Luma Perdi as contas de quantos dias estou aqui. No dia em que fui levada da casa abandonada onde estávamos escondidos, Rafael não teve a coragem de fugir sem a irmã.Chegamos a subir no jatinho, mas ele discutiu feio pelo telefone com alguém e acabou ficando, porém, não voltamos para o mesmo lugar.Ele colocou um capuz na minha cabeça e eu não faço ideia nem mesmo do caminho que tomamos. Só sei que agora estou em um ambiente muito diferente do que estava antes. O quarto onde fui colocada é luxuoso, com uma cama macia e cortinas finas de cor creme.Rafael me traz presentes, frutas, chocolates, comidas de restaurante fino... tudo para me conquistar. Jura todos os dias que vai me amar e diz que eu preciso começar a me acostumar com minha nova vida.Às vezes penso em entrar no jogo, deixá-lo acreditar que o aceito como meu marido e depois poderia fugir quando ele afrouxasse os cuidados comigo, mas para isso, eu teria que beijá-lo e não só isso.Muitas vezes penso que já fui pra cama com
— Graças a Deus! — Agradeço, dou a partida e saio disparada com a caminhonete.Saí com o carro bem no momento que Rafael iria me alcançar.— Vagabunda, desgraçada, quando colocar a mão em você, vai se arrepender do que fez.Vejo que estava em uma fazenda, uma muito bonita e gigantesca. Não a reconheço. Continuo acelerando a caminhonete, mas o caminho termina em uma porteira fechada. Sou obrigada a descer e ir até lá abrir. Meus dedos se atrapalham com o ferrolho, mas eu preciso arrastá-lo para me livrar daquele lugar. O ferro é pesado, mas consigo abrir o portão de madeira.Entro no carro e acelero, deixando a fazenda para trás.Ainda não posso comemorar. É cedo demais.A estrada de terra levanta poeira e à medida que vou percorrendo o lugar, começo a reconhecê-lo. Estou na cidadezinha do interior onde nasci? Não posso acreditar que Rafael me trouxe para cá.Ele me escondeu bem debaixo do nariz de todo mundo e nem vieram aqui investigar. Balanço a cabeça, incrédula. Mas não posso perd
Gabriel(15 dias depois do desaparecimento da Luma) Faz três dias que me ligaram me propondo uma escolha difícil. A opção de ter Luma em meus braços morta está fora de questão para mim, mas saber que ela está viva nos braços de outro faz meu coração doer. Pior ainda quando eu sei que não é por sua escolha.É claro que escolhi que ela ficasse viva, mas para isso eu teria que reunir uma quantia em dinheiro em espécie e colocar em malas junto com roupas, porque eu estaria não só pagando seu resgate, como também estaria me entregando.É óbvio que pediram para que eu não avisasse a polícia e eu até estaria pronto pra fazer isso se não fosse meu filho. Não teria coragem de deixar o menino sozinho. Ele já perdeu sua mãe, agora perderia a mim também?Então avisei ao delegado que montou um meio de rastrear a pessoa quando ela ligar. Foi dado a mim três dias para que eu conseguisse o dinheiro e então teria que aguardar o sinal para que eu pudesse me entregar junto com o dinheiro.Passei o dia
— A descrição das vítimas apontam a possibilidade de ser a sua noiva, por isso eu fui notificado, pois sou o delegado responsável pelo caso. Mas só poderemos confirmar depois do reconhecimento.— Por favor, me diga, ela está morta?— O homem que dirigia o veículo, morreu na hora. A mulher que está sendo levada para o hospital. Nós iremos para lá agora e você fará o reconhecimento da vítima.— O estado é grave?— É grave sim. Mas ela está viva. — O homem tenta me passar esperança. — Mandei alguns policiais vigiarem o prédio de sua família, eles podem tentar alguma coisa, caso se confirme que as vítimas sejam quem pensamos ser.Balanço a cabeça concordando.Entro na viatura e faço uma ligação para João, contando o que havia acontecido, tanto sobre o rastreamento que no fim não encontramos ninguém, quanto sobre o acidente em que identificaram uma vítima semelhante a Luma. É claro que ele como irmão, ficou ansioso e também queria ir ver a irmã, mas no momento eu precisava dele para dar ap
