EZRA D'ARTAGNANAlguns dias antes da morte de Salvatore03h:00mDentro do escritório, iluminado apenas por uma lâmpada de mesa, eu me encontrava sentado em uma cadeira de couro, a mente afiada e os pensamentos vagando entre um e outro. Nomikos, estava ao meu lado, a expressão quase séria. Jonathan estava em pé, perto da janela, observando as sombras lá fora enquanto esperava por minha ordem. da, algo que estávamos acostumados a manipular.Nos últimos dias, o mundo de Salvatore havia começado a desmoronar, e tudo o que restava agora era dar o golpe final. O plano para derrubá-lo estava em movimento, cada peça do quebra-cabeça encaixada perfeitamente, cada detalhe meticulosamente planejado. Mas antes de Salvatore ser destruído, era necessário garantir que seus próprios aliados o traíssem, que aqueles em quem ele confiava o entregassem a mim sem hesitação. E para isso, precisaríamos jogar um jogo muito mais sombrio e complexo.Minha mãe, Nomikos havia orquestrado muitos dos movimentos qu
EZRA D'ARTAGNANTrês dias se passaram desde que Salvatore encontrou seu fim nas chamas que eu mesmo havia acendido. O mundo ao meu redor estava mudando rapidamente, como sempre acontecia após um movimento decisivo. As sombras se ajustavam, as peças se reposicionavam, mas eu estava no controle.Mas havia uma peça ainda fora do lugar, algo que não me deixava descansar. Penélope. Ela ainda estava lá fora, em algum lugar, e a incerteza sobre seu destino era uma ferida aberta que eu não conseguia ignorar.Jonathan e eu tínhamos trabalhado sem parar nos últimos três dias, rastreando cada possível localização, seguindo cada pista, por menor que fosse. Eu não podia permitir que ela permanecesse fora do meu alcance por mais tempo. A cada hora que passava, a necessidade de encontrá-la se tornava mais urgente, mais intensa.E então, finalmente, Jonathan entrou no escritório onde eu estava, o semblante duro como sempre, mas havia algo diferente em seu olhar, algo que eu não via há dias. Ele segur
EZRA D'ARTAGNANO salão de jantar estava preparado para receber os convidados, todos os antigos aliados que, durante anos, caminharam ao lado de Salvatore. Agora, eles estavam reunidos sob meu teto, não por escolha, mas porque sabiam que o poder havia mudado de mãos. Eles estavam ali para me ouvir, para prestar contas, para se submeter ao novo comando.Entrei no salão com passos firmes, o som dos meus sapatos ecoando pelo chão de mármore polido. Os 200 homens e mulheres presentes se levantaram à minha entrada, o silêncio pesado no ar. Cada olhar estava fixo em mim, mas eu podia sentir a tensão oculta por trás de suas expressões educadas.E eu gostava disso.Gostava de ter o controle absoluto da situação, de ver o medo disfarçado em seus olhos, mesmo enquanto tentavam manter a compostura.Me aproximei da cabeceira da longa mesa, minha mãe, Nomikos, estava sentada ao meu lado. Ela era a verdadeira matriarca, o poder por trás do poder. Quando me sentei, os outros seguiram o exemplo, suas
EZRA D'ARTAGNANCinco meses. Cinco longos meses desde que eu a resgatei das garras de Salvatore. Desde aquele dia, Penélope havia permanecido no hospital, sua vida pendurada por um fio, e eu, todos os dias, fazia questão de estar ao lado dela. Não importava quantas reuniões precisassem ser adiadas, quantos negócios necessitassem de minha atenção. Nada importava além dela.Flores. Elas se tornaram uma rotina, quase um ritual para mim. Comecei com as flores comuns na Grécia— rosas, lírios, e jasmins, que logo passaram a encher o quarto dela com seus aromas suaves. Mas conforme os dias se transformavam em semanas, e as semanas em meses, comecei a buscar mais.Orquídeas raras, tulipas negras da Holanda, até flores exóticas do outro lado do continente. Cada uma delas era escolhida com cuidado, como se, de alguma forma, a beleza e a vida dessas flores pudessem transmitir algo para Penélope, puxá-la de volta para o mundo dos vivos.Toda vez que entrava naquele quarto, o cheiro das flores era
