CAPÍTULO 84 Raquel Muniz (Horas antes) “Vicente mal olhou na minha cara, mas me entregou seu cartão?“ — Vai mesmo me entregar o seu cartão? — olhei desconfiada, porque motorista já vi que não é, muito menos solteiro, pois usa uma aliança enorme, então... — Sim, compre para a viagem, sua irmã pediu por você! — o tal Vicente respondeu e agora entendi... Valéria é muito burra mesmo, deve ter implorado para que me recompensassem, já que fiquei com todo o trabalho duro de cuidar daqueles meninos ingratos, enquanto ela torrava o dinheiro da mamãe por aí. — Está bem, depois não reclame, ou me peça para pagar, porque não tenho dinheiro! — puxei o cartão e me assustei ao ouvir um dos caras engravatados: — Me acompanhe, senhorita! Vou te levar nas lojas. — nem questionei, fui na mesma hora, estava ansiosa para gastar muito. Quando entrei no carro, perguntei para o motorista: — Esse seu chefe é do dinheiro? Digo, tipo: bem rico? — Sim. — sorri, escolhendo a loja mais cara. Op
CAPÍTULO 85 Theodoro Almeida No voo, apenas fiquei olhando, como Valéria tem facilidade de cuidar dos meninos sem ver nada. Até cheguei a pensar que os novos óculos fossem melhores, mas quando coloquei a mão no bolso e toquei no colar, me lembrei que ela comentou que não via quase nada no outro momento, e aproveitei para ajudá-la a trocar. — Querida, eu estou com seus óculos aqui, aliás... como conseguiu outro tão rápido? — Ah, você encontrou? Onde está? — se virou pra mim, provavelmente pelo som da minha voz. — Aqui. — entreguei a ela, que começou a trocar. — Esse foi Ezequiel que me deu. Ele é oftalmologista, tem mais máquinas para exames na casa dele, do que no hospital que fomos, e ele também tem uma ótica! — trocou de óculos, enquanto eu me esforçava para ficar calado, “aquele cara não perdeu tempo com ela!“ “Ainda é oftalmologista?“ — Val, esse que está é mais bonito... — Abel falou, e olhei rapidamente pra ele, preferia mil vezes os óculos antigo. — Não é nada,
CAPÍTULO 86 Valéria Muniz Percebi na voz do Theodoro, como algo estava o incomodando. — O que quer saber, exatamente? Sobre Ezequiel? — Ele fez isso por conta própria? Porque te levou? Você disse que o velho morreu? — Bom, vamos por partes... na verdade, ele matou aquele homem. — segurou bem firme na minha mão. — Nossa, olha como você correu riscos! — Não sei se entendi direito, mas o velho realmente era um homem ruim e que fazia tudo o que dizem por aí. A mãe desse que você conheceu, sofreu nas mãos do velho Ezequiel, e precisou engravidar de outro homem escondida, e esse na verdade, nem é filho biológico daquele homem nojento. — Nossa, e ele o matou, então? Não foi preso? — Eu não perguntei sobre isso. Eu só queria ir embora. — ele abraçou a minha cintura. — Ainda bem que veio... como foi lá? — Foram os agentes dele que me levaram, Ezequiel nem mesmo veio até aqui. Me aplicaram algo para que eu dormisse a viagem toda, já acordei lá. — Meu Deus! Será que não
CAPÍTULO 87 Valéria Muniz A água quente caía suavemente sobre nós, criando um véu de vapor que envolvia nossos corpos, eu conseguia sentir através da minha pele, com parte do meu corpo que não estava debaixo da água. Eu também podia sentir a força do desejo pulsando entre nós, enquanto Theodoro me puxava para mais perto, seus lábios buscando os meus com uma fome ardente, e eu correspondia a cada iniciativa. — Eu fiquei desesperada quando percebi que ficaria longe de você. — falei baixinho, estiquei as minhas mãos sobre o seu peitoral, aquilo me deixava confortável. Deslizei fazendo uma leve massagem, envolta numa sensualidade que sei que ele gosta. “Seus sussurros nunca passam despercebidos, tenente!“ “Estou entendendo exatamente como você gosta!“ “Cada movimento, cada barulho, me mostram um pouquinho mais de você!“ “Não preciso te ver para reconhecer isso!“ — Eu também, minha menina! — sorri ao ouvir dele que também sentiu a minha falta, sendo desperta de tantos
