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Os dias na fazenda estavam calmos, tão calmos que causavam estranheza. Não sei se eu sentia isso pelo meu desligamento da empresa de Diogo Valadares, ou era somente paranoia da minha cabeça. Lembro do meu ex-chefe. Nós ainda mantemos contato, mas ele preferiu me demitir da empresa. Eu acredito que seja pelo fato do falecimento de Ingrid. Diogo está mais triste do que nunca e isso me entristece.Resolvo ligar para ele, pela terceira vez no dia. Todas às vezes ele negou. Respirando fundo eu disquei o seu número e posicionei o celular para ouvir a chamada. Estava ansiosa para ouvir sua voz, e ao quarto toque ele atendeu.— Soraya. Sua voz estava rouca, como se houvesse acabado de acordar. — Oi! Espero não ter te atrapalhado.— Você nunca me atrapalha.— Eu quero saber se está tudo bem com você. Não retorna as minhas ligações, e sempre nega quando eu tento marcar um encontro.Sua respiração se torna pesada. Espero ele responder. A linha permanece muda.— Eu estou preocupada com você. Apes
Atenção! Poderá haver cenas fortes de violência. Caso não consiga ler, pule de capítulo!Estava amedrontada. O choro, antes calmo, descia pela minha face como uma represa recém-rompida. Eu não conseguia limpar o rosto, pois as minhas mãos estavam amarradas em uma corda com um laço extremamente forte e apertado. Em todo o momento se passava em minha cabeça a curiosidade de saber quem eram aqueles dois homens encapuzados e o porquê de terem me sequestrado.Há alguns dias, Sebástian havia insistindo para que eu fosse até a delegacia e desse continuidade ao processo para saber quem foi o autor do disparo. Como ainda estava me recuperando, e com traumas relacionados à morte de Ingrid, eu decidi esperar um pouco. Bom, talvez eu tenha esperado demais.— Esse foi o trabalho mais fácil que fiz. Um dos homens estava conversando com o outro. — Recebi adiantado, e ainda consegui capturar a presa na primeira tentativa.— Sim. Confesso que ainda estou com raiva dele. Nós tínhamos combinado um valor
SebástianTudo estava muito confuso. Eu havia levado as crianças para um passeio de cavalo, passeio esse em que Soraya não queria vir. Mesmo estranhando, preferi não importunar. Assim que retornei senti a sua ausência. A casa estava vazia, nem mesmo minha mãe estava nela.Liguei e mandei diversas mensagens, nenhuma delas foi respondida. As horas se passavam, e a preocupação se fez presente. Cheguei a ligar até mesmo para Diogo Valadares que negou veementemente estar com ela. Eu não acreditei. As únicas pessoas com quem Soraya tinha convívio era com a sua família, formada por mim e as crianças, e seu amigo Diogo Valadares.Para solucionar essa história, achei melhor levar os meus filhos para a casa de uma amiga da escola. Ashley, era uma mulher de 30 anos que não se importou em ficar com os meus filhos por algumas horas. Após isso, eu me despedi deles e fui em direção à casa do advogado Valadares. Muitos pensamentos rodeavam a minha cabeça, e um deles, era o temor de encontrar Soraya n
SorayaEu continuo olhando espantada para eles. Dentre todas as pessoas que poderiam trabalhar unidas para me sequestrar, eu jamais imaginei que Diana faria parte disso. Ela sorri como se comemorasse a minha desgraça. A única coisa que eu consigo perguntar é o porquê.—Diana... Por que você está aqui?— Porque eu não poderia perder a diversão. Quando Leandro disse que estava pronto para retornar para a fazenda, foi nesse instante que colocamos o nosso plano em prática.— Qual plano? Perguntei enquanto ainda sentia a ardência dos socos e bofetadas que desferiram em meu rosto. — Planos de me matar? É isso que vocês irão fazer?— Nossa, Soraya, você pensa tão mal de mim. Ela sorriu com ironia. — Como adivinhou que era isso mesmo que eu estava pensando?As lágrimas que criaram em meus olhos, foram escorrendo gradativamente. Eu só conseguia pensar em quem sofreria com essa história. Meus filhos! A sensação de morte iminente, fazia o meu peito se apertar, e o meu coração bater mais forte ao
