CAPÍTULO 25 Theodoro Almeida Quando o elevador parou, pensei melhor. — Valéria, eu esqueci algo lá no quarto, não saia aqui da última recepção, eu voltarei rapidamente. — Está bem. — deixei a mala com ela, que encostou numa parede e subi com o mesmo elevador. Peguei o meu celular e fiz uma ligação: — Polícia de Guarapuava, boa noite! — É o tenente Almeida. Solicito uma viatura aqui no hotel do centro, subam para o quarto 103, tem alguém que precisam prender, seu nome é Aaron Muniz, um dos homens que denunciei mais cedo. — Certo, Tenente Almeida! Em alguns minutos estarão, aí. — o bom de morar em cidade pequena é isso, aqui muitos me conhecem e esse Aaron vai conhecer agora, já zombou demais com a minha cara. Sorri quando notei que essas portas nunca fecham, agora me seriam úteis. Abri de uma vez e peguei o nojento de saída, todo arrumado, com cara de assustado. — Eu vou te ensinar a ser homem, seu moleque! — meti um soco no estôma
CAPÍTULO 26 Valéria Muniz Achei estranho o fato do Theodoro ter voltado sozinho para o quarto, mas não questionei. O pior foi quando percebi que ele estava demorando, e para completar, senti aquele cheiro de perfume feminino tão familiar... Aquele da mulher que me esbarrou na noite em que encontrei o Théo. “Seria ela?“ — Mas é tonta, mesmo... Sabe que desde a primeira vez que te vi já percebi e não me enganei? — soltei da parede e tentei visualizar o vulto de quem era que estava falando comigo daquele jeito. — Quem é você? Como ousa falar comigo se nem te chamei? — ela bufou. — Cai na real! Eu saquei que está tentando agarrar o Théo, porquê ele me rejeitou, mas não adianta se iludir, ele ama Anelise desde que nasceu e só sai com prostitutas, nunca quis ninguém, não se meta a besta, não... fica feio! Ainda mais uma mulher que não se arruma e ainda por cima é “cega”! — “ele ama Anelise, tanto assim?“ — pensei, mas essa mulher não vai me humilhar. — Deveria cuidar da sua vida, p
CAPÍTULO 27 Valéria Muniz — O que acha de tirar essa roupa, agora? Estamos na nossa casa, será minha mulher, não acho que seja impróprio. — Theodoro subiu a mão até a minha coxa, pensei que o meu coração sairia pela boca. — O que deu em você? — “Será que ficou assim, porque viu a dona Anelise no hotel e não pode fazer nada?“ — Theodoro, não! — o afastei e comecei a descer da mesa, mas ele prendeu o meu corpo contra ela, e segurou firme na minha cintura. — Não percebe como está me deixando louco? Temos que comemorar o casamento, a casa nova... não fuja de mim, Valéria! — esticou a mão pela minha cabeça, puxando meu hijab, e mal consegui detê-lo, a sua boca já estava na minha, foi impossível me afastar. A minha mente imediatamente começou a brigar com o coração, que queria desesperamente se entregar a ele, sem reservas, sem culpa, senti-lo me tocando de novo, aquelas mãos grandes e quentes em minha pele, que já não preciso esquentar como antes... ah, com
CAPÍTULO 28 Theodoro Almeida Precisei me controlar, e sair da nossa casa com a Valéria. Essa suposição me deixou incomodado, e com certeza vou tirar satisfação com a Carla e a chefe dela. — Theodoro, você quer conversar? — abri a porta do carro para que Valéria entrasse e não a respondi, porém percebi que iria explodir, então precisei falar: — É que Anelise é minha amiga, é casada, e também fico pensando se uma história dessas cai no ouvido dela ou pior... no do Vicente! Eles já tiveram problemas demais, estão bem agora, não precisam de mais isso. — Sinto muito, não falo mais sobre isso. — ela encostou na janela. — A questão é que se ela esteve naquele hotel, eu nem a vi. Então, só peço para que pense melhor quando alguém te disser algo sobre mim, não quero mal-entendido nenhum! — ela ficou em silêncio depois de um “sim”, tão baixinho. . Quando chegamos, eu tentei ajudá-la a entrar. — Eu faço isso, sozinha! — Não custa nada eu te aju
