A casa era realmente grande e luxuosa, com detalhes que refletiam riqueza e ostentação, mas para Bianca, tudo aquilo não passava de um cenário opressivo. Ela se sentia como uma prisioneira em meio ao esplendor, cercada por paredes que não ofereciam proteção, mas sim um constante lembrete de sua condição submissa. Os sonhos que um dia a animaram pareciam ter se dissipado, como fumaça ao vento, e a ideia de um divórcio era tão distante quanto as estrelas.
Na máfia, não pode haver divórcio com isso Bianca seria eternamente uma prisioneira em um casamento vivendo sem amor, como um objeto reprodutor, Ela ouviu dizer que as mulheres da família Denaro eram tratadas como objetos sem valor, sem voz ou direitos. Bianca sabia que sua vida estava destruída, e cada segundo que passava era um lembrete doloroso de que seus desejos e anseios eram irrelevantes. Matteo Denaro, o cabeça da família, não demonstrava qualquer afeto nem mesmo pela esposa. Ele era um homem frio e distante, mais interessado nos negócios do crime do que nas necessidades emocionais de Giulia sua esposa.
Durante as festas luxuosas que frequentavam, Giulia muitas vezes se via sentada sozinha em uma mesa, enquanto Matteo a ignorava completamente. Ele estava mais preocupado em negociar alianças e fortalecer sua posição na máfia do que em cuidar da mulher ao seu lado. Aquela solidão em meio à multidão era uma das piores torturas que alguém poderia imaginar.
O desprezo de Matteo por Giulia chegou a tal ponto que ele não hesitou em repreendê-la publicamente em uma dessas festas. A cena foi humilhante e chocante; todos os presentes assistiram enquanto ele a ridicularizava diante dos convidados. Essa foi uma das razões pelas quais Beatrice decidiu fugir no dia do casamento. Beatrice sempre sonhou em ser tratada como uma rainha, tendo o mundo ao seus pés mas ao perceber que aquela família não poderia oferecer esse status que desejava, ela tomou a decisão mais audaciosa de suas vidas. Fugir com outro homem mais velho porém rico.
Bianca chorou até de madrugada, o peso das lágrimas escorrendo por seu rosto e se misturando ao travesseiro. O cansaço a venceu, e ela adormeceu na cama macia de Vincent, envolta em um moletom surrado que parecia carregar o peso de suas angústias. Encolhida em um canto da cama, seu coração se apertava a cada pensamento que a assaltava. O lugar onde sua cabeça repousava estava manchado de lágrimas, um testemunho silencioso de sua dor e confusão.
Ela sentia um medo paralisante, uma sombra que a acompanhava constantemente, como um manto escuro que a envolvia e a sufocava. O temor de que seu marido pudesse aparecer a qualquer momento e forçá-la a cumprir com os deveres de mulher era uma realidade aterradora. O único papel que lhe fora ensinado era o de gerar filhos, como se sua identidade se resumisse a isso. Bianca sempre ouvira de sua mãe que a mulher deveria se submeter ao marido, aceitar sua posição como serva e guardiã do lar. Mas, em seu íntimo, ela sabia que não era assim que queria viver.
Nunca havia namorado antes; era inocente e pura, seus sonhos entrelaçados com a expectativa de um amor verdadeiro. Ela sempre sonhou em entregar sua virgindade ao seu futuro marido como um presente de casamento, uma demonstração de amor e confiança. No entanto, o destino lhe pregou uma peça cruel ao forçá-la a casar-se com o noivo da irmã, um homem que mostrou desprezo por ela, mas também a humilhou em público. Como poderia entregar algo tão precioso assim para alguém que não a valorizava?
Com esses pensamentos o sono a venceu, levando-a para longe daquela realidade opressora.Quando acordou, os primeiros raios de sol filtravam-se pela janela, aquecendo seu corpo com um edredom aconchegante. Ao abrir os olhos, sentiu uma onda de surpresa ao perceber que Vincent ainda não havia retornado. Um alívio inesperado tomou conta dela; agradeceu mentalmente por ele não ter aparecido. O desprezo dele era tão grande assim? A ausência dele fazia ecoar perguntas em sua mente, como um vazio que nunca parecia se preencher.
Ela levantou da cama com um misto de confusão e determinação, mas a mente ainda estava turvada pelas perguntas que a assombravam. Quem havia coberto seu corpo durante aquela madrugada fria? A lembrança da solidão e do medo a acompanhava enquanto se dirigia ao banheiro. Ao entrar, foi recebida por uma visão de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes luxuosos. Porém, ao invés de se sentir tentada, uma tristeza a invadiu. Sabia que tudo aquilo havia sido preparado para Beatrice, sua irmã, e não para ela.
Com um toque delicado, Bianca abriu o closet e seus olhos se perderam em um mar de roupas elegantes, sapatos reluzentes e joias deslumbrantes. Era um mundo que parecia tão distante dela, um mundo que não lhe pertencia. O luxo era palpável, mas ela não ousou tocar em nada – cada peça ali era um lembrete da vida que tudo era para sua irmã.
