Capítulo 9

Ela sentiu sua boca ficar seca, e seu sangue pareceu correr mais rápido em suas veias, seu corpo parecia febril e suas pernas estremeceram.

Rosalie estava sendo consumida pela raiva.

Louie a olhava sem ter a intenção de soltá-la, e quando a pressionou mais Rosalie gemeu de dor, quando o homem percebeu isso não a soltou de imediato.

— Está com dor, Rosalie? — perguntou com escárnio. — Estou segurando-a muito forte?

Rosalie fechou os olhos.

Quando os abriu, não havia mais nenhum medo em seus olhos quando lhe disse:

— Você deve chorar em sua cama toda noite, pensando que eu, uma mulher com infância pobre se senta na cadeira da presidência e você não.

Havia chamas intensas nos olhos de Louie, porém, as portas do elevador se abriram.

Louie havia apertado o botão novamente, e em seguida a libertou.

Rosalie saiu do elevador sem olhar para trás.

Seu coração batia descompassado, suas mãos estavam formigando, suas pernas trêmulas.

Quando girou a chave para entrar em sua sala da presidência a derrubou no chão, seus dedos estavam trêmulos.

— Sra. Valois?

Rosalie se voltou para a voz feminina, e se deparou com os olhos preocupados da secretária Eleonor.

A mulher se abaixou e lhe entregou a chave, Rosalie abriu a porta de sua sala e entrou, sendo seguida de Eleonor.

Eleonor rapidamente se encaminhou até o bebedouro e serviu um copo de água para Rosalie, ela se sentou em sua cadeira sentindo suas costelas doerem, todo o seu corpo doer, devido a violência sofrida por Louie.

— Senhora Valois, está tudo bem?

Leonor a chamou.

Ela levantou o olhar para a secretária.

— Estou bem, Leonor, apenas cansada. — respondeu-lhe.

A secretária assentiu e a deixou em sua sala.

Rosalie arfou no momento que a porta foi fechada.

Contudo, mesmo com dor e cansada ela iniciou seu trabalho no computador, lendo sobre os arquivos dos setores mais importantes do Grupo Empire.

Ela olhou o balanceamento das vendas de peças, e as horas passaram até que Leonor retornou para arrumar a enorme mesa para a reunião com os diretores.

Rosalie continuou revisando o conteúdo que abordaria na reunião, quando deu o horário marcado e alguns diretores começaram a entrar.

Após alguns minutos, ela percebeu que apenas alguns haviam comparecidos.

Muitos deles que ela precisava conversar sobre seu setor não estavam presentes.

Isso despertou uma amargura dentro dela, não estava sendo levada a sério.

Rosalie engoliu o orgulho e decidiu iniciar a reunião.

Durante a reunião ela fez algumas perguntas aos diretores dos setores que, segundo os arquivos de Duncan, precisavam ser avaliados mais atentamente. Ela perguntou diversas coisas, queria entender todas as suas deficiências e pontos fortes.

Viu que alguns deles pareciam impacientes e desconfortáveis, mas não bastava ler sobre os setores, precisava entender quem os gerenciava.

Enquanto falava sobre as questões da empresa, ficou indignada quando um homem simplesmente se levantou em direção a saída.

— Onde o senhor pensa que vai? Estamos em uma reunião.

O homem se voltou para ela, e respondeu:

— Eu vejo uma reunião, que só serve para termos que ensiná-la como uma empresa funciona, coisa que, se fosse capacitada, saberia. Nos faz perder tempo, Sra. Valois.

Ela o olhou chocada.

Outro homem se levantou e disse:

— Bresson tem razão, Sra. Não temos tempo para isso.

Ela assistiu impotente os homens deixarem a sala.

Rosalie se sentou em sua cadeira, sentindo perdida.

Ela foi para casa mais cedo naquele dia, e enquanto dirigia pensou no que estava fazendo com o cargo de Duncan.

