LumaO fim de semana havia chegado e com ele a festinha de aniversário do meu filho. Gabriel e eu decidimos que deixaríamos o aniversário dele passar para que pudéssemos contar com calma. Não sabíamos como ele reagiria à novidade, e talvez isso pudesse atrapalhar sua tão esperada festa na piscina. O menino passou o mês inteiro falando sobre isso, seria injusto estragar toda sua expectativa.Mas a pedido do Gabriel, saí em busca de um apartamento. Ele queria que fôssemos morar com ele, mas isto está errado. Eu tenho reservas, não passei todos esses anos desperdiçando dinheiro. Posso muito bem nos sustentar até conseguir um trabalho decente. Foi difícil convencê-lo disso, mas no fim, consegui. Ele até me ajudou a encontrar um próximo ao prédio que ele morava.Mas agora a correria não era sobre a mudança, mas sim sobre a festa do meu filho.O salão alugado estava cheio de crianças correndo, os convidados ainda chegando e na piscina já tinha aqueles que não conseguem esperar, inclusive me
Rosa— Coma alcoólico, Rosa, sério? — Rafael reclama. Cubro meu rosto com o lençol do hospital, tentando não ver seu rosto enraivecido, mas sua voz era impossível de não ouvir.— Eu só bebi um uísquezinho — falo manhosa.— Um uísquezinho? Está se ouvindo? Você teve um coma alcoólico, tinha mais de 4 gramas de álcool por litro de sangue, onde isso é um uísquezinho?Ele estava vermelho de raiva, andando de um lado a outro no quarto do hospital. Até posso compreender sua raiva, mas ele não entende como estava meu coração naquele momento e só o álcool poderia me aliviar.— Vai ficar aqui, brigando comigo? A essa hora o Gabriel está com a Luma em seus braços, enquanto você está me enchendo o saco. — Resolvi jogar baixo.— Mas não estou enchendo a cara como você? — responde ríspido.Logo que ele pronuncia, a porta do quarto se abre e uma doutora baixinha e ruiva se aproxima de nós.— Como está a paciente? — Ela nos encara — parece que está bem melhor, não é?Ela olha uns papéis em sua pranc
LumaMeu dia feliz com meu filho e meu namorado foi destruído. Uma tristeza avassaladora me tomou, mas desta vez Gabriel estava lá para me apoiar. Ele foi maravilhoso e compreensivo, e em seus braços encontrei a força que precisava para encarar o que viria a seguir.Sabia que encontraria decepção e dor nos olhos de minha mãe, mas se é de sofrimento que estamos falando, eu também sofri. Sofri muito mais que uma simples decepção: Eu senti rejeição no momento que mais precisava de apoio; senti dor; desilusão. E depois tive que aprender a ver meu corpo como ferramenta de trabalho; aprender a separar o coração e a emoção de todo o resto. Era isso ou seria incapaz de cumprir o trato que fiz com Nice, a única pessoa que me estendeu a mão.Por isso quando as primeiras palavras deixaram a boca de minha mãe, eu senti a determinação que tive que reunir em todos aqueles anos tomar conta de mim.— Você não pode estar falando a verdade — disse ela, incrédula.Gabriel olhou de minha mãe para mim e p
GabrielO dia anterior pode ter tido momentos turbulentos, mas de forma geral foi um dia muito bom. Passei com meu filho em sua primeira festa de aniversário ao meu lado, e depois de toda a loucura que fomos forçados a passar, terminamos o dia em família, nos empanturrando de pizza. E agora estou com Luma em meus braços, depois de uma manhã cheia de amor.Passo meus dedos em seus cabelos, despertando-a.— Já são quase meio dia, meu amor — falo e ela abre um olho sonolento na minha direção.Ela geme e se aninha novamente em meu peito.— Eu não quero levantar — resmunga.— Deixa de ser preguiçosa. — Dou beijinhos em sua cabeça, desço para o ombro nu e viro seu corpo, expondo seu seio. Abocanho o mamilo rosado.— Desse jeito eu não vou sair da cama mesmo.Rio contra sua pele e me afasto.— Ah, não para - reclama. Ainda não tinha visto essa lado manhoso dela e estou amando.— Precisamos parar porque vai dar meio dia e precisamos comer, além de que precisamos conversar com Kayo. Contar a e
