Maria me ajudava a colocar uma roupa decente. Tínhamos que ir ao cartório em uma hora. Pouco me importava a roupa que usaria, mas com certeza vão ter muitas pessoas para registrar esse momento e eu tenho que estar apresentável. Como se alguém fosse notar a minha roupa nessa situação. Vão é contar a diferença de idade entre mim e ele e ainda dizer que estou me casando por dinheiro. Ainda por cima tenho que aturar esse tipo de coisa...— Me deixa arrumar o seu cabelo.Me sentei na cadeira e a deixei trabalhar sem abrir a boca para nada. Guilherme sumiu desde a conversa com o pai, isso tem uns dois dias. Ele não falou comigo e pelo visto, nem vai falar. Eu não tenho culpa do que aconteceu, mas acho que ele deve pensar diferente de mim. Ou não gosta mesmo dessa situação. Prefiro não pensar nos motivos dele para não ficar com mais raiva dessa situação toda.— Pronto, querida. Marcos vai nos levar.— Está bem. — Me levantei da cadeira.— Anime-se. Tudo acontece com um propósito.— E qual ser
— Pode me acompanhar por gentileza?— Com educação eu vou. — Sorri cinicamente para a loira peituda, que cruzou os braços. Me levantei e segui lentamente para fora da sala. Ao passar perto da “professora” a olhei com desdém. Não sei porque, mas não fui com a cara dela de jeito nenhum!Segui a diretora em silêncio. Eu sei que estou encrencada, mas estou fria demais para me importar com isso.— Fique aqui um momento. — Apontou para o banco ao lado de fora da sala dela.— Tá — respondi sem vontade e me sentei. Fiquei sozinha por uns minutos e então um garoto se sentou ao meu lado. Suspirei. Que demora!— Oi.— Oi.— Está encrencada?— Que se dane!Ele sorriu.— Meu nome é Rafael. E o seu?— Daniela.— Está em que ano?— Terceiro — respondi de má vontade.— Eu também.— É da minha turma?— Não. Eu perceberia você lá...— Hum...— Verdade que é casada com um velho?— Olha, se vai me infernizar com esse assunto, é melhor ficar quieto! Não quero arrancar seus dentes agora!— Nossa... — disse
Guilherme parou o carro de novo. Olhei ao redor e não conhecia o local. Ele saiu e deu a volta, logo estava abrindo a minha porta e me tirando do carro à força. Ele agarrou o meu braço e me fez caminhar com ele. Estava confusa demais para reagir. Guilherme praticamente me arrastou para a praça. Não tinha ninguém nesse lugar. Ele me fez sentar em um dos bancos e se sentou ao meu lado. Fiquei quieta olhando o rosto dele. Parecia perturbado.— Você precisa tentar entender, Daniela.— Eu não consigo.Ele soltou um grunhido de irritação e se aproximou rapidamente. Não tive nem como fugir. Guilherme segurou firme minha nuca e me puxou de encontro a ele. Apertei seus braços com força. Tentei resistir o quanto pude, mas em pouco tempo estava beijando-o com gosto. Que droga! Não era para isso acontecer!Ele se afastou lentamente e eu fiquei parada no mesmo lugar. Estava com a cabeça baixa. Não conseguia encará-lo. Então é isso... Ele foge, corre que nem uma criança, aí volta e me agarra. Muito
No carro, fiquei em silêncio e não olhei para ele. Sentia que me olhava de vez em quando, mas não me deixei olhar.— O que você tem?— Por que você acha que eu vou responder coisas minhas se você não me responde as suas?— Ai meu Deus... — resmungou. — Você é muito difícil, Daniela!— Eu nunca disse que sou fácil — respondi carrancuda. Guilherme respirou fundo.— Ela é minha ex.Arregalei os olhos e finalmente olhei para ele. Estava sério e olhava a rua. Fiz careta e ele me olhou.— Que cara é essa?— Que mau gosto que você tem!Guilherme caiu na gargalhada. Que bom que divirto ele...— Então tenho mau gosto por me atrair por você?— Estou falando dela!Ele riu alto.— Que bom que está se divertindo! — falei estressada.— Você fica uma graça estressada assim.— Vai me contar o que aconteceu com vocês ou vou ter que descobrir sozinha?Guilherme ficou quieto por um longo momento.— Como descobriria sozinha?— Isso não é tão difícil de descobrir.Ele respirou fundo.— Te conto em casa.—
