CAPÍTULO 86 Valéria Muniz Percebi na voz do Theodoro, como algo estava o incomodando. — O que quer saber, exatamente? Sobre Ezequiel? — Ele fez isso por conta própria? Porque te levou? Você disse que o velho morreu? — Bom, vamos por partes... na verdade, ele matou aquele homem. — segurou bem firme na minha mão. — Nossa, olha como você correu riscos! — Não sei se entendi direito, mas o velho realmente era um homem ruim e que fazia tudo o que dizem por aí. A mãe desse que você conheceu, sofreu nas mãos do velho Ezequiel, e precisou engravidar de outro homem escondida, e esse na verdade, nem é filho biológico daquele homem nojento. — Nossa, e ele o matou, então? Não foi preso? — Eu não perguntei sobre isso. Eu só queria ir embora. — ele abraçou a minha cintura. — Ainda bem que veio... como foi lá? — Foram os agentes dele que me levaram, Ezequiel nem mesmo veio até aqui. Me aplicaram algo para que eu dormisse a viagem toda, já acordei lá. — Meu Deus! Será que não
CAPÍTULO 87 Valéria Muniz A água quente caía suavemente sobre nós, criando um véu de vapor que envolvia nossos corpos, eu conseguia sentir através da minha pele, com parte do meu corpo que não estava debaixo da água. Eu também podia sentir a força do desejo pulsando entre nós, enquanto Theodoro me puxava para mais perto, seus lábios buscando os meus com uma fome ardente, e eu correspondia a cada iniciativa. — Eu fiquei desesperada quando percebi que ficaria longe de você. — falei baixinho, estiquei as minhas mãos sobre o seu peitoral, aquilo me deixava confortável. Deslizei fazendo uma leve massagem, envolta numa sensualidade que sei que ele gosta. “Seus sussurros nunca passam despercebidos, tenente!“ “Estou entendendo exatamente como você gosta!“ “Cada movimento, cada barulho, me mostram um pouquinho mais de você!“ “Não preciso te ver para reconhecer isso!“ — Eu também, minha menina! — sorri ao ouvir dele que também sentiu a minha falta, sendo desperta de tantos
CAPÍTULO 88 Valéria Muniz Acordei com o barulho da porta, e a voz suave de Abel me chamando. — Val! — em seguida apalpei o criado, procurando por meus óculos. — O que foi, pequeno? — perguntei. — Eu estou com medo, Val! — sentei na cama, ele veio até a mim. — Porque está com medo? Não conseguiu dormir? — perguntei enquanto ele vinha no meu colo, segurando no meu pescoço. — Ah, como senti falta desse abraço! — Adam disse que Aaron está nessa cidade. Ele sabe atirar, eu não! Estou com medo, Val! — falou escondendo o rosto em mim, me apertando forte. — Então foi ele quem ensinou o Adam a segurar uma arma? — Theodoro perguntou com a voz agitada, de repente ouvi passos, e a voz do Adam vindo da porta. — É que Abel não presta pra isso, é fraco como a Val, não gosta de armas. Eu e Raquel já sabemos lidar com as armas, mas ele só chora e não segura, por isso apanha do Aaron! — meu coração apertou, pois sabia que era verdade. — Eu não acredito no que estou ouvindo! Aaron é
CAPÍTULO 89 Theodoro Almeida Vendo o que eu vi essa noite, penso que tive sorte... o dono do orfanato em que cresci, era um homem bom, enquanto Aaron estava prestes a destruir esses dois meninos, e Raquel indo no seu impulso. Ainda bem que Valéria não viu as marcas que eu vi nas crianças, e espero que desapareçam com o passar do tempo, para que não tenham tantos traumas, e quando Valéria voltar a ver, não sofra tanto, por que doeu em mim. Tratei de tirá-los logo do quarto, para distraí-los, Edineia havia feito comida, e fiquei muito feliz em servir os meninos, como eu quis desde pequeno, que meus pais biológicos me buscassem, ou alguma família boa me adotasse, porém todos os anos da minha vida passei esperando, Rogério me educou, me ajudou a ser o homem que sou, mas o calor de uma família, nunca tive. Talvez seja isso que tenha me feito me apegar à Anelise e sua família, cheguei até a confundir sentimentos, mas hoje não confundo mais. — Essa comida é muito gostosa! — A
