Guilherme se enfiou atrás de um dos brinquedos. O que ele está fazendo ali? Fui atrás. Estava um pouco escuro onde ele entrou. Olhei ao redor tentando achá-lo e não o vi em lugar algum. Até que alguém segurou minha boca e me puxou de repente.— Shh! — Tirou a mão levemente dos meus lábios e eu respirei fundo. Meu coração disparou!— Quer me matar do coração ou o que?— Desculpa, mas eu precisava ficar um pouco com você. Com sua amiga por aqui fica meio complicado.Mordi o lábio.— Contou a ela?— É complicado... — Guilherme cruzou os braços. — Ela sabe, porque eu sempre pedi ajuda quando você me negava.Os braços caíram lentamente e ele suspirou.— O que você tem? Está tão estranho...— Estou preocupado e não sei porquê.— Vamos esquecer isso então... — Me aproximei e beijei ele. Guilherme segurou a minha cintura com as mãos e apertou com força. O beijo foi intenso. Ele parecia mesmo preocupado com algo, mas o que? Ele nem sabe de nada... Por isso não quero contar, vai ficar pior ainda
Aline parou em frente a mim me olhando com gosto. Ela segurou o ferro com as duas mãos. Fiquei observando todos os movimentos apavorada. Então, levantou os braços e ficou me encarando por um tempo. De início achei que não vai fazer nada, só queria me assustar, mas ela me acertou de repente no rosto. Minha visão ficou embaçada e a dor foi enorme. Na mesma hora caí deitada no chão. Não satisfeita em me acertar na cara, ela começou a me acertar com aquele negócio em várias partes do corpo, pernas, coxa, braços. Eu estava com as mãos na frente do rosto para ela não me acertar mais ali. Foi onde mais doeu. Aline estava furiosa e por um momento achei que ia me matar... Ela não parecia satisfeita com o que já tinha feito, até que atingiu minhas costelas. Gritei de dor e então fiquei sem ar. Estiquei os braços e me arrastei para frente, tentando fugir. Não conseguia respirar e meu corpo inteiro doía imensamente. Comecei a ver uns pontinhos brilhantes.— O que está fazendo?Escutei o ferro cair
Senti uma dor enorme no corpo e resmunguei. Não me atrevi a me mexer, pois sei que ia doer muito. Uma leve carícia me fez abrir os olhos. Guilherme estava ao meu lado e passava a mão levemente em meu braço. Olhei ao redor e percebi que era um quarto de hospital. Alessandro estava do outro lado da cama me olhando. Observei a mim mesma e vi a minha mão enfaixada. Espero que tenham enfaixado a cara dela também. E de preferência de um jeito que ela não consiga respirar nunca mais!Guilherme apoiou um dos braços no colchão ao meu lado e se aproximou de mim com cuidado. Ele acariciou minha cabeça lentamente. Fiquei olhando-o em silêncio. Em pouco tempo beijou minha testa. Fechei os olhos e suspirei, logo em seguida gemi de dor e ele se afastou rapidamente.— Desculpe...— Dói quando eu respiro... — Minha voz está estranha... Quase não saiu. Engoli em seco.— Eu sei. Tente ficar quieta.Soltei uma leve risada e depois franzi a testa ao sentir meu corpo doer.— Você vai ficar bem agora — disse
Uns dias se passaram e eu estava um pouco melhor, só doía se eu me mexesse “errado”. Estava sentada na cama com uma bandeja em cima das pernas. Guilherme estava sentado na cama comigo. Ele se negava a sair de perto de mim. Deu até briga com as pessoas do hospital... E com Alessandro. Sim ele brigou com o pai, pois ele disse que todos estavam desconfiando daquela obsessão dele em ficar comigo, mas Guilherme continuou batendo na mesma tecla e ainda disse que se dane o que os outros pensam sobre o assunto. Foi fofo isso, mas não deixa de ser arriscado para Alessandro, não é?— Quando vou sair daqui?— Logo.— Você falou isso das outras cinco vezes que eu perguntei! — resmunguei contrariada e comi o biscoito que estava na bandeja.— Então pare de perguntar!Pelo canto do olho, vi que Guilherme sorria.— E o detetive?Guilherme respirou fundo. Eu fazia essa pergunta a cada segundo do dia. Sei que é irritante, mas eu quero saber!— Ele vai conversar com o meu pai hoje à noite.— Eu quero sab
