POV Linnea O lugar era muito mais afastado do que eu pensava. Com cuidado, caminhamos por entre as árvores e pedras, parando de tempos em tempos para que eu não ficasse cansada. O ancião foi muito gentil, até se ofereceu para me carregar o restante do caminho, mas eu recusei. Seria muito constrangedor ser carregada por alguém que não fosse o Kael. Caminhamos por cerca de vinte minutos, até a entrada de uma caverna. Dois lobos montavam guarda, atentos a todos os movimentos. Quando nos notaram, ergueram suas orelhas e se colocaram em posição de ataque, mas relaxaram ao verem o ancião, baixando suas cabeças. ― Queremos ver a prisioneira, Rute La’Cost. ― A voz firme e cheia de autoridade do ancião parecia ecoar por toda a floresta. Os lobos apenas baixaram suas cabeças e abriram caminho para que passássemos. A caverna era muito escura, não havia iluminação suficiente para ver onde eu estava pisando, o que me fez caminhar apoiando minha mão na parede e tateando com o pé a minha frente.
POV Kael Saí do hospital e dispensei o carro, eu precisava correr, precisava libertar o meu lobo antes que a sede de sangue ficasse ainda mais forte. Aquele filho da puta se atreveu a tocar na minha mulher, pondo a vida dela e do bebê em risco apenas para sua diversão doentia. Tirei minhas roupas enquanto entrava mais e mais fundo na floresta, sentindo a terra sob meus pés, meu corpo começou a tremer. Os pelos brancos crescendo enquanto meus músculos mudaram, meus ossos estalando e modificando, tomando a forma do grande lobo branco. Farejei por um momento, encontrando os vestígios do locar do acidente e corri naquela direção. O carro já havia sido retirado do locar, tudo parecia limpo e normal aos olhos dos humanos, mas eu podia sentir o suave aroma de lavanda e outras ervas aromáticas. Uma bruxa que não tinha nenhum poder, só se valia de suas ervas, o que se tornou sua maior fraqueza. Corri pela floresta, voltando para a cidade e entrando pela porta dos fundos do prédio da minerado
POV Kael― Nos atacar só vai chamar atenção desnecessária, Kael. ― Gideon tentava manter um tom neutro em sua voz enquanto se movia, tentando me afastar daquele humano imprestável.― E quem disse que eu me importo com essa merda? ― Rosnei, expandindo meu poder e o fazendo recuar.― Você não se importa, mas e aquela mulher? Está tudo bem a envolver nas suas merdas? ― Rosnei alto, saltando para cima de Gideon e o segurando pelo pescoço.― Não fale dela com sua boca imunda, traidor. ― Gideon se debatia em minhas mãos, lutando por sua vida miserável, quando um estalo alto, seguido por um impacto forte em meu ombro, me fez soltá-lo.Virei e vi Torin Kairos com uma arma em suas mãos, rindo de forma histérica com o rosto contorcido. Lobisomens não eram a prova de balas, mas aquelas coisinhas não nos matavam com tanta facilidade como fazia com os humanos. Soltei Gideon e me virei para Torin, que apontada aquele brinquedo na minha direção, como se fosse capaz de me assustar. Agarrei o cano da
POV Kael― Já chega, Gideon. Já é o suficiente. ― Torin gritou de uma porta. Ri de suas palavras, apertando minhas mãos na garganta de Gideon, que tentou se desvencilhar segurando meus pulsos.― Quer dizer que agora vocês pretendem fugir? ― Aproximei meu rosto do de Gideon. ― Uma vez covarde, sempre um covarde.― Está enganado, Ashfur. ― Torin chamou. Um de seus seguranças lhe entregou um blazer, que ele vestiu calmamente. ― Eu apenas tenho algo mais importante esperando por mim.Aproveitando o momento, Gideon saltou para longe, se libertando e ficando fora do meu alcance. Rosnei furioso, pronto para atacá-los novamente. Uma muralha de humanos se formou diante de mim, bloqueando meu caminho. Um movimento inútil e irritante. Acabaria com aquele obstáculo com alguns movimentos das minhas garras e alcançaria ambos os bastardos facilmente.Dei um passo a frente, então senti um choque me consumir. Algo puxava minha mão e quando olhei para ela vi o fio vermelho. Ele estava esticado ao máxim