CAPÍTULO 88 Valéria Muniz Acordei com o barulho da porta, e a voz suave de Abel me chamando. — Val! — em seguida apalpei o criado, procurando por meus óculos. — O que foi, pequeno? — perguntei. — Eu estou com medo, Val! — sentei na cama, ele veio até a mim. — Porque está com medo? Não conseguiu dormir? — perguntei enquanto ele vinha no meu colo, segurando no meu pescoço. — Ah, como senti falta desse abraço! — Adam disse que Aaron está nessa cidade. Ele sabe atirar, eu não! Estou com medo, Val! — falou escondendo o rosto em mim, me apertando forte. — Então foi ele quem ensinou o Adam a segurar uma arma? — Theodoro perguntou com a voz agitada, de repente ouvi passos, e a voz do Adam vindo da porta. — É que Abel não presta pra isso, é fraco como a Val, não gosta de armas. Eu e Raquel já sabemos lidar com as armas, mas ele só chora e não segura, por isso apanha do Aaron! — meu coração apertou, pois sabia que era verdade. — Eu não acredito no que estou ouvindo! Aaron é
CAPÍTULO 89 Theodoro Almeida Vendo o que eu vi essa noite, penso que tive sorte... o dono do orfanato em que cresci, era um homem bom, enquanto Aaron estava prestes a destruir esses dois meninos, e Raquel indo no seu impulso. Ainda bem que Valéria não viu as marcas que eu vi nas crianças, e espero que desapareçam com o passar do tempo, para que não tenham tantos traumas, e quando Valéria voltar a ver, não sofra tanto, por que doeu em mim. Tratei de tirá-los logo do quarto, para distraí-los, Edineia havia feito comida, e fiquei muito feliz em servir os meninos, como eu quis desde pequeno, que meus pais biológicos me buscassem, ou alguma família boa me adotasse, porém todos os anos da minha vida passei esperando, Rogério me educou, me ajudou a ser o homem que sou, mas o calor de uma família, nunca tive. Talvez seja isso que tenha me feito me apegar à Anelise e sua família, cheguei até a confundir sentimentos, mas hoje não confundo mais. — Essa comida é muito gostosa! — A
CAPÍTULO 90 Theodoro Almeida O tenente Soares deu um passo à frente: — Aqui o único sem educação é você, seu moleque! — falou direcionando para o Adam, eu iria afastar as crianças e me impor, porém ouvimos uma voz mais grossa: — Ora, ora... o menino tem fibra, gostei dele! — era o coronel, e ambos batemos continência, o outro tenente perdeu todo o equilíbrio quando o coronel se direcionou pra ele — Não tente estragar a criança, tenente Soares! — De forma alguma, senhor! — ele respondeu, como se não tivesse acontecido nada. — Esse é o meu cunhado, Adam... e também tem o menor, o Abel! — os apresentei, o coronel ficou olhando. — Olá crianças, estão gostando do quartel? Boa tarde senhora Almeida! — ele cumprimentou, e Adam fez cara feia ainda olhando o tenente Soares, e o cutuquei. — Boa tarde, senhor... — Valéria o cumprimentou, provavelmente não percebeu que fosse o coronel. Adam então olhou para o coronel e manteve o semblante sério. — Aqui é bem legal, todos com
CAPÍTULO 91 Valéria Muniz Ao ouvir falarem em "cachorro”, eu estremeci, fiquei tonta, senti como se até o sangue, sumisse do meu corpo. Já tinha ficado em choque no quartel, quando ouvi que os meninos estavam com um, mas ao imaginar que Theodoro havia trazido um para dentro de casa, me tirou os sentidos. — VAL! VAL, FICA COMIGO! — ouvi Theodoro me chamando, o meu corpo amoleceu, senti os braços fortes dele, me segurarem, e ele me carregou. — Val, o bebê é bonzinho, não é como o Caleb! — voltei a respirar e senti trancar novamente ao ouvir aquele nome. — CALE A BOCA, ABEL! NÃO SABE QUE A VAL NÃO PODE OUVIR O NOME DAQUELE CACHORRO DO AARON? — Adam gritou, mas eu estava em choque, agarrei a roupa do Théo com as minhas últimas energias, tremendo, tentando me esconder dele, nele... — Minha menina, pelo amor de Deus, me diz o que está acontecendo. O que está sentindo? Vou te levar para o hospital! — Theodoro me falava repetidamente. — e balancei a cabeça com dificuldades.