POV LinneaA floresta estava tranquila e a noite quente, então decidi dar um passeio, respirar um pouco de ar puro depois da manhã agitada que vivi com Torin. Verifiquei as notícias e ele dizia a verdade. Torin vendeu todas as suas empresas, ações, propriedades. Até mesmo seu pai, acreditando que o filho havia enlouquecido, bloqueou todo o acesso de Torin às contas empresariais que dividia com o pai e tirou seu nome do testamento. Em uma entrevista, o patriarca da família Kairus deixou claro que Torin não fazia mais parte da família.O fato de que Torin conseguiu fazer tudo muito rápido se devia as suas muitas conexões no mundo empresarial e no submundo ao qual ele havia se unido. Sacudi a cabeça, envolvendo meu corpo com meus braços, tentando afastar aqueles pensamentos e sensações desagradáveis. Tudo o que eu queria era respirar um pouco e relaxar. ― Finalmente. ― Me assustei, dando um passo para longe ao ouvir uma voz vindo detrás das árvores. ― Achei que nunca te pegaria sozinha.
POV KaelSites e jornais falavam todos os dias da forma abrupta com que Torin Kairus havia desaparecido do meio empresarial e social, se desfazendo de todos os seus bens e até mesmo sendo deserdado pelo seu pai, que nomeou um sobrinho qualquer como seu herdeiro. Com isso, o desaparecimento e morte do Kairus se quer foi discutido. Claro que eu não poderia deixar que sua família continuasse vivendo tranquilamente. Seguindo minhas ordens, Carter enviou todas as provas que tínhamos contra Torin e a família Kairus, incluindo seu envolvimento com leilões ilegais e tráfico humano. Montamos uma bela cena, onde todos acreditariam que Torin, com medo de assumir as consequências por seus crimes, teria tirado a própria vida. Claro que apenas vestígios foram encontrados, já que fiz questão de incinerar seu corpo e espalhar os restos no lixão, onde era seu lugar.Os dias seguintes foram agitados na empresa, recomprando as ações que Kairus vendeu a preços baixíssimos ou convidando os empresários qu
O grande salão estava brilhando com luzes multicoloridas, enquanto os itens que seriam vendidos passavam pelo grande telão, mas mantendo o item principal em segredo. Muitos homens naquela noite esperavam ansiosos, pois boatos haviam se espalhado pela cidade sobre uma joia rara com poderes além do imaginável. Dentre todos esses homens, o empresário a beira da falência, Octavius Kasimir. Um homem egoísta que desejava os poderes da joia para ter poder e riquezas. Sua aparência repugnante afastava todos, nenhum outro visitante do leilão queria ser visto perto daquele pequeno homem rechonchudo, cujo suor manchava suas roupas baratas. As pessoas esbarravam em Octavius quando passavam e riam dele, não entendendo como um homem falido havia conseguido entrar em um leilão tão exclusivo. ― Ao que parece, qualquer um pode entrar nesse leilão hoje em dia. ― Um homem com roupas finas disse, após bater seu braço de maneira proposital em Octavius.A raiva era o combustível que Octavius precisava pa
POV: LinneaA luz forte atravessou a venda que cobria os meus olhos, me fazendo acordar e sentar na pequena gaiola onde cresci. Desde que fui comprara pelo mestre naquele leilão, eu desejava não despertar na manhã seguinte. O som de metal batendo me assustou. Segui o som até a lateral da gaiola, o arrastar e ranger, assim como o cheiro da ferrugem, me alertaram que a pequena porta estava sendo aberta. Me encolhi em um canto enquanto o cheiro da comida chegava ao meu nariz. ― Coma logo, o chefe tem planos para hoje. ― O homem falou de forma ríspida, batendo a grade a trancando novamente.Puxei a bandeja, sem saber exatamente que comida era aquela, o odor azedo forte surgiu quando remexi a comida com o talher. Já fazia tanto tempo que eu não comia algo fresco que não lembrava os sabores, ou mesmo as cores daquelas comidas. Após comer, coloquei a bandeja novamente junto as grades e me encolhi no outro canto. O chão começou a vibrar com os passos de várias pessoas se aproximando. Meu c
