CAPÍTULO 28 Theodoro Almeida Precisei me controlar, e sair da nossa casa com a Valéria. Essa suposição me deixou incomodado, e com certeza vou tirar satisfação com a Carla e a chefe dela. — Theodoro, você quer conversar? — abri a porta do carro para que Valéria entrasse e não a respondi, porém percebi que iria explodir, então precisei falar: — É que Anelise é minha amiga, é casada, e também fico pensando se uma história dessas cai no ouvido dela ou pior... no do Vicente! Eles já tiveram problemas demais, estão bem agora, não precisam de mais isso. — Sinto muito, não falo mais sobre isso. — ela encostou na janela. — A questão é que se ela esteve naquele hotel, eu nem a vi. Então, só peço para que pense melhor quando alguém te disser algo sobre mim, não quero mal-entendido nenhum! — ela ficou em silêncio depois de um “sim”, tão baixinho. . Quando chegamos, eu tentei ajudá-la a entrar. — Eu faço isso, sozinha! — Não custa nada eu te aju
CAPÍTULO 29 Theodoro Almeida Já era tarde, não vi mais a Valéria, então fui no local onde pensei que não voltaria mais, “a casa onde já contratei algumas acompanhantes”, hoje a Carla me ouviria. — Olha quem apareceu! Poderia ter ligado, eu iria até o hotel. — Carla veio sorridente, arrumou os seios naquele decote imenso, fazendo-os quase saltar para fora, bagunçou os cabelos e veio com aquele salto imenso, rebolando o quadril até mim. Porém, antes que me encostasse, eu a evitei. — Não encoste em mim! Eu só vim avisar que não te dei o direito de se meter na minha vida, e não quero saber de você ou qualquer outra, conversando com alguém que prezo! — Mas, por que? — O fato de eu ter te contado pequenos detalhes da minha vida, não te dá o direito de achar que exerce alguma influência sobre mim ou é melhor que outras putas! — Ah, e aquela outra, sim? Tá certo que não trabalha nessa casa, mas você mesmo disse que era uma puta! E, agora anda saindo por
CAPÍTULO 30 Valéria Muniz — Ele se lembrou de mim, meu amorzinho! Seu tio é meio mandão e grosseiro às vezes, mas é a pessoa que mais tem feito coisas pela titia! Ah meu Deus, você deve me achar uma doida, porquê ele parece ter feito pouco, mas pode gargalhar pra ele quando chegar, porque ninguém se lembra e faz algo pela titia como ele! — as risadas gostosas de Samuel é o que me faz sorrir, querer passar por cada dificuldade que tenho enfrentado. Só não posso lembrar do meu irmão Abel, então eu choro e não quero chorar agora. — Depois a titia chora, não é? — os furinhos da bochechinha dele são lindos quando sorri, já senti algumas vezes quando passo os dedos, consigo visualizar bem, na minha mente. Escolhi um hijab de tecido fino, porquê a dona Anelise disse que o vestido que me deu é da mesma cor, e muito bonito. Usarei uma roupa melhor hoje, e esse de mangas médias e um pouco mais justo, deve ficar bom. A moça da limpeza me ajudou a escolher uma roupinha para o bebê e logo eu j
CAPÍTULO 31 Theodoro Almeida Ver a alegria estampada no rosto da Valéria, chegou a deixar o meu rosto dolorido de tanto sorrir, é incrível como parece uma menina de uns quinze anos ou menos. — Você está louco para ajudar a sua nova tia a provar o bolo, não é Samuca? — brinquei com o Samuel que estava se divertindo, batendo as mãozinhas. Levantei, me aproximei e toquei no rosto dela com chantilly, Valéria virou como se estivesse me olhando, ou tentando me ver, logo peguei um guardanapo e limpei o rosto sujo, mas ela continuava ali... — Estava sujo, mesmo. — me expliquei. — Não é isso. Eu só queria agradecer pela noite incrível! — Teremos muitas oportunidades, mulher! Você parece uma menina, toda desconcertada! — brinquei, mas ela não sorriu como imaginei, parecia emocionada. — Val, se quiser eu te ajudo a lavar as mãos! — Edineia falou e ela assentiu, indo até a pia. — Obrigado, Edineia! Vou indicar essa confeitaria a todo o quartel, v
