Teófilo Otoni, Minas Gerais, 1989
20h23
— Betinho, vem, filho, o jantar está na mesa. — A mulher terminava de arrumar os pratos na mesa. — Norberto, anda logo, filho.
Não houve resposta.
— Marido, por favor, vá atrás dele. Nosso filho está quieto demais, a comida vai esfriar.
Ele foi.
— Filho, o que você está fazendo? — Disse o pai do menino, batendo na porta do quarto. — Vem logo!
— Já vou, papai. Espera só mais um pouquinho... – O menino riu e fez um olhar estranho, um tanto ameaçador, para o seu gatinho, que estava em uma lixeira de alumínio.
Um cheiro estranho saiu do quarto do menino.
— Filho! — O pai gritou, abrindo a porta com violência. — Que cheiro de queimado é esse? Quer colocar fogo na casa? — Ele virou a lixeira com o pé e abafou o fogo com um pano velho.
— Não, papai. Esse gato se comportou mal e merece um castigo.
— Mas você ia queimar o animal vivo, o que te deu?
Norberto olhou para o pai com a mais completa calma.
— Como eu disse, ele se comportou mal, papai.
Aquilo fez o sangue do homem ferver. Agarrou o menino pelo braço e o empurrou até a parede, abaixando-se e ficando da mesma altura, olhando seus olhos bem de perto.
— Você já matou o nosso cachorro. Pôs fogo nele só pra se divertir. Não vai fazer a mesma coisa com esse gato.
O pequeno Norberto encarou o pai de forma desafiadora. As narinas do homem se dilataram e ele rangeu os dentes.
— Você está de castigo.
— Fala, quem é ele? Anda, me diz, Katerine, quem é o cara por quem você se apaixonou? Anda, fala logo.— Não tem nenhum cara, Norberto.— Mas por que você está terminando comigo? Você me disse que está apaixonada por outra pessoa, não é? Então quero saber quem é ele.— Você não entendeu, Norberto. Não é ele, é ela.— Mas como assim, “ela”?— É sim, Norberto. Me apaixonei por outra mulher. Dá para entender? Não tem homem nenhum e sim uma garota.—
CAPÍTULO UM:Norberto era um homem muito bonito. Olhos claros, cabelos louros, pele branca, corpo sarado, acabara de fazer 34 anos e tinha quase um metro e noventa de altura. Vestia-se muito bem. Adorava blazers, tinha uma coleção em seu armário. Costumava vestir-se com roupa social e casaco por cima dos ombros, assim chamava atenção das mulheres.Era um perfeito cavalheiro. Tratava as pessoas com cordialidade, ajudava as velhinhas a atravessar a rua e era voluntário em uma ONG. No trabalho era todo organizado, nunca se atrasava, era assíduo, benquisto por todos. Tinha uma inteligência desmedida, era minucioso e metódic
CAPÍTULO DOIS:Já fazia dois meses que a polícia estava tentando pegar o psicopata do vibrador, mas as pistas estavam escassas. O que a delegada não sabia é que sua namorada seria a próxima vítima.— Então, quer dizer que a polícia está no meu encalço. Muito bem, eu vou me divertir um pouco com isso, esses idiotas não vão me pegar.Norberto já havia descoberto que a polícia estava a sua procura, mas ele não tinha medo. Era muito inteligente e metódico e não seria fácil pegar esse maníaco frio e calculista.— Vou preparar um bife
CAPÍTULO TRÊS:Melíade andava de um lado para o outro no apartamento, com o telefone sem fio pendurado em sua orelha. Já havia tentado várias vezes, mas Luciana não respondia. Havia ligado duas vezes para a delegacia, mas Lima dissera que ela havia saído há muito tempo.Deu um pulo quando a porta da frente bateu com força e correu para a sala. Acalmou o seu coração quando viu Luciana passando a chave tranquilamente e deixando sua pasta sobre o aparador.— Quer me matar do coração, Luciana Antunes? Demorou uma vida pra chegar e ainda por cima sem o celular? CAPÍTULO QUATRO:O homem forte arrastava Melíade para o quarto pelos cabelos.— Cala a boca, sua piranha. Ou eu estouro os seus miolos.— Me solta. O que você fez com a minha namorada, seu louco? — Melíade chorava de pânico enquanto tentava se soltar.— Cala a porra da boca ou eu atiro. Agora me dá o dinheiro, anda. — Ele a jogou com violência na parede, perto do cofre. — Abre essa merda aí.— Tá bom, tá bom. Só não atira. — Melíade tremia e tropeçou algumas vezes até chegar ao cofre na parede. CAPÍTULO CINCO:Rubem já tinha uma lista de suspeitos para o caso. O gerente de um supermercado, o dono de uma rede de farmácias, o universitário Wagner de Obregom, o cardiologista Rafael Bittencourt da rede Copa D’Or e, por último, o bem-sucedido publicitário Norberto Bastos Miller.— Doutora, Pode dar uma olhada nestes perfis? Acho que estamos perto de pegar o maníaco. — Rubem entregou algumas folhas para ela.— Muito bem, Rubem, esse maníaco está por um fio.Ela analisou cada página minuciosamente. Norberto estava com fome, sim, muita fome, mas não era fome de comida normal, não, claro que não. Sua fome era de um delicioso bife de lésbica.Bife de gótica, uma gótica chamada Melíade que ele sabia exatamente onde morava e também que ela também tinha medo do escuro. Escuridão era seu ponto fraco e ele se aproveitaria disso.O maníaco especulou por que uma gótica teria medo do escuro. Pensou em algo e desceu para a garagem do prédio.Abriu o porta-malas de seu carro e tirou de lá um taco de beisebol todo sujo de sangue.Da porta do elevador, Hule o observava. Ela o achava um homem estranho. Era Capítulo quatro:
Capítulo cinco:
Capítulo seis:
CAPÍTULO SETE:Esse foi o seu maior trauma de infância.Ela e Luciana se conheceram em uma festa na Lapa. A gótica era tímida, mas algo brilhou dentro dela quando viu Luciana dançando e decidiu que tinha de falar com ela. Ficaram juntas durante toda aquela noite e depois seguiram seus caminhos. Encontraram-se novamente alguns meses depois, em uma cafeteria perto do conservatório e, depois de um jantar, começaram a namorar.Melíade acabara de completar vinte e cinco anos e não se importava que sua amada fosse cinco anos mais velha.Luciana achou curioso o nome da moça e, em seu reencontro, teve co