Fiquei em silêncio olhando o rosto dele. Sorria abertamente. Filho da mãe! Vai ficar fazendo joguinhos a essa altura do campeonato?— Ou talvez não me arrependa, pelo contrário, goste.Ele parou de sorrir na hora.— Pensa em procurar outro?— Ué... Talvez meu amigo bombadinho queira me ajudar...Guilherme apertou minha cintura com força.— Você gosta de me provocar, não é?— Adoro — falei sorrindo. Ele tentou, mas não conseguiu segurar a risada.— Chega de conversa!— Como assim?Guilherme não respondeu, só puxou meus pulsos e colocou acima da minha cabeça. Olhei-o confusa e ele sorriu de lado. Fechei os olhos quando ele beijou meu pescoço delicadamente e tentei me mexer, o que não deu certo, pois estava segurando meus pulsos. Com a mão livre, ele achou um espaço na minha blusa e invadiu ela. Me arrepiei ao sentir sua mão gelada em minha barriga. Guilherme acariciou levemente enquanto beijou o meu pescoço. Ele deu umas mordidinhas fracas. Apertei as mãos com força quando sua mão agarro
À noite, os convidados começaram a chegar. Maria me ajudou a me arrumar. Eu nunca fui de me importar com roupas ou maquiagem, mas ela disse que eu teria que ficar apresentável hoje. Que chatice!Ela arrumou o meu cabelo e tive que colocar uma espécie de macacão moderno. Não conheço essas coisas! Na minha casa só vestia calça jeans, short no calor ou vestido quando era obrigada...— Uau!— O que? — Olhei para mim mesma.— Você está divina!— Tem certeza? Essa roupa é muito esquisita!Maria deu uma risadinha.— São roupas que as pessoas “da cidade” usam.— Que frescura!— Deixa eu ver um brinco que vai ficar perfeito — falou enquanto procurava ele.Suspirei e me olhei no espelho. Essa sou eu?— Aqui, coloque.Peguei o enorme brinco da mão dela e coloquei na orelha. Não conheço essa pessoa que estou olhando no espelho agora...— Está muito linda, menina!— Obrigada, eu acho.— Fique longe do senhor Guilherme... — sussurrou isso no meu ouvido e saiu do quarto. Oi?Sei que a Maria e o Marco
Olhei Guilherme esperando a resposta. Ele olhou dela para mim.— Você pode usar o banheiro se quiser.— Mas eu preciso de ajuda...— Vou chamar a Maria. — Saiu de perto da gente. Caí na gargalhada e ela me olhou irritada.— Isso é culpa sua, não é?— Eu já disse que foi sem querer.— Não estou falando do refrigerante.— Então de que?— De você.— O que tem eu?— É por sua causa que ele está me negando.— O que quer dizer com isso?— Acho que vocês têm algo.Soltei uma risada histérica e ela se assustou.— Eu sou casada com o pai dele. Não viaja!— E daí? O filho é melhor do que o pai, não acha?Acho! Com certeza acho!— Você até pode ser oferecida e se pudesse ficava com os dois, mas eu não sou como você.— Então você fica com aquele velho?— Isso não é da sua conta! — falei com raiva. Vou perder o controle a qualquer momento!— Venha comigo, querida, vou te ajudar com isso. — Maria apareceu do além me dando susto. A loira peituda foi com ela para um dos quartos e eu respirei fundo. Qu
No dia seguinte, fui com Guilherme ao Haras. Fiquei sentada assistindo ao treino dele. Acho que entendo porque ele só monta o Cometa. Além de terem uma ligação forte, combinam muito. Parece que o cavalo faz parte dele quando está saltando. É uma visão incrível.— Olá.Olhei para o lado. O cara dos duplos sentidos sentou comigo.— Oi.— Ele é bom, não é?— Parece que sim. Qual o seu nome? Eu sempre falo com você e não te conheço.— Verdade. Meu nome é Rodrigo. Sou o sócio de Alessandro.— Hum...— Sabe o que eu acho?— Não.— Você vai ser tão boa quanto ele, ou até melhor.— Por que acha isso?— Pessoas que têm ligações com os cavalos como vocês dois, tem muita facilidade. Por isso saltou aquele dia tão facilmente.— Entendi. Então se ele saltar com outro cavalo, não vai conseguir o que consegue com o Cometa?— É mais complicado. Ele deve ter falado que vocês têm que estar em sintonia e respeitar um ao outro.— Disse sim.— Pelo fato da Teci já seguir você sem precisar conduzi-la, já é