PENÉLOPE VERONESIA brisa da primavera acariciava meu rosto, trazendo consigo o aroma sutil das flores de cerejeira que preenchiam o ar ao nosso redor. As árvores ao longo das ruas estavam em plena floração, criando um cenário quase surreal, como se cada pétala caindo ao chão fosse uma pequena promessa de renovação, uma chance de recomeçar. O Japão, com sua quietude e beleza, parecia o lugar perfeito para se perder, para esquecer o passado, ou pelo menos, para aprender a viver com ele.Marcus e eu estávamos sentados em uma mesa de madeira em uma praça pública. O lugar era simples, mas havia algo de encantador na forma como o sol de fim de tarde lançava um brilho dourado sobre tudo. Em nossas mãos, bolos tradicionais japoneses, pequenos e delicados, cada mordida um lembrete de que a vida ainda podia ser doce, apesar de tudo.— É difícil acreditar que já se passou tanto tempo, não é? — Marcus comentou, quebrando o silêncio confortável que compartilhávamos.Eu assenti, observando as péta
PENÉLOPE VERONESIO inverno finalmente havia chegado, trazendo com ele um frio cortante que parecia se infiltrar na minha alma.As ruas do pequeno vilarejo japonês estavam cobertas por uma fina camada de neve, e o vento assobiava nas frestas das janelas, como um presságio silencioso do que estava por vir. Eu sabia que ele viria. Sempre soube. Desde aquela conversa no hospital, desde o momento em que ele me deixou ir, sabia que esse dia chegaria.Estava sentada à mesa da pequena sala que dividia com Marcus, os dedos envolvendo uma xícara de chá quente que não conseguia aquecer o frio que sentia por dentro. Cada batida do relógio na parede ecoava em minha mente, aumentando a ansiedade que se acumulava em meu peito. Não tentei me enganar, não tentei imaginar que talvez Ezra não viesse. Não era o tipo de homem que fazia promessas vazias. Se ele disse que voltaria, então voltaria.O som de passos pesados na neve quebrou o silêncio da noite, e minha respiração ficou presa na garganta.Aquele
PENÉLOPE VERONESIO vento carrega consigo uma temperatura morna, fazendo os meus cabelos esvoaçarem quando me atingiram. A paisagem se vangloria em tons de laranja, amarelo e vermelho, uma paleta na qual eu sempre achei fascinante, tornando a época extremamente agradável aos olhos de qualquer um.Observei vagarosamente toda a singela movimentação lá fora, ao longe várias crianças correm pelo pátio e outros mais velhos estão sentados na grama possivelmente úmida, comendo e outros conversando.Memórias distantes fazem-me afirmar sempre que o outono é a minha estação preferida de todo ano, nem sequer a primavera e nem mesmo o inverno, têm a mesma beleza e embevecimento que o outono possui. Se ele tivesse uma personalidade talvez seria arrogante, ou então não, eu sempre imaginei como um homem quieto e silencioso, mas doce como uma pêra madura e bastante inteligente.Com isso, doces lembranças tomaram a minha mente em nostalgias leves, que, de certa forma, fizeram-me sorrir."O que é extre
PENÉLOPE VERONESIQuando eu tinha mais ou menos cinco anos, eu era apenas uma simples criança, não tinha muita noção do que se passava na minha casa, portanto, a presença de apenas criadas era indiferente para mim, afinal, eu podia brincar por onde eu quisesse.No fundo, era tudo aquilo que mais importava para mim.A minha vida era simples, tirando as excessivas mudanças de casa, eu estudava até ao meio-dia e passava a tarde toda inventando brincadeiras para me distrair.Lembro com gosto que eu até havia feito alguns esconderijos para me esconder, mas no fim eu acabava voltando a chorar nos braços das criadas por demorarem tanto a encontrar-me e eu ficara sozinha durante muito tempo.Porém, quando comecei a crescer as coisas começaram a mudar bastante, segundo o meu pai, eu já não podia mais brincar porque precisava de disciplina, então eu tinha regras rígidas para seguir.De facto, sempre fui uma criança bastante obediente e aos meus oito anos eu era obrigada a desenvolver habilidade