Sebástian— Analisando essa imagem, eu posso afirmar que esse papel foi assinado recentemente. O perito fala levantando as nossas suspeitas de que Leandro de Agar realmente voltou ao México.— Isso não significa nada. Mesmo que ele tenha assinado esse papel, quem me garante que eles têm alguma sociedade? A meu ver, vocês estão querendo me colocar contra minha ex mulher.Eu não aceitava o que os policiais haviam alegado. Eles disseram que Diana estava envolvida no sequestro relâmpago de Soraya.— Impossível! Ela sempre foi uma mulher decente, honesta, amorosa comigo e com as crianças. Ela jamais teria uma atitude ruim!— Você é muito inocente, ou está somente se fazendo de burro. Diogo me olha. Meu semblante se modifica. — Como a assinatura de Leandro iria parar em um exame de gravidez de Diana? Qual a ligação você acha que eles possuem?Junto as sobrancelhas. Aparentemente ele quer levar outra surra como da outra vez.— Você está insinuando que eles são amantes?— Eu não sei. O único
A minha garganta está seca. Eu passei a minha língua suavemente entre os meus lábios. O que estava acontecendo? Quando tentei me movimentar, uma dor de cabeça invadiu o meu ser. Ao sentir as dores por volta do meu pescoço, eu pude lembrar o que aconteceu. O carro bateu em cheio em uma árvore protuberante nos fazendo sofrer o impacto.— Meu Deus!Com desespero pressionei o meu corpo na porta lateral, quando percebi que policial que estava dirigindo, havia sido morto. Com um pouco de esforço, encostei em seu corpo ainda quente, pude verificar os dois disparos em sua cabeça. Não havia sido pelo acidente, mas sim um assassinato.Olhei para todos os lados verificando se não tinha ninguém a me esperar para cometer o mesmo ato. Eu saí do veículo, e olhei em volta. Diogo Valadares freou bruscamente.— Que merda, aconteceu aqui? Você se machucou?Neguei.Em poucos segundos, estávamos rodeados dos carros dos policiais. Eu estava bem para continuar, e mesmo sobre os protestos deles eu entrei em
SorayaO meu corpo se arrepia ao sentir o cheiro de gasolina. Aos poucos, meus olhos se abrem, e a luz solar me atinge. Coloco o antebraço em cima dos olhos impedindo os raios solares. Assim que eu consigo erguer o meu tronco, percebo que estou em cima de uma cama de solteiro, com um lençol branco em cima.Ninguém está em volta. É como se o galpão estivesse solitário, como se estivessem me abandonado a minha própria sorte. Quando tento me levantar sou forçada a recuar, pois algo havia me puxado de volta. Quando olho para baixo, percebo que as minhas mãos e meus pés estão amarrados por algemas de couro, ligadas em correntes grossas.Um cheiro forte predomina. Gasolina! Ele fica cada vez mais potente, como se fosse me sufocar. Eu preciso sair daqui!— Alguém me ajuda! Tento puxar as correntes, mas elas não se movem um centímetro. — Por favor, me soltem! Eu imploro.— Por que está gritando?Ao meio das sombras escuras do corredor, Diana aparece. Olho para sua silhueta. Ela utiliza um vest
SorayaLimpo as lágrimas que insistem em cair. As mãos trêmulas são o reflexo do meu corpo por completo. Fecho a tampa do vaso, sento e permaneço ali paralisada olhando o teste de gravidez, o qual deu positivo.— Droga! Jogo o aparelho longe. Eu não queria ter filhos. Espremo os olhos. O choro está entalado na garganta, a mente vagueia em qual ponto deixei minha vida declinar. Limpo o nariz com dorso da mão. — Que merda!— Soraya! Bate exasperado. — Soraya, abre essa porta!Reviro os olhos. Sebástian me viu correr ao banheiro logo assim que chegou. Balanço a cabeça ao me recordar como estava. Patético. Patético. Um nítido caipira como nas novelas da TV, chegando com as compras do dia dizendo: querida! Eu cheguei! Ninguém merece esse traste.Subo as pernas as deixando juntas, coloco a cabeça dentre elas tentando tapar o som que sai ao lado de fora.— Soraya!— Me deixe em paz!Após alguns segundos, a porta é aberta abruptamente. Com seu traje típico, chapéu e calça jeans, ofegante, ele