Valentina

Todo o caminho desde o aeroporto até chegarmos ao meu apartamento, sendo feito em total silêncio. De propósito sentei no banco traseiro, dessa forma eu não teria que olhar para sua carranca mal-humorada de sempre. É estranho, mas, ao mesmo tempo, bom como na presença dele, esqueço os problemas e até do meu namoro com Mateus. Por pouco não comentei com a mamãe sobre os beijos trocados, mas calei-me porque sei que ela não seria a favor da filha envolvida com um funcionário vinte anos mais velho. Estava tão alheia que não reparei quando o carro parou na vaga do prédio e o ogro chamou minha atenção virando de costas para avisar que havia chegado.

— Você pode subir agora — diz olhando para mim através da luz fraca que ilumina a garagem.

— Subir sozinha? E quem levará a minha bagagem?

Questionei para irritar o ogro, pois posso muito bem levar sozinha, mas queria ele entrando no apartamento comigo.

— Você pode muito bem carregar sua mala sozinha — ele diz apontando para a porta do