Rosalie se recusou a chorar, e decidiu desviar seu caminho.

Ela seguiu para a praia, para ver o entardecer, e pensar.

Seus pés tocaram a areia e ela foi arrebatada pelas lembranças da última vez que estivera ali.

Dez anos antes.

Rosalie olhou para Duncan, sentado com o olhar no oceano.

Ela se aproximou devagar, e se sentando ao seu lado alisou suas costas, seus dedos percorrendo seus ombros tensionados, enquanto observava toda a beleza dele.

Estava procurando-o o dia todo, quando finalmente se lembrou da praia que Duncan sempre ia quando queria ficar sozinho, e seu sumiço durante todo o dia, indicava isso.

— Duncan?

Ele virou o rosto para ela, e Rosalie viu como seus olhos estavam marejados.

— Porque veio para cá, Duncan? Porque está fugindo de mim?

Ele engoliu em seco, então ela teve certeza no mesmo instante que ele havia visto.

Havia presenciado Louie, na cozinha lhe sussurrando suas palavras perigosas.

— Por que nunca me contou? — havia dor em sua voz, e algo mais.

Sua voz soava como traição, e aquilo doeu dentro dela como um punhal.

Ela tirou as mãos de suas costas e voltou seu olhar para o oceano, a lua acima deles brilhava intensamente.

— Como eu poderia me intrometer entre vocês? Como poderia olhar em seus olhos e lhe dizer que seu irmão acredita que está apaixonado por mim?

Duncan se levantou, e ela o viu cerrar os punhos com tanta força que sangue escorreu de sua mão direita. 

Rosalie se levantou no mesmo instante, chocada.

Ela puxou sua mão preocupada, e quando ele a abriu Rosalie viu que ele segurava uma adaga.

— Eu tinha planos de enterrar isso no coração de Louie. — Confessou Duncan, seu olhar era sombrio.

— Ele é seu irmão, Duncan.

— Ele é um ser desprezível, que apenas deseja ter tudo que eu tenho. 

Rosalie concordou.

Duncan olhou para a adaga em sua mão, ensanguentada.

Em seguida seu olhar se elevou para as ondas negras a sua frente, ela assistiu enquanto ele lançava a lâmina no mar.

— Por que não reagiu no momento que o viu?

Duncan a olhou, então murmurou:

— Porque eu o teria matado. E perderia você. Mas não foi só por isso. A morte não seria o suficiente. Se ele realmente acredita que deve tê-la, então pretendo continuar privando-o disso, para o resto da vida. Ele não a verá mais, não deixarei que respire nem sequer o mesmo ar que a minha mulher, se o fizer, então eu o matarei com minhas próprias mãos. 

Rosalie assentiu, contudo, nunca esqueceu do olhar sombrio de Duncan. Ele não se parecia com o homem que conheceu, aquele homem jamais cogitaria matar o próprio irmão.

Ainda assim, amava-o. De todas as suas formas.

Rosalie abriu os olhos e retornou ao presente.

Ela sentia a saudade de Duncan a esmagar, e quando se levantou ao se virar pensou ter visto uma figura masculina escondida nas sombras.

Novamente a sensação de ser observada retornou, Rosalie se apressou para seu carro e foi direto para casa.

No dia seguinte, ao chegar na empresa novamente ela notou os olhares, contudo, agora eles estavam acompanhados de sussurros.

Ela bufou, mas resolveu ignorá-los novamente.

Rosalie trabalhou o dia todo.

Em um certo momento, Leonor entrou em sua sala e havia apreensão em seus olhos.

— Qual o problema, Leonor? — perguntou.

A secretária suspirou, então suas palavras saíram como um turbilhão, rápido demais, e inacreditáveis de tão cruéis que eram.

— Sra. todos os funcionários estão comentando que seus filhos são bastardos, que a senhora se casou por interesse, e o pior, que planejou a morte do seu marido para ocupar o lugar dele!

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