CAPÍTULO 29 Theodoro Almeida Já era tarde, não vi mais a Valéria, então fui no local onde pensei que não voltaria mais, “a casa onde já contratei algumas acompanhantes”, hoje a Carla me ouviria. — Olha quem apareceu! Poderia ter ligado, eu iria até o hotel. — Carla veio sorridente, arrumou os seios naquele decote imenso, fazendo-os quase saltar para fora, bagunçou os cabelos e veio com aquele salto imenso, rebolando o quadril até mim. Porém, antes que me encostasse, eu a evitei. — Não encoste em mim! Eu só vim avisar que não te dei o direito de se meter na minha vida, e não quero saber de você ou qualquer outra, conversando com alguém que prezo! — Mas, por que? — O fato de eu ter te contado pequenos detalhes da minha vida, não te dá o direito de achar que exerce alguma influência sobre mim ou é melhor que outras putas! — Ah, e aquela outra, sim? Tá certo que não trabalha nessa casa, mas você mesmo disse que era uma puta! E, agora anda saindo por
CAPÍTULO 30 Valéria Muniz — Ele se lembrou de mim, meu amorzinho! Seu tio é meio mandão e grosseiro às vezes, mas é a pessoa que mais tem feito coisas pela titia! Ah meu Deus, você deve me achar uma doida, porquê ele parece ter feito pouco, mas pode gargalhar pra ele quando chegar, porque ninguém se lembra e faz algo pela titia como ele! — as risadas gostosas de Samuel é o que me faz sorrir, querer passar por cada dificuldade que tenho enfrentado. Só não posso lembrar do meu irmão Abel, então eu choro e não quero chorar agora. — Depois a titia chora, não é? — os furinhos da bochechinha dele são lindos quando sorri, já senti algumas vezes quando passo os dedos, consigo visualizar bem, na minha mente. Escolhi um hijab de tecido fino, porquê a dona Anelise disse que o vestido que me deu é da mesma cor, e muito bonito. Usarei uma roupa melhor hoje, e esse de mangas médias e um pouco mais justo, deve ficar bom. A moça da limpeza me ajudou a escolher uma roupinha para o bebê e logo eu j
CAPÍTULO 31 Theodoro Almeida Ver a alegria estampada no rosto da Valéria, chegou a deixar o meu rosto dolorido de tanto sorrir, é incrível como parece uma menina de uns quinze anos ou menos. — Você está louco para ajudar a sua nova tia a provar o bolo, não é Samuca? — brinquei com o Samuel que estava se divertindo, batendo as mãozinhas. Levantei, me aproximei e toquei no rosto dela com chantilly, Valéria virou como se estivesse me olhando, ou tentando me ver, logo peguei um guardanapo e limpei o rosto sujo, mas ela continuava ali... — Estava sujo, mesmo. — me expliquei. — Não é isso. Eu só queria agradecer pela noite incrível! — Teremos muitas oportunidades, mulher! Você parece uma menina, toda desconcertada! — brinquei, mas ela não sorriu como imaginei, parecia emocionada. — Val, se quiser eu te ajudo a lavar as mãos! — Edineia falou e ela assentiu, indo até a pia. — Obrigado, Edineia! Vou indicar essa confeitaria a todo o quartel, v
CAPÍTULO 32 Valéria Muniz “Ele está lembrando?“ “Meu Deus, ele está lembrando!“ Senti meu coração batendo mais forte, qualquer hora esse homem me mata, ou por sumir como fez essa semana, ou por me fazer esquecer que sumiu, dessa maneira... coração bobo, porque se emociona, tanto? Theodoro parou na minha frente e não saiu mais. Ficou em silêncio por um tempo, o senti tocar o meu rosto como fiz com o dele, eu poderia jurar que estava me analisando, talvez tentando entender de onde me conhecia. — Não vai falar, não é? — sua voz era descontraída. — Até onde eu sei, não é bom contar essas coisas, quando se teve perca de memória, espero que se lembre rápido. — Tem sorte, Val... gosto de desafios, vou me lembrar! — sorri ao sentir seu dedo dando batidinhas no meu rosto. — Está bem. — Boa noite, Val! — segurou melhor a minha mão, me fazendo suspirar, sentindo ele brincar com meus dedos e os óculos. — Boa noite Theodoro, você... — an