LumaO sol brilhava no céu azul, enquanto caminhávamos de mãos dadas pelo parque. As risadas de Kayo ecoavam pelo ar e nos contagiava com sua alegria. Gabriel teve a brilhante ideia de fazermos um piquenique, só nós três.Minha mãe me ajudou a preparar uma cesta com todas as comidinhas favoritas de Kayo. Nos acomodamos em uma toalha xadrez estendida sob uma árvore frondosa, e as risadas de meu filho e sua empolgação pelo dia anterior continua.Depois de descrever como Gabriel havia o ensinado a montar o cavalo e a dar voltas com ele, o menino continuava animado, descrevendo feliz sobre as suas últimas descobertas na escola. Ele contava detalhes sobre a aula de ciências e como tinha resolvido uma questão complicada na aula de matemática.Gabriel sorria orgulhoso, escutando cada palavra com atenção.— Uau, Kayo, você é incrível! — Exclamou Gabriel. — Tenho certeza de que vai ser um cientista famoso ou um matemático brilhante no futuro!Eu só poderia sorrir e concordar, a face orgulhosa
Gabriel— Hum, que cheirinho bom é esse? — fala meu filho ao entrar no apartamento da mãe. Acho isso estranho, deveria ser o nosso apartamento, mas Luma não quer.— A vovó fez um jantarzinho maravilhoso pra você — A senhora vem da cozinha e dá um abraço apertado no neto. — Como foi o passeio?— Muito bom, sabia que meu pai faz malabarismo com laranja?— Eu não sabia, não. É mesmo?— É, e ele me ensinou.— Que legal, meu neto. Agora vai tomar um banho, só vai jantar depois de limpinho e cheirosinho.— Tá bom — Ao responder, o menino segue em direção ao quarto.— Vocês dois estão com cara de pais babões — ela comenta e nós rimos.— Kayo é um bom garoto — respondo.— Mas até onde irá todo esse amor? — Sinto preocupação na voz de Luma. Seus olhos ainda estão no caminho que o garoto percorreu.— O que quer dizer, minha filha?— Ah, mãe. Como ele irá reagir ao saber a verdade? O que ele pensará de mim?— Mas você não precisa contar a ele — sua mãe segura em sua mão.— O pior é que preciso.
LumaA noite foi linda, se eu pudesse, faria o tempo parar bem ali. Tudo estava perfeito: deitada nos braços de meu amor, cansada e saciada por uma noite maravilhosa; uma aliança de noivado brilhando em meu dedo; meu filho dormindo em seu quarto e feliz da vida pelo dia que teve com o pai e pela festa de aniversário; minha mãe e meu irmão comigo. Tudo tão perfeito, e prestes a ruir se a conversa que tiver com meu filho for mal.— Por que tem uma ruguinha bem aqui no seu nariz. — Gabriel apontou para o meu rosto e eu sorri.— Estava pesando.— Pensando em quê?Sinto seu dedo afastar um fio de cabelo que estava grudado em meu rosto.— Em como tudo está tão perfeito e quando amanhecer eu vou ter uma conversa com Kayo que pode estragar tudo.Ele me puxou para mais perto de si e me apertou.— Não fica sofrendo antecipado, tá. Isso não é legal. Você nem sabe como ele vai reagir e fica sofrendo. Ele foi tão compreensivo comigo, achei que ia me encher de perguntas do tipo: por que me abandono
GabrielVer a Luma se quebrando daquela maneira fazia meu coração sangrar. Ela fez tudo o que pôde pelo menino e agora ele tem essa reação ao saber o que aconteceu, como sua mãe ganhou a vida por anos. Eu sei que é algo difícil de entender, principalmente para um pré-adolescente, mas ainda assim, tenho certeza que ela desejava que seu filho tivesse uma reação um pouco melhor.Kayo é um bom garoto, tenho certeza que ele irá compreender e aceitar, mas até lá, eu vou ficar com a minha noiva e dar a ela tudo o que precisa.— Estou aqui, meu amor, pode chorar. Coloca pra fora toda essa tristeza, depois que nosso filho entender o que aconteceu, nós três faremos uma viagem linda. — Tento acalmá-la, mas ela continua soluçando.Sua cabeça está apoiada em minhas pernas, faço carinho em seu couro cabeludo, alisando seus fios loiros enquanto soluça.— Perdi meu filho pra sempre, Gabriel.— Não, Luma. Não perdeu, não.— Você viu o jeito que ele falou comigo? Viu o desrespeito, a raiva?— Eu vi, mas