completamente fora de si, a veia em seu pescoço pulsava, suas pupilas estavam tão dilatadas que se mesclavam a íris negra, seus punhos tremiam e cada passo que dava criava profundas fendas no chão de terra. Todo aquele ódio estava direcionado apenas a mim.O mundo ao meu redor estava em completo silêncio, diante de mim um alfa enfurecido, capaz de fazer qualquer coisa sem pensar duas vezes. Eu não tive coragem para olhar além de Alaric, não tive coragem se quer para tentar fugir. A mulher simplesmente me soltou e se afastou, me deixando a merce daquele homem louco e enfurecido.Com movimentos lentos, Alaric estendeu sua mão e agarrou meu pulso com tanta força que achei que fosse parti-lo em vários pedaços. Aproximando seu rosto do meu, ele voltou a falar.― Eu odeio me repetir. Diga logo, quem realmente é o pai dessa coisa que você está carregando. ― Seu tom baixo e autoritário fez todo o meu corpo tremer d
POV KaelAquele lugar estava um lixo, aquilo se quer poderia ser chamado de alcateia. Lobos fracos, doentes e desnutridos fugiam para se esconderem de mim. Alguns soldados se aproximavam, mas era evidente que eles desejavam estar em qualquer outro lugar e não na minha frente. Fracos de mente, corpo e espírito. Até mesmo os ômegas da minha alcateia os venceriam com facilidade. Farejei seu medo, suas dúvidas e percebi de imediato que nenhum deles estava satisfeito com seu alfa. Bem, seria um prazer matar o alfa que se atreveu a pegar o que me pertencia e agregar aquela pequena alcateia a Silentmoon.Estava prestes a dar aos meus inimigos a escolha que eles mais desejavam, se unirem a mim e viverem, porém, os ventos trouxeram o som mais doce que já tocaram meus ouvidos. A voz que a dias eu desejava ouvir chamando pelo meu nome. ― Kael… ― Não passava se um sussurro, mas estava claro como o próprio dia. Meu lobo se enfurece ao pensar que Linnea poderia estar correndo algum perigo e logo
POV LinneaO calor dos braços de Kael me ninar durando o caminho. Seu perfume apimentado vez meu coração vibrar de felicidade e meu corpo relaxar, finalmente nós estávamos a salvo. O movimento suave de seus passos fizeram o medo e a dor desaparecerem, minha mão caiu sobre minha barriga dolorida, eu não sabia se o meu bebê estava bem depois do que Isolde nos fez, mas eu não tinha forças para falar ou mesmo abrir meus olhos, até que a escuridão finalmente me engoliu por completo.― Ela não vai acordar? ― Uma voz feminina suave, quase como o sopre do vento, disse próxima ao meu ouvido direito.― Seja paciente. Você viu o que fizeram a pobre criança. ― Outra voz, essa mais doce, falou junto ao meu ouvido esquerdo.― Sim, eu vi. Por isso acho que é melhor que ela esqueça toda essa dor. ― A primeira voz disse com um tom triste.― Não cabe a nós decidirmos, já nos envolvemos mais do que deveríamos nas vidas deles. ― A segunda voz falou com dor em sua voz.Abri meus olhos lentamente. Um grand
POV LinneaMeu corpo inteiro doía, especialmente a minha barriga. Tentei me mover, mas era difícil. Onde eu estava? Parei e ouvi o ambiente, um apito constante era a única coisa que ecoava no ambiente. Arrastei minhas mãos ao redor, sentindo a macies de um tecido que me cobria. Respirei profundamente, o cheiro de álcool era muito forte, mas eu conseguia sentir suaves notas apimentadas no ar. Meu coração deu um leve salto, mas quando tentei colocar minha mão sobre o peito senti que algo estava preso a ela. Após confirmar que estava sozinha, abri meus olhos lentamente, me deparando com um teto alto e branco. Meus olhos doíam, assim como a minha cabeça e gemi baixinho. Havia tantos aparelhos conectados a mim, mas aquele quarto não parecia em nada com uma enfermaria. As cores eram suaves, com tons de bege e branco, havia um grande sofá próximo à janela, uma pequena mesa, e até mesmo uma geladeira pequena perto do que parecia ser um guarda-roupas. Um hospital como aquele deveria ser muito