Valentina— Mamãe, acabei de pedir que levem a última caixa com os meus livros.Estava no meu quarto com mamãe sentada em minha cama, observando os últimos ajustes da minha mudança. Meus pais iriam viajar para Brasília depois do jantar e eu me mudaria para o apartamento no dia seguinte. Todas as minhas coisas estavam no meu apartamento, faltando apenas uma mala menor com algumas roupas que eu costumo usar em casa.— Perfeito meu amor! Conversei com os seus irmãos, disse que se precisarem de qualquer coisa, que falem contigo e me avisem. Estou achando sua irmã um pouco distraída, notei Sofia estranha no café da manhã, perguntei se estava acontecendo algo, mas ela respondeu que era a faculdade.Minha mãe diz, batendo no colchão para que eu me sentasse ao seu lado. Deixei o vestido em cima da cadeira e fui me sentar ao seu lado.— Vou sentir sua falta, meu amor — minha mãe diz, tocando meus cabelos com carinho. Eu era mais parecida fisicamente com ela, apesar de ter o sorriso do meu pai.
DiegoDe pé no canto da sala, aguardava Valentina se despedir dos avós. Sua bagagem em minhas mãos e o clima dentro do ambiente era de tristeza como se a garota estivesse se mudando para o Alasca e não para um apartamento totalmente seguro há menos de vinte minutos de carro.— Minha netinha, cuidado quando chegar em casa tarde da noite. Se estiver sentindo cansaço após os plantões noturnos, pode tratar de dormir na suíte do hospital e nada de ficar se esforçando demais.Ouço o doutor Ricardo aconselhando a neta mais velha, tentando segurar o sorriso ao ouvir a conversa dos três. Os pais da garota, se encontravam em Brasília e a partir de hoje eu seria a sombra da filha do presidente do Brasil. Eu teria uma sala no hospital, de onde controlaria toda a segurança da família Martinez em São Paulo e do próprio presidente em Brasília.— Os dois podem parar com esse drama. Eu prometo que não vou ficar mais do que dois dias sem aparecer. E o senhor e a senhora podem me visitar também.Valenti
Diego— Espero não ter exagerado no tempero da carne — Valentina diz, enquanto come. Fiz o que ela me pediu, esperando a garota preparar a comida sentado em uma das banquetas. Acabei ajudando a arrumar a mesa do jantar e em um momento de distração, comentei sobre o meu amor pela culinária.— O tempero está no ponto certo e você cozinha muito bem — respondi, bebendo um gole de água, mesmo com Valentina me oferecendo vinho. Eu não iria abusar da sorte, que era comer a comida da filha do meu chefe e ainda por cima beber com a garota.— Obrigada pela parte que me toca. O seu elogio foi verdadeiro para mim e na próxima, te prometo preparar uma sobremesa para assim termos o banquete completo.Ela respondeu, voltando sua atenção para a comida. O cabelo preso em um rabo de cavalo, alguns fios soltos, davam um ar mais jovem à garota e fiquei observando seu rosto por uns minutos como se estivesse hipnotizado. Passei a enxergar aquela garotinha alegre, que andava para cima e para baixo com sua b
ValentinaFiquei parada por alguns segundos, observando Diego entrar no elevador e ir embora. Sua companhia agradável, fez com que eu me distraísse um pouco e ter ele jantando comigo foi algo que eu não estava acostumada a fazer. A voz do Mateus gritando me fez voltar a realidade e assim que voltei para a sala de jantar, encontrei meu namorado olhando para a mesa com raiva.— Que palhaçada é essa Valentina?Mateus aponta para a louça em cima da mesa.— A mesa do jantar — respondi, indo limpar a bagunça e levar para a cozinha.— Eu sei que é uma mesa de jantar. Quero saber o motivo de ter dois pratos aqui em cima. Por acaso aquele velhote, que é a sombra do seu pai, jantou sozinho contigo?Pergunta-me, seguindo-me até à cozinha. As flores e a caixa de chocolate que trouxe, sabe lá por onde ele havia colocado.— O chefe da segurança do meu pai, jantou comigo, me fez companhia até agora pouco e que mal tem nisso?Digo, voltando para buscar o restante da louça. Mateus me esperou na cozinh