Gabriel 5 dias depoisLuma está desacordada há quase uma semana. Todos já vieram ao hospital visitá-la. Kayo se emocionou ao ver a mãe viva, dona Nádia também esteve aqui junto com o filho. Nice e algumas meninas da mansão vieram visitar e até mesmo o senhor Mário esteve aqui, apesar de não demorar muito e não demonstrar muita emoção.Mas não saí de seu lado de forma alguma. Desde aquele dia que o médico disse que minha presença era importante, eu ficava com ela o máximo de tempo que eu podia ficar. Somente quando diziam que meu tempo havia se esgotado que eu me retirava.A maioria das noites dormi dentro do carro; as refeições eram feitas na cantina do hospital e eu só consegui trocar de roupa quando dona Nádia trouxe algumas peças limpas para mim.Agora, estou ao seu lado, totalmente paramentado para evitar contaminação no ambiente limpíssimo da UTI, e seguro firme na sua mão enquanto faço planos para o nosso futuro.— Quando sair dessa cama, vamos marcar a data do nosso casamento,
Luma Três dias depois Nem acredito que depois de tudo o que passei, agora estou indo para casa. Meus últimos exames deram um bom resultado e eu terei apenas que voltar para uma revisão, mas a princípio está tudo bem e não tem motivos para permanecer internada.Meu filho ficou comigo todo o primeiro dia que vim para a enfermaria, mas depois ele teve que voltar para casa, pois como tem apenas 11 anos, ele não pode permanecer no hospital. Mas o menino chorou ao se afastar de mim novamente e meu coração se partiu, pois eu também não queria me afastar dele.Contando com o sequestro e o período que fiquei desacordada, foram 20 dias sem nos ver e a saudade está apertando forte o peito.Mas agora o sofrimento acabou e vou poder ir para casa, ficar com minha família.— Vamos que eu tenho uma surpresa pra você — Gabriel fala e eu já fico ansiosa com a tal surpresa.— O que é?— Se eu falar não é surpresa. — Todo galante, ele me beija rapidamente antes de me ajudar a me levantar da cama.Minh
Luma Posso sentir a tensão que se forma entre nós, mas essa é minha oportunidade. Preciso tomar coragem e ter essa conversa com ele agora.— Pai, venha para a cozinha — chamo e ele me segue.Gabriel segura minha mão firme, sei que está preocupado comigo. Mas assim que me sento, agradeço por seu cuidado, mas peço para ficar sozinha com meu pai.Meu noivo sinaliza que está do lado de fora se precisar e eu agradeço a sua atenção.Encaro o homem de feições rústicas, moldada pela rotina pesada da roça, à minha frente. O silêncio paira sobre nós por alguns segundos, mas eu começo a conversa.— Existem algumas coisas que precisam ser esclarecidas, pai.— Admito que errei — fala me deixando surpresa — Mas ocê se deu bem na cidade, tem amigos, tem carro e apartamento. Talvez tenha sido melhor assim.— Você não sabe o que está falando. — As lágrimas sobem aos meus olhos ao me lembrar do sofrimento daquela noite — Eu quase me joguei na frente de um caminhão. Começou a chover e eu não tinha onde
Gabriel1 semana depois Mais uma vez tive que deixar minha noiva em casa enquanto viajo para resolver os problemas que meu pai criou. Mas desta vez, as pessoas que era ameaça para a vida de Luma estão presas e no caso do Rafael, ele está morto.O senhor Mário voltou para o interior no dia seguinte a chegada de Luma. Parece que a cidade não fez bem a ele. O homem teve um baque quando soube das consequências de seus atos, mesmo que ele não queira admitir, sabe perfeitamente que teve uma participação em todos os problemas que ela enfrentou nos anos que se seguiram. E para completar, dona Nádia tomou a decisão de se separar do velho. Agora ele está sozinho em sua casa, espero que tudo isso sirva de lição para a nova vida que o homem terá.Chegando na casa dele, bato palma e chamo seu nome. Não demora muito e Mário abre a porta da casa simples.Ele tem o semblante um pouco abatido.— Bom dia, senhor Mário.— Dia — responde sério.— Vim trazer os documentos que devolvem ao senhor o que lhe