O sol mal havia surgido no horizonte quando Damian já estava de pé, organizando os últimos detalhes para a noite. A festa de Amélia precisava ser impecável, e ele não deixaria nada sair do controle.Sentado à sua mesa, ele ergueu os olhos quando Ethan entrou no escritório. Seu beta parecia tão atento quanto ele, pronto para ouvir novas instruções.— Preciso que providencie uma seleção de vestidos para Amélia — Damian ordenou, sem rodeios. — Algo digno da futura companheira do Alfa. Além disso, traga algumas lobas experientes para ajudá-la a se preparar.Ethan arqueou uma sobrancelha, um sorriso sugestivo brincando em seus lábios.— A futura companheira do Alfa, hein? Está finalmente aceitando isso?Damian lançou-lhe um olhar afiado.— Apenas faça o que estou pedindo.Ethan riu baixo, mas assentiu.— Como quiser. Algo mais?Damian se recostou na cadeira, cruzando os dedos sobre a mesa.— Qu
O sol já começava a se pôr, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. Faltava apenas um dia para a festa, e Damian sabia que ainda havia algo importante a ser feito: Amélia precisava escolher o vestido que usaria na celebração.Ele subiu as escadas em passos firmes, indo diretamente para o quarto dela. No caminho, sua mente ainda estava inquieta. Desde a noite anterior, após aquele beijo intenso, ele sentia que as coisas entre eles estavam ficando cada vez mais difíceis de controlar. O desejo crescia dentro dele como uma fera prestes a ser libertada.Mas ele prometera a si mesmo que esperaria.Quando chegou à porta do quarto de Amélia, ergueu a mão para bater, mas antes que pudesse fazer isso, algo o atingiu com força.Um cheiro doce e embriagante.O corpo de Damian ficou tenso no mesmo instante. Seu coração acelerou, e uma onda de calor subiu por sua pele. Ele conhecia aquele cheiro.Era excitação.Mas não qualque
A noite finalmente havia chegado. O grande salão da casa da matilha estava deslumbrante, iluminado por lustres de cristal e tochas suaves que criavam um clima acolhedor e sofisticado. As mesas estavam decoradas com arranjos florais delicados, e o aroma de vinho e especiarias pairava no ar. Amélia nunca havia visto nada parecido. Ela permaneceu no topo da escadaria por um momento, observando a festa abaixo. O salão estava repleto de membros da matilha e convidados importantes. Todos vestidos elegantemente, brindando e conversando animadamente. Mas, apesar de toda a agitação, seus olhos buscaram apenas uma pessoa. E então, como se sentisse o olhar dela, Damian ergueu a cabeça. Por um breve instante, o tempo pareceu desacelerar. Ele estava impecável em um terno preto bem ajustado, o cabelo penteado de um jeito ligeiramente bagunçado que só realçava sua aparência imponente. Os olhos âmbar brilharam
Amélia notou que a clareira estava mergulhado em um silêncio absoluto, pois até o sons dos animais noturnos não se ouvia. O ar vibrava com uma energia antiga e poderosa, algo que ninguém ali jamais havia sentido antes. A lua cheia pairava no céu, derramando sua luz prateada sobre Amélia, que arfava no centro da clareira. Seu corpo tremia, a pele queimava, e cada fibra de seu ser pulsava com uma força desconhecida.Damian a observava com o peito apertado. Ele sabia que a primeira transformação era dolorosa, mas o que estava acontecendo com Amélia ia além do esperado. Seu corpo brilhava tenuemente, como se estivesse absorvendo a luz da lua e a canalizando para dentro de si.Então, um grito cortou o ar.Amélia caiu de joelhos, cravando as unhas no chão de terra úmida pelo sereno, sua respiração curta e ofegante. Seus olhos estavam arregalados, completamente tomados pelo brilho prateado da lua. Suas veias pareciam iluminar-se sob a pele pálida, e seu corp