Diego— Foi tudo tranquilo, papai. Sim! Diego está me levando para o trabalho. Tudo bem, jantarei com os meus avós hoje. Certo. Também amo o senhor. Qualquer coisa o senhor me manda mensagem porque entro agora no hospital e sabe que não gosto de me distrair com o celular. Conversamos quando eu chegar em casa.Valentina, ao meu lado, dá um suspiro assim que desliga o celular e coloca na bolsa. Todas as perguntas que a garota respondeu para o pai dela, foram feitas a mim às cinco e meia da manhã. O presidente me acordou justo neste horário para saber como foi a primeira noite da sua filha mais velha. Respondi que acompanhei Valentina até a hora em que tudo estava organizado em seu apartamento e omiti o jantar e a nossa conversa. Notei que a garota fez o mesmo e senti um certo alívio ao ouvir toda a conversa entre pai e filha. Ao chegar a sua casa às sete da manhã, encontrei uma mesa farta e toda caprichada. A primeira coisa que fiz ao entrar, foi discretamente procurar indícios de que o
ValentinaEstou realmente realizando um sonho ou continuo sonhando? Assim que entrei em meu consultório, todo decorado do jeitinho que sempre desejei, sinto uma felicidade tão grande que por muito pouco não chorei. Queria tanto os meus pais ao meu lado, agora tão especial. Enfim, eu Valentina Martinez estava oficialmente adentrando o seu consultório dos sonhos de menina. Quando decidi me tornar pediatra ainda aos sete anos, quando descobri que era filha de um dos homens mais importantes do país e aos dezesseis quando terminei o ensino médio e meses depois entrei na faculdade de medicina, esse foi o momento do qual eu sempre sonhei. Agora, além de ser pediatra em um dos hospitais de renome em todo o Brasil, também faço parte da diretoria e me tornei a diretora mais jovem que passou por aqui. Sei bem, que a maioria das pessoas, vão insinuar que conquistei tudo isso por ser filha mais velha de uma família tradicional que tanto o meu pai quanto o meu avô são nomes mais do que respeitados
ValentinaDiego mal estacionou o carro, eu fui surpreendida negativamente ao encontrar outro veículo muito conhecido parado na vaga que antes era do meu pai. Era só o que me faltava. Mal cheguei na casa dos meus avós para jantar, dou de cara com o carro do Mateus. Será que ele continuaria forçando situações apenas para me deixar com raiva ou pensa que agindo dessa forma, vai me vencer pelo cansaço? Olhei para o lado e notei o rosto enfurecido do Diego, pois ele conhecia bem o dono daquele carro. Meu dia no hospital começou com a reunião, a qual me deixou bastante nervosa, contudo terminou felizmente, pois eu atendi as crianças na parte da tarde que me arrancaram sorrisos de tanta felicidade.— Acredito que não será necessário, aguardar você para te levar de volta ao apartamento — Diego diz, com sua voz rouca sem nem mesmo olhar para o lado. Queria negar, dizendo que Mateus não me deixaria em casa, entretanto sei que será o contrário e que meus avós vão me obrigar a aceitar ir com ele
ValentinaAcordei cedinho, preparei o café da manhã e aguardei a chegada do Diego. Porém, ao abrir a porta, assim que a campainha tocou para a minha surpresa, quem surgiu foi Alex, o segurança do turno da noite, informando que ele é quem me acompanharia ao hospital, pois Diego teve que resolver um assunto urgente e por conta disso não poderia dirigir para mim esta manhã. Perguntei qual compromisso importante é esse, pois papai não disse nada e eu também achei melhor não comentar sobre outro segurança fazendo o trabalho do chefe da segurança. Confesso que me sinto inquieta e curiosa até demais para descobrir o motivo. Lia a minha agenda de pacientes da semana e hoje eu não teria como jantar na casa dos meus avós e no almoço eu me encontraria com Francisco no restaurante do hospital. Depois da minha discussão com Mateus, enviei uma mensagem para o meu melhor amigo, pedindo um encontro com ele hoje e como sempre Francisco viria ao meu resgate ouvir o meu desabafo. Passava do meio-dia e n