No dia seguinte, fui com Guilherme ao Haras. Fiquei sentada assistindo ao treino dele. Acho que entendo porque ele só monta o Cometa. Além de terem uma ligação forte, combinam muito. Parece que o cavalo faz parte dele quando está saltando. É uma visão incrível.— Olá.Olhei para o lado. O cara dos duplos sentidos sentou comigo.— Oi.— Ele é bom, não é?— Parece que sim. Qual o seu nome? Eu sempre falo com você e não te conheço.— Verdade. Meu nome é Rodrigo. Sou o sócio de Alessandro.— Hum...— Sabe o que eu acho?— Não.— Você vai ser tão boa quanto ele, ou até melhor.— Por que acha isso?— Pessoas que têm ligações com os cavalos como vocês dois, tem muita facilidade. Por isso saltou aquele dia tão facilmente.— Entendi. Então se ele saltar com outro cavalo, não vai conseguir o que consegue com o Cometa?— É mais complicado. Ele deve ter falado que vocês têm que estar em sintonia e respeitar um ao outro.— Disse sim.— Pelo fato da Teci já seguir você sem precisar conduzi-la, já é
— Fiquei! Enlouqueci de vez!— Para de falar isso... — Rafael sussurrou.— Não se atreva a falar comigo, garoto! — falei com raiva. Ele ficou em silêncio, mas não me soltou. Muito bom isso, porque se ele me soltasse, mesmo com a diretora aqui, eu a pegava de novo! Ela merece muito mais do que esses tapinhas que ganhou.— Leve ela para a minha sala, por favor.Rafael me obrigou a sair dali e me arrastou para a diretoria. Só não me soltei porque ele é mais forte do que eu. Ele abriu a porta e eu entrei na sala da diretora. Agora eu estou ferrada! Agredi a professora... Mesmo ela merecendo, sei que estou errada dessa vez.— Daniela...— Não fala comigo, seu idiota!— Sinto muito.— Sente o cacete! Sai da minha frente!Ele abaixou a cabeça e saiu da sala. Respirei fundo. Será que Guilherme vai acreditar em mim? Por ter me largado aqui, ele deve estar muito furioso. Tudo por culpa daquela desgraçada! Como ele conseguiu namorar um ser daquele? São tão incompatíveis. A diretora entrou, me dan
Troquei de roupa e fiquei sentada na cama. Não sei porque, mas eu não queria ir... E não era por ele ficar bravo ou algo assim. Estava com uma sensação ruim, como se algo fosse acontecer. Mas o que pode acontecer? O máximo é ele gritar comigo por dar as caras lá, não é?Alguém bateu na porta.— Oi.— Você vai à competição? Marcos está esperando. — Era Alessandro.— Acho que sim...— Então vamos!— Tudo bem.Marcos levava a gente para o Haras. Eu estava inquieta e não sei porquê. Alessandro me olhava volta e meia e franzia a testa, mas não perguntou nada. Ainda bem, pois não saberia responder. Seguimos para a área onde seria a competição. Vi vários cavalos e seus donos com toda aquela roupa e equipamento. Procurei Guilherme, mas não encontrei. Claro que procurei com os olhos. Me sentei na arquibancada e fiquei esperando. Demorou muito até o primeiro começar. Observei cada movimento e como cada um fazia o salto. Não deixa de ser um aprendizado.Quando esse cara terminou o percurso, olhei
— Ele acordou?— Está sedado.— Podemos vê-lo?— Não recomendo hoje.Olhei para o chão.— Vamos pra casa — disse Alessandro segurando meus ombros. Não tenho opção... Tenho? Voltamos para casa e assim que entramos no apartamento, Maria se aproximou.— Ele está bem?— Vai ficar bem — respondeu Alessandro.— Minha Nossa Senhora! Que agonia que eu fiquei quando vi na televisão!— Imagina ao vivo... — resmunguei baixo. Maria se aproximou e me abraçou apertado.— Você foi muito corajosa.— Aquilo apareceu na tevê? — perguntei surpresa.— Sim. Estava sendo transmitido ao vivo.— Que maneira ruim de ficar famosa, não é? — Todos riram.— Vá descansar. Tome um banho para relaxar um pouco — aconselhou Maria.— Está bem.Segui para o meu quarto e fiz o que ela disse. Depois de tomar um banho, me deitei na cama e não consegui dormir. É engraçado como passo pelas coisas e só depois paro para pensar que foi muito perigoso... Cometa poderia muito bem ter me amassado com as patas e aí seriam dois machu
— Mas ele é seu marido agora.— E daí? Você sabe tanto quanto eu que esse casamento é de fachada.— Sim, mas é como uma espécie de agradecimento, afinal, você o ajudou.— Eu não sei. Não quero mais um motivo para falarem que dei o golpe do baú.— Você não deu golpe nenhum.— Eu sei disso.— E vive dizendo que a opinião das pessoas não importa.— Não importa mesmo.— Então você vai fazer veterinária — disse calmo.— Acho que esse golpe na sua cabeça foi mesmo forte...— Por que está dizendo isso?— Você me dizendo que a opinião das pessoas não conta? Só pode ter sido o golpe na cabeça.— Eu estou muito bem.— Tá...— A gente vê isso quando você terminar a escola.Concordei com a cabeça. Não vou discutir isso agora.— Você está se sentindo bem?— Só estou com um pouco de dor de cabeça.— Quer que eu chame alguém?— Não.— Quer outra coisa então?— Acho que meu travesseiro está muito baixo...— Então vou pedir outro a enfermeira.Guilherme segurou a minha mão antes que eu conseguisse ir.