CAPÍTULO 90 Theodoro Almeida O tenente Soares deu um passo à frente: — Aqui o único sem educação é você, seu moleque! — falou direcionando para o Adam, eu iria afastar as crianças e me impor, porém ouvimos uma voz mais grossa: — Ora, ora... o menino tem fibra, gostei dele! — era o coronel, e ambos batemos continência, o outro tenente perdeu todo o equilíbrio quando o coronel se direcionou pra ele — Não tente estragar a criança, tenente Soares! — De forma alguma, senhor! — ele respondeu, como se não tivesse acontecido nada. — Esse é o meu cunhado, Adam... e também tem o menor, o Abel! — os apresentei, o coronel ficou olhando. — Olá crianças, estão gostando do quartel? Boa tarde senhora Almeida! — ele cumprimentou, e Adam fez cara feia ainda olhando o tenente Soares, e o cutuquei. — Boa tarde, senhor... — Valéria o cumprimentou, provavelmente não percebeu que fosse o coronel. Adam então olhou para o coronel e manteve o semblante sério. — Aqui é bem legal, todos com
CAPÍTULO 91 Valéria Muniz Ao ouvir falarem em "cachorro”, eu estremeci, fiquei tonta, senti como se até o sangue, sumisse do meu corpo. Já tinha ficado em choque no quartel, quando ouvi que os meninos estavam com um, mas ao imaginar que Theodoro havia trazido um para dentro de casa, me tirou os sentidos. — VAL! VAL, FICA COMIGO! — ouvi Theodoro me chamando, o meu corpo amoleceu, senti os braços fortes dele, me segurarem, e ele me carregou. — Val, o bebê é bonzinho, não é como o Caleb! — voltei a respirar e senti trancar novamente ao ouvir aquele nome. — CALE A BOCA, ABEL! NÃO SABE QUE A VAL NÃO PODE OUVIR O NOME DAQUELE CACHORRO DO AARON? — Adam gritou, mas eu estava em choque, agarrei a roupa do Théo com as minhas últimas energias, tremendo, tentando me esconder dele, nele... — Minha menina, pelo amor de Deus, me diz o que está acontecendo. O que está sentindo? Vou te levar para o hospital! — Theodoro me falava repetidamente. — e balancei a cabeça com dificuldades.
CAPÍTULO 92 Valéria Muniz Eu recebi o abraço do Abel, que praticamente deitou sobre mim, e pela primeira vez, senti um toque de carinho espontâneo de Adam pra mim, quando ele tocou na minha mão. — Fica calma, Val! O cachorrinho é tão fofo... eu sei que não pode ver, mas posso ser seus olhos, e dizer que é pequenininho, peludinho, branco com algumas cores discretas. Ele já abre os olhos, e é uma fofurinha ao andar. — Ah, é? — Sim, ele ainda nem latiu! — Abel completou. — Théo? — o chamei. — Ele foi na cozinha, Val. — Adam falou. — Já voltei. Sente-se dona Valéria, talvez tenha desmaiado porque não comeu direito. Eu trouxe uma bandeja, com as coisas que Edineia deixou pronta. — senti Abel saindo de cima de mim, me sentei melhor. — Obrigada. Mas, será que não vou derrubar na cama? — Não, o serviço veio completo. Me ajudem meninos, do que ela mais gosta? Vou alimentá-la! — De queijo! — Adam disse. — Ah, então vou começar com isso! — a voz do Théo era animada.
CAPÍTULO 93 Valéria Muniz — O cachorro na verdade, o animal, ele adquire a personalidade do dono. Se o dono for uma pessoa de boa índole, certamente o animal também será, caso contrário o dono seja uma pessoa ruim, o cachorro será agressivo, fará o que o dono faz. Tudo depende do adestramento que foi dado para o cachorro. — Emília me explicou, comecei a entender melhor. — Realmente, parecia que o Caleb era igualzinho o jeito do Aaron. — Val, esperimente tentar se aproximar do filhote. Comece a tocar, brincar com ele, dar amor ao cachorro. Não deixe que ninguém grite com ele, que bata ou que o deixe irritado, e você verá como ele vai ficar parecido com você e até as crianças... todos que estão na casa, na verdade, terão um cachorro dócil. Bom, eu sei que você tem medo, porém para vencer precisará tentar, pode ser aos poucos, mas se permita dar uma oportunidade. — E, se eu não conseguir? — Tenta novamente. Um passo de cada vez, e lembre-se: Aquele filhote na sua casa, não