Um suspiro pesado escapou de seus lábios enquanto ela revirava sua pequena mala. Com cuidado, tirou um vestido floral simples e leve, algo que refletia sua verdadeira essência. Quando vestiu a peça, sentiu uma leveza momentânea – como se aquele vestido fosse uma forma de afirmar quem ela realmente era por dentro.
Bianca desceu as escadas, seu coração acelerado enquanto admirava a beleza da casa, mas também se sentindo um pouco perdida em meio à opulência. As paredes eram adornadas com quadros e os móveis, de madeira escura e polida, tinham um ar de sofisticação que a deixava um tanto intimidada. Ao se perder em seus pensamentos, foi interrompida por uma empregada que, com um sorriso gentil, perguntou se ela estava procurando a cozinha.
—Bom dia! A senhora quer que eu mostre a casa?— perguntou a mulher com uma cordialidade que fez Bianca sentir-se um pouco mais à vontade.
—Não, obrigada. Só o caminho para a cozinha, por favor,—respondeu Bianca, tentando manter a simplicidade na conversa. A mulher, compreensiva, apontou o caminho e observou enquanto Bianca seguia na direção correta.
Ao chegar à cozinha, Bianca sentiu uma onda de familiaridade. A geladeira estava repleta de ingredientes frescos e coloridos. Sem hesitar, ela abriu as portas e começou a preparar um rico café da manhã. Era algo que sempre fizera na casa de seus pais; cozinhar era algo que gostava muito .
Enquanto mexia em panelas e frigideiras, o cheiro do café fresco e dos pães quentes começou a se espalhar pela casa, invadindo cada canto com aromas acolhedores. Ela se sentia viva naquele ambiente – uma sensação que não experimentava há tempos. A cozinha era seu refúgio, um espaço onde podia ser ela mesma sem medo de julgamentos.
Ao notar a presença de sua nora, Giulia levantou-se com um sorriso radiante e caminhou até Bianca. —Bom dia, querida! Me desculpe, o cheiro da comida estava tão irresistível que nem percebi você aqui!" O brilho nos olhos de Giulia era acolhedor, mas Bianca sentia um nó no estômago.A jovem estava nervosa diante dos sogros, uma sensação angustiante que a acompanhava desde que se tornara parte da família. Giulia percebeu a tensão de Bianca e a envolveu em um abraço caloroso. O corpo da jovem ficou rígido no início, como se estivesse presa em uma bolha de insegurança, mas aos poucos relaxou, permitindo-se sentir o carinho da sogra.Leonardo entrou na cozinha nesse momento, puxou a cadeira e se sentou à mesa com um sorriso tranquilo. —Bom dia a todos!—As risadas e conversas animadas começaram a fluir, mas Bianca permaneceu de pé, hesitante.Matteo, observando a nora em pé, lançou um olhar gentil e perguntou: —Você não vai tomar café com a gente?—A voz dele era suave, mas Bianca apenas bal
Depois do café da manhã, os homens saíram para cuidar dos assuntos da máfia, deixando Bianca e Giulia sozinhas na imensa casa. Giulia, com seu jeito entusiasmado, começou a mostrar cada cômodo, sua voz vibrante ecoando pelas paredes decoradas.—Olha só essa sala de estar! E aqui temos a biblioteca, onde você pode passar horas mergulhada em bons livros,—dizia Giulia, apontando para os detalhes da casa com carinho. No entanto, uma sombra pairava sobre o ambiente.—Querida, peço desculpas por ontem, no casamento. Pela forma que o Vincent te tratou... ele não deveria ter te deixado sozinha daquele jeito,— disse Giulia, olhando nos olhos de Bianca com sinceridade.Bianca assentiu, sentindo um misto de compreensão e tristeza. —Eu entendo, dona Giulia. Eu também não estava confortável com o casamento.—A lembrança do altar ainda era fresca em sua mente. —Ele estava noivo da minha irmã. Ela é bonita, elegante... E foi ali, no altar, que ele descobriu que não era a noiva que ele sonhou sou uma
A tensão na sala se intensificou à medida que Vincent desceu as escadas, o sangue escorrendo de suas mãos, um sinal claro de que algo terrível havia acontecido. Seus olhos estavam vermelhos de raiva, e a atmosfera era pesada com a expectativa do que estava por vir.A pergunta surgiu dos lábios de sua mãe, Giulia, acompanhada por Matteo e Leonardo, que já estavam armados. O olhar assassino de Vincent encontrou o deles, e a sala ficou em silêncio. —O que aconteceu aqui hoje?— A pergunta cortou o ar como uma lâmina afiada.— O de sempre, filho. Por que a pergunta?—disse Giulia, tentando desviar da gravidade da situação.—E minha esposa? O que aconteceu com minha esposa? — A voz de Vincent era um rosnado, carregada de uma fúria crescente. O desconcerto tomou conta do ambiente; os rostos se tornaram raivosos à medida que as perguntas eram feitas a compreensão nem começava a se formar.—Querido,— Giulia interveio, mas a preocupação em seu olhar era evidente. —Eu passei o dia inteiro com el