O que eu sinto? Algo forte o bastante para entrar na frente de um cavalo irado e arriscar minha própria vida. Seria amor? Eu disse que nunca ia sentir isso na minha vida! Deve ser outra coisa..., mas por que não amaria ele? É um cara tão doce, lindo e charmoso, tem seus defeitos, mas quem não tem? Ele é tão sensível que dá vontade de guardar num potinho e cuidar com todo carinho para não se machucar.— Eu acho que amo você.O quarto ficou silencioso, mas não achei um silêncio ruim. Acabei de falar algo “grande”, até eu me senti assustada ao dizer, imagina ele ao ouvir? Guilherme estava me encarando sem piscar. Estava começando a ficar preocupada. Será que deu pane?— Você está bem?— Me ama?— Acho que sim...— Por que acha?— Eu nunca me relacionei com ninguém. Não tenho certeza e nem como fazer comparações.— Que eu me lembre, você não gosta de comparações...— Entre namoradas não gosto mesmo! Ainda mais me comparar com aquela biscate! Estou falando de mim! Comparar o que eu sentia o
— Como é?— Mas que boca grande! — reclamei irritada.Guilherme cruzou os braços, olhando na minha direção. Será que algum dia a gente vai parar de discutir?— Que história é essa, Daniela?— Você não queria que contasse a verdade? — Rafael perguntou confuso.— Não agora!— Quer me explicar o que está acontecendo? — Guilherme perguntou irritado.— Em casa eu explico. Vamos! — Agarrei a mão dele e puxei para sair dali.Dessa vez ele veio, mas não falou nada. Fomos o caminho todo em silêncio. Não tenho paz! A gente se acerta e aí algo acontece, pronto, discussão e briga... M*****a loira peituda!Ao chegarmos, eu segui para a cozinha, ia beber um copo de água antes da discussão. E quem disse que Guilherme deixou? Quando viu que eu estava indo para a cozinha, passou um dos braços pela minha barriga e me ergueu do chão. Sei que sou magra, mas como ele fez isso? Guilherme me colocou no chão e fechou a porta do seu quarto. Logo virou de frente para mim e cruzou os braços. Respirei fundo.— Me
Ele soltou uma risada e eu mordi o lábio.— Não é bem dizer... — Se aproximou de mim. Minha respiração acelerou, assim como meu coração.— É o que então?— Eu quero você.— É mesmo? — perguntei em dúvida. Ele sempre correu de mim! O que mudou?— Por que está surpresa?— Ah! Você sempre me negou!— Não era negação! Eu só queria...— Que fosse especial. Eu sei, você disse mil vezes.— Você não é fácil nem nessas horas, hein! — Rimos.Ficamos em silêncio um olhando para o outro por um momento. Guilherme acariciou meu rosto levemente e sorriu. Sorri de volta e ele se aproximou.— Você quer? — sussurrou. Fiz que sim com a cabeça.— Você sabe que quero.— Mas pode mudar de ideia.— Tá! Depois de tanto tempo, você finalmente quer e eu vou mudar — falei revirando os olhos.Guilherme soltou uma gargalhada e me enlaçou pela cintura. Ele acariciou o meu rosto com uma das mãos e ficou me olhando nos olhos por um longo tempo. Então se aproximou e me beijou. O beijo foi lento e calmo. Apesar de dize