POV LinneaA floresta estava silenciosa, nem mesmo os pássaros pareciam querer estar naquele lugar. Caminhei com cuidado, evitando raízes altas e pedras, até que cheguei ao ponto de encontro. Finalmente eu poderia fazer algo por Kael e não ser usada como uma armadilha para destruí-lo.O telefone em meu bolso vibrou com uma mensagem. O número desconhecido avisou que em breve chegaria no local combinado. Apertei o aparelho em minhas mãos trêmulas, desejando que tudo desse certo. Mesmo sabendo que o ancião não estava longe, ainda estava assustada com o que Torin poderia fazer caso descobrisse nosso plano.Não foi difícil descobrir quem era o informante de Torin dentre os lobos de Kael. O ancião havia treinado a grande maioria deles, então um rosto diferente acabaria se destacando. Depois de identificá-lo, o ancião deixou que eu me aproximasse sozinha, para não levantar suspeitas.― Preciso enviar uma mensagem. ― Disse com uma voz calma. O espião de Torin me avaliou por um momento, então
POV KaelVoltei a minha forma humana assim que senti a presença de Carter se aproximando. A sensação de ser puxado diminuiu e o fio vermelho desapareceu novamente. Naquele momento, senti que Linnea poderia estar correndo algum perigo, mas a sensação simplesmente desapareceu. Carter me encontrou, coberto com o sangue dos lobos que eu havia matado. Não precisei dizer nada. Meu beta farejou e identificou o cheiro.― Sabia que deveria ter matado aquela bruxa a muito tempo. ― Ele disse me estendendo uma muda de roupas e olhando ao redor. ― Foram forçados a lutar até a morte, meras iscas.― Aquela puta está trabalhando com Alaric e Torin, os manipulando. ― Carter me observou com atenção. Então seu celular tocou.― A senhorita voltou para a alcateia. Parece que o ancião estava com ela. Ao ouvir a notícia, meu sangue ferveu no mesmo instante. Gideon estava muito seguro de suas palavras e aquilo me incomodou muito mais do que realmente deveria. Precisava tirar aquilo a limpo de uma vez.Mais
POV LinneaAlgo parecia errado, me sentia agitada, meu coração apertado. Abri os olhos, tudo estava escuro no quarto, então me sentei na cama. Olhei ao redor e vi Kael sentado no pequeno sofá, a cabeça baixa escondida em suas mãos. Seu grande corpo estava arqueado para frente, a respiração tensa, como se tentasse conter algo. Assustada, me levantei e corri até ele, caindo de joelhos na sua frente e segurando seu rosto entre as minhas mãos. O escuro não me permitia ver claramente, mas eu estava acostumada com aquela sensação.Com as pontas de meus dedos, acariciei seu rosto, traçando a linha forte de sua mandíbula e queixo desenhado. Continuei a explorar aquele rosto que decorei há tanto tempo, sentindo a tensão em seus músculos. Acariciei suas bochechas com meus polegares e senti sua mão segurando a minha. Seus lábios tocaram a palma da minha mão, macios e urgentes.― Kael. ― Chamei por seu nome, mas ele se manteve em silêncio. Seu corpo parecia relaxar aos pouco enquanto ele respirav
O grande salão estava brilhando com luzes multicoloridas, enquanto os itens que seriam vendidos passavam pelo grande telão, mas mantendo o item principal em segredo. Muitos homens naquela noite esperavam ansiosos, pois boatos haviam se espalhado pela cidade sobre uma joia rara com poderes além do imaginável. Dentre todos esses homens, o empresário a beira da falência, Octavius Kasimir. Um homem egoísta que desejava os poderes da joia para ter poder e riquezas. Sua aparência repugnante afastava todos, nenhum outro visitante do leilão queria ser visto perto daquele pequeno homem rechonchudo, cujo suor manchava suas roupas baratas. As pessoas esbarravam em Octavius quando passavam e riam dele, não entendendo como um homem falido havia conseguido entrar em um leilão tão exclusivo. ― Ao que parece, qualquer um pode entrar nesse leilão hoje em dia. ― Um homem com roupas finas disse, após bater seu braço de maneira proposital em Octavius.A raiva era o combustível que Octavius precisava pa