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8 Onde o silêncio grita

Ao notar a presença de sua nora, Giulia levantou-se com um sorriso radiante e caminhou até Bianca. —Bom dia, querida! Me desculpe, o cheiro da comida estava tão irresistível que nem percebi você aqui!" O brilho nos olhos de Giulia era acolhedor, mas Bianca sentia um nó no estômago.

A jovem estava nervosa diante dos sogros, uma sensação angustiante que a acompanhava desde que se tornara parte da família. Giulia percebeu a tensão de Bianca e a envolveu em um abraço caloroso. O corpo da jovem ficou rígido no início, como se estivesse presa em uma bolha de insegurança, mas aos poucos relaxou, permitindo-se sentir o carinho da sogra.

Leonardo entrou na cozinha nesse momento, puxou a cadeira e se sentou à mesa com um sorriso tranquilo. —Bom dia a todos!—As risadas e conversas animadas começaram a fluir, mas Bianca permaneceu de pé, hesitante.

Matteo, observando a nora em pé, lançou um olhar gentil e perguntou: —Você não vai tomar café com a gente?—A voz dele era suave, mas Bianca apenas balançou a cabeça em um gesto tímido e envergonhado. Na verdade, seu estômago roncava de fome; ela estava faminta. Contudo, na casa dos pais, Ela era proibida de sentasse a mesa para refeições

Bianca sempre teve uma visão clara sobre o valor de cada pessoa: todos eram iguais, independentemente de sua posição social. Essa crença a tornava humilde e acolhedora, mas seus pais tinham uma perspectiva diferente. Eles se achavam superiores aos empregados e não aceitavam a ideia de que alguém em uma posição mais baixa pudesse ser tratado como igual.

Certa vez, Bianca decidiu convidar uma empregada para se juntar a ela à mesa durante o jantar. Para ela, era um gesto natural, uma forma de mostrar respeito e dignidade. No entanto, ao ouvir sobre isso, seus pais ficaram furiosos. —Como você pode fazer isso?— gritaram eles, a desaprovação clara em seus rostos.

Ela disse aos pais que todos eram iguais e que mereciam o mesmo respeito. Por isso, os pais ficaram bravos e a proibiram de sentar à mesa. —Se você gosta tanto de se igualar aos empregados, a partir de hoje você só vai comer com eles na cozinha, quando todos comerem, e só comerá as sobras até entender que não somos iguais.— Eles queriam mudar a atitude da jovem até que ela reconhecesse que estava errada. Mas Bianca nunca fez isso. Essa situação causou a fúria dos pais há mais de oito anos, o  castigo foi severo.

Mesmo assim, Bianca mantinha sua crença forte. Ela sabia que cada pessoa tinha seu valor e merecia ser tratada com dignidade. Essa luta interna a acompanhava sempre

Os pais de Bianca, decididos a intensificar o castigo, ordenaram que as cozinheiras diminuíssem a quantidade de alimentos servidos, para que não sobrasse muito. Muitas vezes, Bianca ia dormir com fome, mas sua convicção permanecia inabalável; ela nunca voltou atrás em sua opinião sobre a igualdade.

Com essas lembranças, a tristeza se instalou em seu coração. Giulia, percebendo o pesar da jovem, perguntou suavemente: —Você está bem, querida?—perguntou Giulia, ao perceber a melancolia da jovem.

Nesse instante, uma voz intensa interrompeu o momento: —Sente-se e tome seu café conosco ou ficará com fome até a próxima refeição. Aqui, o horário das refeições é sagrado.—Bianca levantou os olhos e encontrou os olhos frios do marido. Um arrepio percorreu seu corpo; ela congelou diante da severidade dele.

Com as mãos trêmulas, deu um passo à frente, mantendo a vista baixa. Pegou um prato e ficou olhando para a mesa, sem saber o que comer.

—Sente-se,— ordenou ele novamente, sua voz carregada de autoridade. O coração de Bianca disparou enquanto ela lutava contra as emoções conflitantes que borbulhavam dentro dela.

Bianca sentou-se cabisbaixa, o olhar fixo no prato à sua frente. Todos na mesa notaram o desconforto da jovem, um silêncio pesado pairando no ar.

—O que foi? Não vai comer?—perguntou Vincent, sua voz cortante. Sem ousar olhar para ele, Bianca murmurou: —O que devo comer?— A pergunta, inocente e vulnerável, deixou o homem irritado.

—Como a porra que quiser! Será que tenho que decidir o que você quer comer? Ou vai querer que eu mastigue para você também?—A raiva em suas palavras era clara, e os olhos de Bianca se encheram de lágrimas. Suas mãos começaram a tremer, um sinal claro de como aquelas palavras a afetavam. Todos perceberam, até mesmo Vincent, que a expressão dela revelava o quanto ele a abalava.

—Vincent…—repreendeu Matteo, com a voz firme e autoritária. O silêncio se instalou por um momento tenso, enquanto Vincent apenas abaixava a cabeça, relutante em reconhecer a gravidade de suas ações.

—Você pode comer o que tiver vontade, querida,— disse Giulia, sua voz suave e protetora enquanto lançava um olhar severo para o filho.

Bianca respirou fundo e pegou um copo, despejando leite quente antes de pegar uma fatia de pão de forma recheado com queijo branco. Começou a comer com visível desconforto, cada mordida acompanhada da lembrança do quão grosseiro Vincent havia sido com ela.

Observando-a, Vincent sentiu uma pontada de culpa ao perceber o quanto ela estava incomodada. Um impulso de querer consertar as coisas surgiu dentro dele. Levantou a mão para colocar uma panqueca no prato dela, mas ao fazer isso, Bianca fechou os olhos e se encolheu, tremendo levemente. Ele interpretou seu gesto como um sinal de medo e isso não passou despercebido.

Quando ela finalmente abriu os olhos, viu uma panqueca delicadamente colocada em seu prato. —Obrigada,— disse ela, sua voz soando como um sussurro tímido. O gesto simples parecia carregar um peso emocional imenso entre eles.

Vincent quebrou o silêncio, sua voz abrupta cortando a tensão na mesa. —Ver se se alimenta direito. Está desnutrida, dá pra notar de longe. E quando você for dormir da próxima vez, se cubra para não congelar e adoecer. Você precisa cuidar um pouco mais da sua própria saúde,—disse ele, tomando um gole do seu café.

Essas palavras pegaram Bianca de surpresa e a emoção a envolveu por dentro. —Ele está preocupado com minha saúde?—Pensou, seu coração batendo mais rápido. Ela nunca imaginou que Vincent pudesse expressar preocupação genuína por ela. A ideia parecia estranha, quase como um sonho distante.

Enquanto mastigava lentamente, sua mente começou a girar em torno dos boatos que ouvira sobre eles. As histórias de crueldade e falta de coração ecoavam em sua cabeça, criando uma batalha interna entre o que ela havia aprendido sobre eles e o que estava experimentando naquele momento.

—Serão eles realmente tão frios quanto dizem?— refletiu Bianca, o dilema envolvendo seu coração. A verdade era que Vincent parecia muito mais complexo do que as histórias permitiam imaginar. Havia uma fragilidade nas palavras dele que contradizia tudo o que ela pensava saber.

Ela olhou para ele furtivamente, tentando decifrar a expressão em seu rosto. O homem à sua frente era uma mistura de autoridade e vulnerabilidade, e isso a deixava confusa.

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