CAPÍTULO 32 Valéria Muniz “Ele está lembrando?“ “Meu Deus, ele está lembrando!“ Senti meu coração batendo mais forte, qualquer hora esse homem me mata, ou por sumir como fez essa semana, ou por me fazer esquecer que sumiu, dessa maneira... coração bobo, porque se emociona, tanto? Theodoro parou na minha frente e não saiu mais. Ficou em silêncio por um tempo, o senti tocar o meu rosto como fiz com o dele, eu poderia jurar que estava me analisando, talvez tentando entender de onde me conhecia. — Não vai falar, não é? — sua voz era descontraída. — Até onde eu sei, não é bom contar essas coisas, quando se teve perca de memória, espero que se lembre rápido. — Tem sorte, Val... gosto de desafios, vou me lembrar! — sorri ao sentir seu dedo dando batidinhas no meu rosto. — Está bem. — Boa noite, Val! — segurou melhor a minha mão, me fazendo suspirar, sentindo ele brincar com meus dedos e os óculos. — Boa noite Theodoro, você... — an
CAPÍTULO 33 Valéria Muniz Quando ele falou isso, entrei em desespero. Segurei um pedaço quebrado da cadeira, mas comecei a pensar enquanto o ouvia levantar, e ele deveria estar possuído com o empurrão, jamais o afrontei. Sem opção eu peguei o celular: — Vou ligar, estou ligando! — fiz a discagem rápida que Theodoro me ensinou, liguei para ele na frente de Aaron, por alguns segundos eu estaria segura. Aaron não me agrediu por agora, e eu tinha uma chance de Theodoro me atender e me ajudar. No segundo toque ele atendeu, acho que nunca quis tanto ouvir a sua voz. — Val? Se está preocupada com seus óculos, eu estou levando, acabei deixando no meu bolso. — Preciso de dez mil reais, pode enviar na conta da minha irmã Raquel, dona Anelise. — Val, o que está acontecendo? — Preciso de um adiantamento do trabalho, para pagar as coisas do casamento... — Querida, continua na linha... vai explicando como transferir o dinheiro, que já est
CAPÍTULO 34 Valéria Muniz Embora tudo tenha terminado bem, eu não estava bem. Como Theodoro não perguntou mais nada, me encostei no banco e fiquei quietinha. “Mãezinha, porque meus irmãos são assim?“ — ah, me esqueço que meu pai também era como eles, só que com a minha mãe viva, as coisas não eram assim. . Senti o carro parar, ouvi o barulho da porta dele abrindo, e também algumas vozes masculinas do lado de fora. Depois ouvi quando o porta-malas abriu, e alguns gritos do Aaron, mas eu estava sentida demais, precisava ficar sozinha. Quando Theodoro voltou, senti a sua mão na minha coxa. — Tudo bem, aí? — engoli o ar sem sequer, quase me engasguei. Não estou acostumada com o comportamento masculino dessa maneira. — Sim, só estou pensando um pouco. — ele acariciou de leve, mas logo soltou, permitindo que o ar saísse dos meus pulmões. — Ok, já liguei para o Vicente, ele disse que tudo bem você dormir na nossa casa, aliás, agora terão que e
CAPÍTULO 35 Valéria Muniz — Calma, soldado! — o toquei por inteiro, tentando entender como estava, tentando acalmá-lo. — Se abaixem! — sua voz ainda estava alta, senti que ele cobriu a sua cabeça com seus braços, como se ainda estive em confronto, e firmava com força, senti seus punhos estremecerem em minhas mãos quando o toquei. — Calma soldado! Você não está mais na guerra, a guerra acabou! — tentei abraçar, passei as mãos nos seus punhos em movimentos que costumava usar à dois anos quando ele ainda estava ferido, tentei tocar o seu rosto, sua cabeça, e massageei muitas vezes — Eu estou aqui para te ajudar, calma! Theodoro estava claramente tendo outro surto piscicótico, deitado de bruços no chão, marchando no mesmo lugar, provavelmente se escondendo de um ataque que ele costuma imaginar enquanto dorme. Meu coração apertou, não acredito que dois anos se passaram, e ele continua do mesmo jeito? Com as mãos senti seus olhos fechados, eu pr