Diego— É aqui que vamos almoçar?Valentina pergunta para mim, apontando o dedo para a fachada do restaurante da minha amiga Diná. Já aguardo um interrogatório, quando eu entrar com Valentina ao meu lado. Mesmo querendo abraçar seu corpo e beijar sua boca, temos que ter uma certa cautela, pois ainda que Valentina raramente apareça na mídia, ainda assim alguém pode reconhecer e eu não quero ter que lidar com gente invadindo a nossa privacidade.— É o restaurante de uma amiga antiga. Sei que você não é acostumada a frequentar esse tipo de lugar, entretanto é um ambiente aconchegante, com uma boa comida caseira e pessoas agradáveis.Respondi, desligando o motor do carro, saindo de dentro para abrir a porta para Valentina. Quando cheguei ao apartamento dela, a encontrei ainda de roupão, terminando de se arrumar e tive que esperar mais vinte minutos até que ela ficasse pronta. As pernas torneadas, a bermuda jeans que ela está usando, com a camiseta regata, que não esconde suas curvas, me d
Valentina — Você pode esperar que vou querer voltar mais vezes aqui. Sério que comida maravilhosa é servida aqui. Lembra muito o tempero da tia Regina.Valentina, nem esconde a alegria em provar a comida caseira do restaurante da Diná. Sempre imaginei que o dia em que ela conhecesse o lugar, iria gostar da comida e claro do ambiente. Quase duas da tarde e Valentina segue comendo como se não houvesse amanhã. A sobremesa seria servida logo depois e o suco natural de laranja estava bem gelado e no ponto certo do açúcar.— Vamos dar um passeio no Parque da Independência quando você acabar de almoçar. O dia não está tão quente hoje e você aproveita para fazer uma caminhada.Digo, encantado por cada gesto dela, enquanto com tamanha alegria no olhar.— Gostei da ideia e se eu soubesse que você, era tão legal assim quando não está com aquela carranca, teria aproveitado mais momentos ao seu lado, quando você ainda estava trabalhando como o meu segurança.Ela diz, terminando sua comida.— Mas
ValentinaVoltava para o meu apartamento, depois de um sábado mais do que perfeito ao lado dele. Diego me tratou de uma forma tão diferente, fazendo com que eu me sinta amada pela primeira vez na vida. Em um dia, Diego fez coisas por mim, que o Mateus em dez anos de indas e vindas jamais conseguiu fazer. Parece até que o homem que ficou comigo o dia inteiro foi saído de um dos inúmeros livros de romance que costumo ler nas horas vagas. Era como se os meses longe um do outro, tivesse dando início a uma sensibilidade escondida por trás daquela carranca mal-humorada que ele costuma fazer. Enquanto ele está dirigindo de volta para o meu apartamento, olho para o seu rosto sério, concentrado na estrada. Recordo do dia em que ele me levou no apartamento dos nossos encontros e uma ideia veio à minha mente. O que ele faria comigo, se eu fizesse uma loucura enquanto ele está ao volante, como ele tentou fazer comigo quando eu estava sentada no banco do carona. De canto de olho, vejo que ele cont
Valentina— Valentina, o Leandro e eu estamos pensando em organizar uma festa surpresa para os nossos pais na casa de praia, o que você acha?Sofia e eu estamos, no quarto dela, deitadas na cama enquanto Leandro se encontra na poltrona mexendo no seu celular.— Festa surpresa?Perguntei, pois o aniversário deles passou há meses e de qual festa esses dois se referem?— Você anda no mundo da lua, de uns dias para cá. O aniversário de casamento deles, no final do ano. Esqueceu que nossos pais vão comemorar vinte e um anos de casados. Leandro é quem respondeu. Meu irmão vivia calado, raramente se envolvia nas coisas e fiquei surpresa com o interesse em relação a essa festa surpresa.— O que vocês dois pensaram?Sentei no colchão para conversar melhor com os gêmeos. Nossos avós, após o almoço, saíram para visitar um casal de amigos e eu ficaria na mansão até a noite. Diego me informou que teria alguns assuntos para resolver e que se não fosse problema passar o dia na mansão, seria até mel