Antiope era uma vila cercada por colinas ondulantes e bosques de carvalhos tão antigos quanto o próprio tempo. As casas de pedra, cobertas de trepadeiras floridas, pareciam emanar um calor acolhedor, mas sob essa aparente tranquilidade escondia-se um medo enraizado. O nome do Alfa ressoava como um trovão nas conversas sussurradas. Ele governava não apenas a vila, mas também os corações de seus habitantes, que andavam sempre com olhares baixos e passos apressados, como se até mesmo o vento pudesse levar suas palavras para ouvidos errados.No meio dessa realidade opressora, vivia Amélia.Desde muito jovem, a vida lhe ensinara a sobreviver com pouco. Seus pais foram arrancados dela antes mesmo que tivesse idade para compreender a dor da perda. A memória deles era um borrão distante, fragmentos de vozes e risadas que às vezes vinham nos sonhos, apenas para desaparecer ao amanhecer. A vila, que deveria ter sido seu lar, virou um lugar onde não havia espaço para uma órfã. Sem ninguém que a
O silêncio entre eles era espesso como a neblina que pairava sobre a floresta. Amélia caminhava um passo atrás do filho do Alfa, os olhos atentos a cada detalhe do caminho. As árvores pareciam se curvar à presença dele, os pássaros silenciavam ao seu redor, e até o vento hesitava em soprar. Ela deveria ter fugido. Deveria ter resistido. Mas algo nela — talvez o instinto, talvez o cansaço de viver sozinha — a impediu. O cheiro de terra úmida começou a se misturar com algo mais denso, algo que fazia seus pelos se arrepiarem: o cheiro de outros lobos. Eles estavam perto. Muito perto. Seu coração começou a bater mais forte. O que ele queria com ela? Quando os portões da matilha surgiram à frente, sua respiração ficou rasa. Eram enormes, de madeira escura reforçada com ferro, e guardados por dois homens de olhar predador. Eles a observaram com curiosidade, mas não ousaram questionar o filho do Alfa quando ele passou por eles, trazendo-a consigo. Amélia se encolheu ao sentir dezenas de
Amélia tentou lutar contra o sono.Se dormisse, talvez acordasse em uma armadilha. Talvez descobrisse que tudo aquilo — o banho quente, as roupas limpas, a comida abundante — fosse apenas um truque cruel antes de seu verdadeiro destino.Ela já ouvira histórias assim antes. Promessas de conforto, de segurança, apenas para serem substituídas pelo frio da traição. Sua vida lhe ensinara a desconfiar da bondade, a questionar gestos gentis. Sobrevivência não permitia ilusões.Mas o cansaço, esse inimigo silencioso, foi mais forte.Seu corpo cedeu, vencido pelo esgotamento acumulado de tantas noites mal dormidas, de tantos dias fugindo, se escondendo, sempre à beira do colapso. O colchão, macio como um abraço esquecido, envolveu-a, e, antes que pudesse resistir, seus olhos se fecharam.O sono veio como uma onda morna, arrastando-a para um lugar onde, por um instante, não havia medo.Quando o sol começou a se erguer no horizonte, uma fragrância familiar despertou seus sentidos.Era um cheiro
O silêncio entre eles era espesso, quase palpável.Não um silêncio comum, mas um carregado de tensão e perguntas não ditas.Amélia continuou comendo, cada mordida trazendo uma avalanche de sentimentos confusos. O medo ainda estava ali, enraizado em seu peito como um espinho que se recusava a sair. Mas a fome era mais forte, e ela não desperdiçaria aquela oportunidade.Cada pedaço de pão que mastigava parecia dissolver um pouco da rigidez em seus músculos. A sensação de comida quente no estômago era algo que ela não sentia há muito tempo. Era quase estranho.Mas a presença de Damian impedia que relaxasse completamente.Ele permanecia parado perto da porta, os braços cruzados sobre o peito largo, observando-a com um olhar indecifrável.Não parecia apressado, nem impaciente. Apenas… atento.Ela não sabia dizer se isso era melhor ou pior.Depois de alguns instantes, ele finalmente falou:— Há quanto tempo você estava sozinha?O som de sua voz quebrou o silêncio como uma pedra atirada em u