Fico por alguns segundos sem saber o que falar. Aquela cena é extremamente contraditória, o que me fez não esboçar nenhuma reação. Me ama... Em todos os anos que tivemos casados por nenhum segundo ela disse que me ama. Agora que estou prestes a casar, formar a família que tanto sonhei e ela não quis, implora para que isso não aconteça. Após longos segundos eu consigo respondê-la.— Me solte. - empurro suas mãos. — O que você quer Soraya? A guarda das crianças e mais o quê? Você nunca me amou, nunca se interessou por mim, e agora está tentando impedir o meu casamento? Estou começando a achar que você me odeia. Só pode ser isso. Não quer me ver feliz, por isso, a todo instante, quer me ferir. Quer me ferir com os meus filhos, no meu relacionamento. Você me odeia!— Eu não te odeio.— Me odeia sim! - grito enlouquecido. Sinto a minha cabeça se esquentar. — Estou cansado disso! O que fiz para você? Nada! Em nenhum momento eu levantei uma pedra para tacar em sua face. Eu só soube te amar in
Estamos hoje aqui, para celebrar a união de Diana e Sebástian. Um amor que pareceu impossível, mas hoje está se materializando. Muitas lutas houveram para chegar até aqui, muitas batalhas sofridas. Tudo isso foi necessário para finalmente acontecer essa união. Vocês podem respirar tranquilos, porque o senhor Jesus está abençoando a vida de cada um de vocês. Mal nenhum chegará sua tenda, e somente vocês próprios poderão se separar, pois já estão escritos no livro de Deus.Nos encaramos. Com as mãos unidas e os olhos aprofundados um no outro.— Eu, Diana. Dou-lhe essa aliança como prova do meu amor, da minha fidelidade e do meu companheirismo. Com a promessa de jamais lhe abandonar em qualquer situação. Eu te amo e sempre amarei você, Sebástian.Ela ergue minha mão e deixa um beijo sutil, carregado de paixão.— Eu, Sebástian. Dou-lhe essa aliança como prova do meu companheirismo, do meu amor e da minha fidelidade. Prometendo lhe amar e respeitá-la por todos os segundos que ainda restarem
— Vou jogar o buquê!A quantidade de mulheres que se reúnem, é enorme. Todas querendo sacar o buquê para se casarem. Sorrio para a animação dos demais.— É um, é dois, é três e...Assim que Diana jogou, todas se debateram para pegar o buquê. Uma senhora caiu no chão, foi rapidamente levantada. Depois que a ajudamos, e perguntamos se estava tudo bem, pude ver quem havia sido a felizarda. Meu semblante fechou quando vi minha mãe com o buquê nas mãos. Ela sorria como se houvesse ganhado um sorteio. Minha mãe não vai se casar com ninguém!— Sua mãe é muito inteligente, empurrou a senhora para pegar o buquê.— Ela fez isso? - Diana confirma. — Minha mãe e as suas artimanhas.Após esse ritual entramos ao carro, saudamos a todos e demos partida para o nosso destino. Diana estava eufórica, pois passaríamos três dias de lua de mel em Cancún. Apesar de morarmos no México, jamais tivemos tempo para irmos de férias, aproveitarmos reciprocamente, sem as crianças para nos chamar, e sem os afazeres
O dia da audiência havia finalmente chegado. Soraya tratou de colocar a sua melhor roupa. Um terninho cinza e salto escuro. Por conselho de Ingrid, ela não colocou joia alguma, nem maquiagem forte para chamar atenção. O ideal seria que ela aparentasse ser alguém humilde, de aparência simples, sem vaidade.Claramente a estratégia de sua advogada em colocar uma nova versão de Soraya era para que o juiz não a julgasse pela roupa mas sim por seu comportamento. Ela sabia que inúmeras artimanhas o seu opositor iria realizar para colocar a mãe das crianças como a vilã. Tudo indicaria que Soraya perderia, mas para a recém-advogada, nada estava perdido enquanto o juiz não desce o seu veredito final.— Tem certeza que estou bem? Não quero demonstrar fraqueza, e também não posso aparentar arrogância. Quero parecer realmente uma mulher simples, como me tornei. Somente com o intuito de ter acesso aos meus filhos, conviver com eles.— Você está perfeita querida. Se o juiz for bonitão, acredito que