— Daniela...— É preciso fazer isso. A coisa mais repugnante que existe no mundo é a ameaça. Nós todos sabemos de toda a verdade, mas as pessoas não compreenderiam e até prejudicariam o seu pai por isso. Então vamos mostrar a meia verdade e seu pai não se prejudica.— Mas as pessoas vão achar que briguei com meu filho e não quero me afastar dele também.— Não precisa se afastar. Vocês podem ficar uns dias separados, mas depois do seu casamento, vocês fazem as pazes. Nesse tempo Guilherme pode ficar na casa dele. Tudo tem solução.— Mas e você?— Vou para casa.— Você está calma demais com isso! Quer ficar longe, é isso? — Guilherme perguntou irritado.— Não é questão de querer e sim de necessidade! A última coisa que quero é ficar longe de você e ficar com o meu pai! — falei irritada.Os dois ficaram em silêncio depois que falei isso. Respirei fundo e cruzei os braços. Eu posso ser o que for! Mas não gosto de prejudicar ninguém. Guilherme me abraçou apertado. Fechei os olhos e retribui
Quatro meses...Era o que faltava para ver o Guilherme de novo. Por que os dias têm que passar tão lentamente? E por que ele tem que me irritar tanto? Nem longe dá uma folga!— Filha, telefone para você — minha mãe gritou.— Quem é?— Sr. Alessandro.Desci correndo para atender.— Oi!— Oi, menina! Como está?— Bem, na medida do possível. Como vão as coisas aí?— Aqui está tudo bem. Já assinamos e estamos casados.— Meus parabéns!Alessandro deu aquela risada que tanto sinto falta e eu sorri.— Estou providenciando tudo para você voltar pra cá e começar suas aulas, viu?— Conseguiu algum lugar para ficar?— Sim. Mas para começar você terá que ficar em uma república. Tem problema para você?— Claro que não. Você já está pagando tudo, acha que posso escolher?Mais uma risada.— É por pouco tempo.— Por mim tudo bem. Desde que possa ver vocês de vez em quando.— Claro! Mas não podemos ficar muito perto por enquanto. Eu vou pagar a mensalidade de sua faculdade, mas você vai colocar no nome
Conversei com o Alessandro sobre a Michelly e ele ficou superfeliz que ela faria faculdade e disse que ia ajudá-la também. Claro que eu disse que também era um empréstimo! No mesmo dia ele providenciou uma vaga para ela na república. Que maravilha! Não vou ficar sozinha com pessoas desconhecidas. E isso é muito bom!Uns dias depois, vieram buscar a gente e a Teci. Não sei como vai ser minha vida quando o curso começar, mas vou ter que dar meu jeito de visitá-la, senão ela vai ficar louca e como diz Miguel, “atentar contra os funcionários”. Minhas coisas já estavam arrumadas, pois Alessandro avisou que iam chegar hoje. Michelly veio para cá com suas coisas. Já estava tudo na varanda quando os carros chegaram. Sorri largamente ao ver Marcos. Ele sorriu de volta. Fui em sua direção e o abracei apertado. Senti que ficou sem jeito, mas eu nem ligo!— Como estão as coisas?— Tudo bem e você, senhorita?— Estou eufórica com essas novidades!— Vou colocar as coisas no carro.Nos despedimos dos
Fomos de táxi para a faculdade. O prédio era simplesmente enorme e muito elegante. Lembro que o Alessandro disse ser uma das melhores faculdades da cidade, mas não imaginei desse jeito. Entramos e era maior do que pensei. Tinha uma grande porta de vidro e ao passarmos por ela, encontramos uma escada enorme, no meio dividia e ia para o lado esquerdo e direito. Gabriel nos mostrou a diretoria, os banheiros (que acho essencial) e as salas. Era tudo tão maravilhoso! Vir aqui me fez ficar mais empolgada com a faculdade.Visitamos o lado onde Michelly estudaria. Depois vimos os laboratórios (nessa parte um cara acompanhou a gente depois de Gabriel dizer que éramos calouras). Fomos para a parte de veterinária, no caso a fazenda. Era nos fundos. Eu nunca imaginei que tinha uma coisa dessas aqui! Olhando pela frente do prédio, você não diz que tem um monte de bois e cavalos na parte de trás.— Isso é muito incrível! — falei animada.— Eu devo admitir, não esperava tanto assim — disse Michelly.