— Fiquei! Enlouqueci de vez!— Para de falar isso... — Rafael sussurrou.— Não se atreva a falar comigo, garoto! — falei com raiva. Ele ficou em silêncio, mas não me soltou. Muito bom isso, porque se ele me soltasse, mesmo com a diretora aqui, eu a pegava de novo! Ela merece muito mais do que esses tapinhas que ganhou.— Leve ela para a minha sala, por favor.Rafael me obrigou a sair dali e me arrastou para a diretoria. Só não me soltei porque ele é mais forte do que eu. Ele abriu a porta e eu entrei na sala da diretora. Agora eu estou ferrada! Agredi a professora... Mesmo ela merecendo, sei que estou errada dessa vez.— Daniela...— Não fala comigo, seu idiota!— Sinto muito.— Sente o cacete! Sai da minha frente!Ele abaixou a cabeça e saiu da sala. Respirei fundo. Será que Guilherme vai acreditar em mim? Por ter me largado aqui, ele deve estar muito furioso. Tudo por culpa daquela desgraçada! Como ele conseguiu namorar um ser daquele? São tão incompatíveis. A diretora entrou, me dan
Troquei de roupa e fiquei sentada na cama. Não sei porque, mas eu não queria ir... E não era por ele ficar bravo ou algo assim. Estava com uma sensação ruim, como se algo fosse acontecer. Mas o que pode acontecer? O máximo é ele gritar comigo por dar as caras lá, não é?Alguém bateu na porta.— Oi.— Você vai à competição? Marcos está esperando. — Era Alessandro.— Acho que sim...— Então vamos!— Tudo bem.Marcos levava a gente para o Haras. Eu estava inquieta e não sei porquê. Alessandro me olhava volta e meia e franzia a testa, mas não perguntou nada. Ainda bem, pois não saberia responder. Seguimos para a área onde seria a competição. Vi vários cavalos e seus donos com toda aquela roupa e equipamento. Procurei Guilherme, mas não encontrei. Claro que procurei com os olhos. Me sentei na arquibancada e fiquei esperando. Demorou muito até o primeiro começar. Observei cada movimento e como cada um fazia o salto. Não deixa de ser um aprendizado.Quando esse cara terminou o percurso, olhei
— Ele acordou?— Está sedado.— Podemos vê-lo?— Não recomendo hoje.Olhei para o chão.— Vamos pra casa — disse Alessandro segurando meus ombros. Não tenho opção... Tenho? Voltamos para casa e assim que entramos no apartamento, Maria se aproximou.— Ele está bem?— Vai ficar bem — respondeu Alessandro.— Minha Nossa Senhora! Que agonia que eu fiquei quando vi na televisão!— Imagina ao vivo... — resmunguei baixo. Maria se aproximou e me abraçou apertado.— Você foi muito corajosa.— Aquilo apareceu na tevê? — perguntei surpresa.— Sim. Estava sendo transmitido ao vivo.— Que maneira ruim de ficar famosa, não é? — Todos riram.— Vá descansar. Tome um banho para relaxar um pouco — aconselhou Maria.— Está bem.Segui para o meu quarto e fiz o que ela disse. Depois de tomar um banho, me deitei na cama e não consegui dormir. É engraçado como passo pelas coisas e só depois paro para pensar que foi muito perigoso... Cometa poderia muito bem ter me amassado com as patas e aí seriam dois machu
— Mas ele é seu marido agora.— E daí? Você sabe tanto quanto eu que esse casamento é de fachada.— Sim, mas é como uma espécie de agradecimento, afinal, você o ajudou.— Eu não sei. Não quero mais um motivo para falarem que dei o golpe do baú.— Você não deu golpe nenhum.— Eu sei disso.— E vive dizendo que a opinião das pessoas não importa.— Não importa mesmo.— Então você vai fazer veterinária — disse calmo.— Acho que esse golpe na sua cabeça foi mesmo forte...— Por que está dizendo isso?— Você me dizendo que a opinião das pessoas não conta? Só pode ter sido o golpe na cabeça.— Eu estou muito bem.— Tá...— A gente vê isso quando você terminar a escola.Concordei com a cabeça. Não vou discutir isso agora.— Você está se sentindo bem?— Só estou com um pouco de dor de cabeça.— Quer que eu chame alguém?— Não.— Quer outra coisa então?— Acho que meu travesseiro está muito baixo...— Então vou pedir outro a enfermeira.Guilherme segurou a minha mão antes que eu conseguisse ir.