Valentina
Juro, eu iria esperar a chegada do Diego, contudo a minha curiosidade foi tanta que acabei abrindo o exame, assim que entrei em nosso quarto e sentei na cama. A conversa com a minha mãe, passar a tarde ao seu lado, ouvir seus conselhos, sua alegria por conta da minha felicidade, saber que mamãe apoia o meu casamento, que entende os sentimentos que sinto e que o jantar será para anunciar o meu noivado e o casamento em breve. Mamãe, não parou um segundo sequer de falar sobre a festa que a filha mais velha merece, que quer o vestido de noiva mais lindo para mim e que enfim poderá me presentear com algo valioso que ela havia ganhado quando se casou. Agora me encontro sentada no colo do meu noivo, sua mão espalmada em minha barriga, alisando a pele enquanto conversa com o filho. Me desesperei à toa, porque o que estou assistindo é um homem feliz por ser pai e desesperado ao afirmar que n&atil
ValentinaEstamos chegando na mansão, para o jantar com a minha família e alguns amigos. Diego se encontra decidido a contar tudo e combinar com a mamãe de falar para o meu pai e ela a sós, antes de expor para todos. Claro que a gravidez seria uma surpresa tanto para ela quanto para os meus irmãos e os meus avós. Meu noivo ainda não sabia que os pais do Mateus e o próprio foram convidados, junto da tia Sara e do Marcos com a esposa Paola. O jantar era mais um dos inúmeros eventos que a vovó Soraia ama organizar apenas para passar o tempo dela. Mamãe é quem sempre fala, que a vovó usa isso para ocupar o tempo ocioso dela. Diego parou o carro ao lado de um Mercedes preto e nem preciso conferir a placa para saber quem é o dono. Até o último segundo, acreditei que Mateus não teria coragem de aparecer aqui, porém esqueço quem é
ValentinaApós conversar com a tia Áurea, fomos para o jardim, onde estava acontecendo o jantar. Vovó gostava de organizar as festas, aqui, pois ela amava as flores e dizia dar um ar chique à decoração. Diego ao meu lado, seguia segurando a minha mão com carinho e mesmo que eu esteja tentando parecer bem, ainda assim não sei se vou conseguir contar tudo sem chorar na frente dos meus pais. Não porque estou com medo de algo, longe disso sinto-me mais do que segura com a decisão do casamento e a gravidez inesperada que para mim é uma benção por saber que meu bebê, tem um pai que me ama e me trata com todo amor que eu sempre sonhei para mim.Assim que chegamos na parte do jardim, encontramos os meus pais, de pé ao lado dos pais do Mateus, conversando animadamente, enquanto Sara, Marcos, a esposa e os meus avós, conversavam sentados a enorme mesa do jantar. Vovó Soraia, além de exagerada demais, fazia questão de enfiar aquela mesa enorme de vinte lugares como se fosse o banquete de uma rai
DiegoPaciência! Eu preciso de muita, para não armar uma briga com a família da Valentina. Na realidade, com o pai da minha noiva. O desmaio, causado com certeza devido às ofensas que o pai fez a ela, logo depois a confusão com todos preocupados com o que houve e o choque quando acabei revelando a gravidez na frente de todos. O tal Mateus, foi o primeiro tentando vir pra cima de mim, achando que consegue me enfrentar sem levar uns bons tapas naquele rosto arrogante. Para a minha sorte a madame, mãe do babaquinha, chamou filho e marido para ir embora. O médico diretor do hospital, com a esposa e a doutora Sara também foram, deixando apenas a família Martinez na mansão. Pelo jeito a nossa vinda acabou estragando o evento que dona Soraia planejou com tanto carinho. Entretanto, para mim, pouco importa tudo isso, quero apenas pegar Valentina pela mão e dar o fora desse lugar. Infelizmente preciso esperar o seu pai examinar a filha no antigo quarto dela, eu sigo na sala sendo observado pelo
ValentinaAcordei me sentindo melhor do que ontem a noite. Diego precisou sair para resolver um assunto no restaurante, aproveitei para continuar na cama, pois não estava com vontade de sair para nenhum lugar. Meu noivo, quis me levar até o hospital antes do seu compromisso, contudo disse que me encontro bem e se porventura eu tiver algum mal- estar ligaria na mesma hora. Após tomar um banho, para despertar, fui até a cozinha, tomar o café da manhã. Diego deixou a bancada organizada, com frutas, torradas, pão de forma, suco e café com leite. Sentei-me na banqueta, servindo-me de um pouco de cada coisa, para manter o estômago cheio. Não jantei na noite anterior, me alimentei bem mal e com certeza a fraqueza foi falta de comida. Tiraria o dia para descansar em casa, pois quero manter a mente limpa de pensamentos ruins, principalmente quando eles são relacionados ao meu pai. Como filha não desejo nutrir mágoa e raiva do homem que me criou, do qual eu respeito. Contudo papai vem agindo de