POV: Linnea Tudo ao meu redor parecia silencioso e sem nenhuma cor, enquanto eu continuava a observar aquele misterioso homem, que entrava na casa do mestre com tanto poder e autoridade, através da delicada renda que cobria meus olhos. Ele não voltou a olhar para mim, apenas vagou por entre os inúmeros itens da coleção do mestre. Ele parou diante da grande mesa de gelo em que eu estava, várias joias me rodeavam, de variados tamanhos e cores. O belo homem observava cada uma delas com uma atenção especial, então o mestre se aproximou, esfregando suas mãos suadas, cada dedo ostentando um anel diferente. ― Logo se vê que tem ótimo gosto, Dark Wolf. ― a forma com que o tal Dark Wolf olhou para o mestre fez meus pelos se arrepiarem. Me encolhi em minha gaiola e permaneci em completo silêncio enquanto eles discutiam. ― Essas pedras não me interessam em nada. Não passam de rochas polidas. ― O mestre pareceu irritado com o comentário do homem, mas manteve o sorriso em seu rosto. Em minha me
POV: Linnea Um forte golpe atingiu minha mão, me fazendo soltar o homem que parecia em choque com toda a situação. Voltei a me encolher na gaiola e o homem retomou seu caminho. Eu havia falhado. Nunca mais o mestre me permitiria ter outra oportunidade como aquela. Voltaria aos meus dias trancada naquele cofre, abusada por um homem egoísta e sem nenhum escrúpulo que não se importava em destruir as vidas de outras pessoas, com tanto que ele conseguisse o que queria. A grande festa continuou, não vi mais o lindo homem de cabelos e olhos negros. Era como se ele tivesse desaparecido. O mestre evitou que outras pessoas se aproximassem da mesa de gelo, onde eu sentia cada vez mais e mais frio. Estava cansada e faminta quando finalmente a festa acabou e eu fui descida da mesa. O mestre se aproximou com seu bastão e bateu forte contra as barras de aço. ― Sua puta de merda! O que achou que fosse conseguir? Achou mesmo que um homem como o Wolf te ajudaria? Acho que bati tanto em você que acab
POV: Linnea Um calor suave tocou meu rosto, a sensação estranha de algo suave debaixo do meu corpo e um perfume agradável me despertaram. Toquei meu rosto, sentindo a ausência da venda sobre os meus olhos e me desesperei. Não sabia onde eu estava, mas era certo que não estava na minha gaiola. A noite anterior, havia sido um sonho? Tateei ao redor, nervosa e assustada e encontrei um tecido suave, que amarrei sobre meus olhos. Mais tranquila, analisei o ambiente ao meu redor com as mãos, tocando a grande cama onde estava deitada. Ao amassar o tecido, um perfume suave de flores se elevou. Coloquei meus pés no chão, sentindo algo macio e quente sob eles e uma brisa suave e refrescante tocou meu rosto e braços. Sons de passos se aproximando me assustaram. Tropecei pelo cômodo estranho, buscando um lugar seguro para me esconder. Tropecei em algo que parecia uma corda e acabei caindo para frente. O som de vidro quebrando me fez tremer e me encolher enquanto o som de trinco ecoava pelo qua
POV: KaelAquela pequena e frágil humana diante de mim se dizia a joia de Octavius. Não consegui conter a risada ao ouvir tamanho absurdo, a surpreendendo. Segurei seu pulso fino, a puxando para mim. Seu suspiro de surpresa fez meu lobo rosnar em meu peito. Desde que a vi naquela maldita gaiola, exposta sobre a mesa como uma decoração macabra, me senti estranhamente atraído por ela. O mesmo aconteceu quando entrei naquele cofre. O lugar estava impregnado com seu cheiro e me vi focado apenas nela e mais nada.Aproximei seu pulso do meu rosto, inalando seu cheiro. Sua pele aqueceu sob meus dedos, pude sentir sua pulsação subindo conforme arrastava meus lábios até a parte interna de seu cotovelo. Seu corpo tremeu em resposta ao meu toque, fazendo com que meu lobo desejasse por mais. Precisei me afastar para me conter, afinal eu não sabia quem era aquela mulher e nem o real motivo dela estar naquela gaiola.― Você faz ideia do que acabou de falar, mulher? ― Disse sussurrando, meu rosto ma