DiegoOlhei a hora no relógio em meu pulso. Quase cinco horas da tarde e ainda tenho que ir ao meu apartamento, tomar banho e buscar Valentina na casa dos avós. Observo com orgulho a parede toda pintada e realmente fiz um ótimo trabalho. Lentamente vou conseguir finalizar a reforma do prédio e quando tudo estiver pronto, trarei Valentina para conhecer o lugar que será o meu restaurante muito em breve. Só em saber que consegui quitar todas as parcelas e que agora o imóvel é meu de papel passado, enche meu peito de orgulho. Diná quando descobriu, ficou mais do que feliz por mim e quando ouviu a proposta que fiz para minha amiga, pensou que eu estava brincando. Minha sorte é que ela conseguiu manter a boca fechada na frente da Valentina e não disse nada que pudesse revelar o meu sonho. Em alguns meses, estarei me aposentando e sendo dono em parceria com a minha amiga de um lugar em que se a minha mãe fosse viva teria um baita orgulho do seu único filho. Começo a guardar o material de pin
ValentinaO final do ano se aproxima e estamos entrando na primeira semana de dezembro. Meu relacionamento secreto com Diego completou dois meses e estamos vivendo uma relação da qual eu não estou acostumada. Nossos encontros em meu apartamento, beijos e amassos trocados quando ele trabalha no hospital e o sentimento que estou sentindo cresce de uma forma que eu não sei como conseguir controlar. Estamos conseguindo esconder muito bem o que estamos vivendo e até o Mateus parece ter desistido de reatar comigo. Encontrei com os pais dele em um jantar, acompanhando os meus avós e Natália não escondeu o desprezo que sente por mim. Minha vida está numa fase tão boa que eu nem quero pensar no amanhã, ao menos por agora. Diego, teve que resolver um assunto para o meu pai, relacionado a algo com o partido aqui em São Paulo e por isso achei melhor vir sozinha para Estrela Guia. Francisco marcou comigo e a Cristina uma reunião no centro de justiça para mulheres e eu estava bastante empolgada par
ValentinaA conversa entre Cristina e Francisco foi positiva e a ex-primeira dama aceitou assumir a direção do centro jurídico em Estrela Guia e também concordou em viajar com a família Pascal para as comemorações de final de ano. A mulher além de ser bastante inteligente, tinha ideias boas e me contou sobre ser formada em pedagogia, porém não exercia a profissão, porém trabalhou por muitos anos, com causas sociais e o fato de ser esposa de um político bastante conhecido no Estado abriu várias portas para auxiliar a quem precisasse. Em determinado momento da reunião, Francisco pediu licença para atender uma ligação importante e sozinha com Cristina, ouvi a mulher contar que Mário usava o coração bondoso dela, para conseguir votos, principalmente das eleitoras.Após acertarmos tudo, a tia Viviane chamou Cristina para auxiliar no jantar, enquanto fui com Francisco sentar na varanda, aguardando a volta do tio Pedro. Clarinha, dormia, depois da diversão na cozinha com a avó.— Estou na co
DiegoTive um dia de merda, resolvendo questões daquela porcaria de partido, que eu nem mesmo tenho algo a ver, porém, como foi um pedido do presidente, não posso negar. Existia uma movimentação por debaixo dos panos, para o pupilo do Mário, concorrer à prefeitura de São Paulo, porém os aliados não concordavam com a escolha do nome. O genro do Luiz, que foi mal sucedido na última eleição para vereador, seria o nome escolhido pelo partido conservador para disputar as eleições. Ao ser notificado, o presidente entrou em contato comigo para verificar o que Mário planejava. Penso que ao chegar no apartamento dela, encontraria Valentina me esperando, mas dei de cara com o lugar vazio e ela, até essa hora na companhia do filho do Pascal. Voltei para o sofá, esperando ela vir atrás de mim, algo que não demorou um minuto para acontecer. Tenho que controlar meu ciúme, mas é mais forte do que eu. Imaginar que os dois passaram a tarde inteira conversando, rindo e se divertindo. Recordo da vez que