— A senhora deveria saber que não é assim que funciona, correto? - o juiz não estava para sorrisos. Soraya concordou e ele pôde dar continuidade. — Por favor, as perguntas dos advogados.Ingrid foi a primeira. Estava extremamente irritada com a amiga. Nada do que ela falou, elas haviam planejado. Ignorou as suas falas anteriores e focou no processo.— É verdade que a senhora amou incondicionalmente as crianças, desde o momento que descobriu o nascimento?Soraya engoliu a seco. Ela sabia que a resposta era não. Pensou por alguns segundos em tudo que havia combinado com Ingrid e com o juramento que acabara de fazer no tribunal. Não seria certo mentir.— Não. Eu não os amei de imediato. - Ingrid revirou os olhos. — Foi somente após anos que percebi que eu os amava incondicionalmente.A sua advogada percebeu que ela não iria colaborar, então decidiu mudar de estratégia.— Você se vê oprimida pelo pai dos seus filhos, e pela mulher que foi expulsa do tribunal? Eles lhe destratam de alguma
— Advogados.Ingrid é a primeira se levantar. Ela caminha lentamente. Em sua cabeça se passa inúmeras alternativas de perguntas, porém, uma das suas estratégias é fazer com que Sebastián confesse a sua opressão perante a sua cliente, fazendo com que Soraya se transformasse em vítima, não em culpada.— Todos aqui sabem o ódio que o senhor guarda pela minha cliente. O abandono, o desprezo, fez com que o senhor nutrisse uma rejeição pela mãe das crianças, correto?Ele confirma.— Por isso, permanece firmemente, contra a aproximação da mãe com seus filhos. Coloco o senhor contra a ti mesmo. Caso houvesse a abandonado para fugir com outra mulher, e após anos se arrependesse do ato cometido, não gostaria que lhe dessem uma segunda oportunidade para uma aproximação?Sebástian pensa por alguns instantes. Ele concorda.— Então com qual direito o senhor acha que pode não permitir que uma mãe desesperada se reconcilie com as crianças?— Senhor meritíssimo! - o advogado de oposição interfere. — E
SebastiánEla deixa uma lágrima escorrer sobre a bochecha. Minha mão ainda repousa sobre seu peito. Posso sentir os batimentos fortes, latente contra a minha pele. Suas mãos repousam sobre as minhas, e nesse momento, como algo contagioso, eu retiro rapidamente.— Percebeu o quanto eu ainda te quero?— Isso é impossível. - ela me encara com sofridão. — Você nunca me amou.Seus olhos caem ao chão. Penso por alguns segundos como eu poderia resolver toda essa situação. Não é certo eu continuar agindo do mesmo modo em relação a manter o distanciamento dela com as crianças. Se eu continuar, o juiz poderá achar que eu estou sendo errôneo, e dar a guarda a ela. Então faço algo que vai me custar muito, mas pelo menos não custará os meus filhos.— Você pode ver as crianças.— Como?— É isso que você ouviu. Poderá ter encontros com elas, contudo, serão supervisionados. Em hipótese nenhuma a deixarei sozinha com os meus filhos. Eu não confio em você.O sorriso que antes havia se formado, desapare
Cansado, fico deitado sobre a cama pensando em tudo que ouvi. Não acho correto o que minha mãe e Diana estão fazendo. Soraya não merece nada que seja digno, não merece o amor das crianças, mas colocar os meus filhos contra ela, é errado.Mesmo que essa história me deixe indignado, ao pensar em tudo que aquela mulher fez conosco, eu não consigo agir com tanta dureza no coração. Se eu permiti a possibilidade de encontro, não foi pensando nela, mas sim nos meus filhos. É impressionante como a conexão de uma mãe com o filho é tremenda. Mesmo que eles nunca tenham se conhecido, eles podem sentir a presença dela.O que me preocupa é Selene. Daqui a alguns dias irá começar o período mais pesado do tratamento. A leucemia não é uma doença fácil e esse momento de turbulência emocional pode agravar esse problema. Fecho os olhos e peço a Deus para poder nos guardar. Guardar os meus filhos de toda angústia e ansiedade. Que Soraya venha para acrescentar algo de bom na vida deles, não para atrapalhar