DiegoMantenha a calma! Você não pode surtar aqui. Minha mulher vai ficar bem.É o meu mantra, desde o momento em que pisei aqui nessa recepção do hospital dos Martinez. Não queria ter trazido Valentina para cá, porém ela insistiu e me convenceu durante o trajeto de que a obstetra dela é daqui e que se sentiria mais segura ao ser atendida neste lugar. Juro que não quero ter contato algum com nada que venha dessa família, contudo infelizmente sou obrigado pois no fundo sei que Valentina sente falta do pai, dos avós e do companheirismo que existe entre eles. Sigo sentado na cadeira da recepção, nervoso, sem notícias de nada. De cabeça baixa, sinto uma mão tocando o meu ombro e ao levantar o olhar, vejo a doutora Sara parada ao meu lado.— Se acalma. Foi somente um susto, que veio para que Valentina se cuide melhor.A mulher diz, vindo sentar ao meu lado.— De que susto você se refere?Perguntei com medo de ouvir a resposta. Se algo ruim acontecer com Valentina e o meu filho, juro que nã
DiegoValentina segue dormindo, estou na estrada de chão que termina na frente da pousada. A viagem de quatro horas, foi feita em três horas e meia. Para minha sorte, ela dormiu o tempo todo, porém vou acordá-la pois dessa forma ela vai estar acordada quando eu estacionar na porta da pousada. Enquanto dirijo com uma mão, com a outra toco com carinho em sua bochecha, acariciando a pele, pois eu sempre acordo Valentina dessa forma, então não seria algo diferente para ela. Desço os dedos até o seu nariz, fazendo cócegas, para que ela possa despertar. O GPS mostra que em menos de dez minutos vamos estar chegando à pousada. Com certeza, Francisca e Fabrício ficarão felizes ao nos encontrar e principalmente por saberem que estamos juntos e seremos pais.— Paixão, hora de acordar. Nosso destino se encontra há menos de dez minutos.Falei baixinho, vendo-a despertar com minhas carícias, Valentina se espreguiça no banco do carona, abrindo os olhos devagar até que encara ao redor, vendo as luzes
Valentina— Sua sopa está deliciosa — digo enquanto terminei de dar a última colherada. Tomei um banho quente para depois comer algo. Diego fez a mesma coisa, agora estamos os quatro na cozinha da pousada.— Obrigada, menina! Você pode ficar tranquila, que durante sua estadia aqui vou preparar caldos e uma comida que sustente você e seu bebê.Francisca diz, ao tocar a minha mão com carinho. O casal perguntou como estamos, se nosso relacionamento vem desde a época que estivemos aqui ou se foi recente. Diego estava falante demais, que me surpreendeu ao contar como nos envolvemos e que a viagem até aqui foi o divisor para que ele descobrisse os seus sentimentos.— Hora de dormir!Fabrício fala, ao se levantar, sendo seguido pela esposa, que tirou a louça da mesa. Levantei para ajudar, porém ela me impediu negando com a cabeça.— Vá descansar, que mesmo uma viagem curta, você ficou tempo demais dentro do carro.Diego passa o braço em torno da minha cintura, mantendo-me junto a mim.— Fran
DiegoAcordei antes das cinco e meia da manhã. Valentina se mexia o tempo inteiro na cama e eu acabei perdendo o sono. Com cuidado levantei da cama, para não acordá-la e tomei um banho, vesti uma calça de moletom, camiseta regata, tênis e peguei apenas o meu celular, guardando no bolso para uma corrida logo cedo. Ao passar pela recepção, encontro Francisca acordada, começando a organizar as coisas do café da manhã.— Bom dia, Diego!Francisca me deseja bom dia, eu me aproximo da senhora para avisar que correrei um pouco enquanto Valentina ainda dorme.— Bom dia! Saio, mas não demorarei. Minha noiva ficou dormindo e se ela acordar e perguntar de mim, fale que dei uma caminhada.Aviso Francisca, que pergunta se eu não quero tomar ao menos um café preto.— Tomo o café na volta. — respondi, despedindo-me da dona indo em direção à saída. Estava escuro ainda, era cedo e o sol nem mesmo havia aparecido. Decidi correr na estrada da frente, até um riacho que ficava há menos de trinta minutos.