Fiquei em silêncio olhando o rosto dele. Sorria abertamente. Filho da mãe! Vai ficar fazendo joguinhos a essa altura do campeonato?— Ou talvez não me arrependa, pelo contrário, goste.Ele parou de sorrir na hora.— Pensa em procurar outro?— Ué... Talvez meu amigo bombadinho queira me ajudar...Guilherme apertou minha cintura com força.— Você gosta de me provocar, não é?— Adoro — falei sorrindo. Ele tentou, mas não conseguiu segurar a risada.— Chega de conversa!— Como assim?Guilherme não respondeu, só puxou meus pulsos e colocou acima da minha cabeça. Olhei-o confusa e ele sorriu de lado. Fechei os olhos quando ele beijou meu pescoço delicadamente e tentei me mexer, o que não deu certo, pois estava segurando meus pulsos. Com a mão livre, ele achou um espaço na minha blusa e invadiu ela. Me arrepiei ao sentir sua mão gelada em minha barriga. Guilherme acariciou levemente enquanto beijou o meu pescoço. Ele deu umas mordidinhas fracas. Apertei as mãos com força quando sua mão agarro
À noite, os convidados começaram a chegar. Maria me ajudou a me arrumar. Eu nunca fui de me importar com roupas ou maquiagem, mas ela disse que eu teria que ficar apresentável hoje. Que chatice!Ela arrumou o meu cabelo e tive que colocar uma espécie de macacão moderno. Não conheço essas coisas! Na minha casa só vestia calça jeans, short no calor ou vestido quando era obrigada...— Uau!— O que? — Olhei para mim mesma.— Você está divina!— Tem certeza? Essa roupa é muito esquisita!Maria deu uma risadinha.— São roupas que as pessoas “da cidade” usam.— Que frescura!— Deixa eu ver um brinco que vai ficar perfeito — falou enquanto procurava ele.Suspirei e me olhei no espelho. Essa sou eu?— Aqui, coloque.Peguei o enorme brinco da mão dela e coloquei na orelha. Não conheço essa pessoa que estou olhando no espelho agora...— Está muito linda, menina!— Obrigada, eu acho.— Fique longe do senhor Guilherme... — sussurrou isso no meu ouvido e saiu do quarto. Oi?Sei que a Maria e o Marco
Olhei Guilherme esperando a resposta. Ele olhou dela para mim.— Você pode usar o banheiro se quiser.— Mas eu preciso de ajuda...— Vou chamar a Maria. — Saiu de perto da gente. Caí na gargalhada e ela me olhou irritada.— Isso é culpa sua, não é?— Eu já disse que foi sem querer.— Não estou falando do refrigerante.— Então de que?— De você.— O que tem eu?— É por sua causa que ele está me negando.— O que quer dizer com isso?— Acho que vocês têm algo.Soltei uma risada histérica e ela se assustou.— Eu sou casada com o pai dele. Não viaja!— E daí? O filho é melhor do que o pai, não acha?Acho! Com certeza acho!— Você até pode ser oferecida e se pudesse ficava com os dois, mas eu não sou como você.— Então você fica com aquele velho?— Isso não é da sua conta! — falei com raiva. Vou perder o controle a qualquer momento!— Venha comigo, querida, vou te ajudar com isso. — Maria apareceu do além me dando susto. A loira peituda foi com ela para um dos quartos e eu respirei fundo. Qu
No dia seguinte, fui com Guilherme ao Haras. Fiquei sentada assistindo ao treino dele. Acho que entendo porque ele só monta o Cometa. Além de terem uma ligação forte, combinam muito. Parece que o cavalo faz parte dele quando está saltando. É uma visão incrível.— Olá.Olhei para o lado. O cara dos duplos sentidos sentou comigo.— Oi.— Ele é bom, não é?— Parece que sim. Qual o seu nome? Eu sempre falo com você e não te conheço.— Verdade. Meu nome é Rodrigo. Sou o sócio de Alessandro.— Hum...— Sabe o que eu acho?— Não.— Você vai ser tão boa quanto ele, ou até melhor.— Por que acha isso?— Pessoas que têm ligações com os cavalos como vocês dois, tem muita facilidade. Por isso saltou aquele dia tão facilmente.— Entendi. Então se ele saltar com outro cavalo, não vai conseguir o que consegue com o Cometa?— É mais complicado. Ele deve ter falado que vocês têm que estar em sintonia e respeitar um ao outro.— Disse sim.— Pelo fato da Teci já seguir você sem precisar conduzi-la, já é