Bianca sentiu seu coração aquecer com aquele gesto tão gentil de Vincent. Desde os 10 anos, ela não recebia afeto, e a falta disso a tornava insegura. Ela desejava abraçá-lo, abrir seu coração e compartilhar todas as suas dores e preocupações. No entanto, a coragem lhe faltava. Afinal, ela só conhecera Vincent no dia do casamento, apenas um dia atrás. O medo de depositar suas esperanças nele e acabar se decepcionando a paralisava. Já estava machucada demais; não queria continuar se ferindo.Enquanto ele tocava suavemente seu rosto, Bianca sentiu um arrepio. O cheiro dele evocou lembranças de momentos que ela gostaria de esquecer, mas que estavam ali, vivos em sua mente. Vincent segurou seu queixo e, com um olhar intenso, aproximou os lábios dos dela. O coração de Bianca acelerou; como ela queria aquele beijo! Mas uma sombra de dúvida a envolveu. Ela não era a esposa que ele desejava; na verdade, sentia-se como uma substituta. Com isso em mente, desviou o rosto, fazendo com que os lábi
Ao sair do quarto, Vincent foi invadido por lembranças da noite passada, um turbilhão de emoções que o atingiu como uma onda. Ele se lembrou do momento em que a viu entrar na igreja, deslumbrante em um vestido branco perolado, bordado com detalhes que reluziam sob a luz suave. A calda enorme arrastava-se atrás dela, enquanto seus cabelos estavam presos em um coque elegante, com alguns fios soltos que emolduravam seu rosto delicado. Dois cachos caíam graciosamente sobre suas têmporas, e a maquiagem leve realçava sua beleza natural. Os lábios rosados pareciam convidativos para um beijo, e seu coração pulou ao vê-la apesar do vestido está folgado ela estava linda, e tudo que ele queria era ir até ela.Mas a visão de Bianca não era apenas de beleza; havia tristeza em seus olhos, lágrimas acumuladas que falavam de um sofrimento profundo. Essa dor o atingiu em cheio e o deixou frustrado e furioso consigo mesmo. Ele desejava correr até ela, beijar seus lábios e assegurar que tudo ficaria bem
— O que você tem em mente, filho? — perguntou Giulia, acomodando-se no sofá ao lado, seus olhos curiosos fixos em Leonardo.— Eu... eu quero mandar um presente para a família Gambino. — A voz de Leonardo era firme, mas seu rosto sério não revelava nenhuma emoção. Havia uma raiva silenciosa e um olhar assassino, como se ele estivesse lidando com algo insignificante a raiva de saber que sua cunhada sofreu agressão no dia do casamento era considerado uma grande falta de respeito.— Vincenzo, preciso que venha comigo — disse Leonardo, seu olhar estava intenso e vazio.— Eu também vou com vocês! — interveio Vincent com uma fúria assassina nos olhos.— Negativo — respondeu Leonardo, cortante. — Você tem uma esposa para cuidar, irmão. Deixe que nós cuidaremos de tudo.Vincent hesitou por um momento, mas então concordou com um a Senar de cabeça resignado. Havia algo reconfortante na confiança de Leonardo que o fazia sentir-se seguro em ficar para trás.Vincenzo era o irmão caçula de Matteo
Vincenzo e Leonardo saíram em seu Maserati Nero, um carro blindado que simbolizava não apenas riqueza, mas também proteção em um mundo repleto de traições. A noite já avançava, mas a urgência da missão os impelia a seguir em frente. Eles estavam a caminho da base da máfia, determinados a obter respostas do que tinha acontecido com Bianca.Ao chegarem, foram direto para a sala de computação, onde uma equipe de hackers trabalhava incansavelmente para garantir que as operações da máfia permanecessem no escuro. O brilho das telas iluminava os rostos concentrados dos jovens, cada um deles imerso em códigos e estratégias digitais. Leonardo sabia que não poderiam voltar sem informações cruciais.A confiança era tudo nesse jogo perigoso. Leonardo contava com cinco homens que se tornaram seus aliados mais leais, todos resgatados por ele em suas primeiras missões como conselheiro da máfia. Cada um deles tinha uma história trágica e um passado marcado pela dor, mas juntos haviam encontrado um no
A atmosfera entre os cinco hackers se tornou ainda mais pesada enquanto assistiam aos vídeos e analisavam as imagens que haviam conseguido. O que começou como uma busca por informações sobre Bianca rapidamente se transformou em um pesadelo. As cenas eram perturbadoras, e o que eles viam era difícil de suportar.No vídeo, Bianca estava deslumbrante em seu vestido simples branco, irradiando bondade ao alimentar crianças carentes em um evento familiar. Os olhares admirativos se voltavam para ela, ofuscando completamente Beatrice, que estava vestida com um vestido extravagante e cheio de joias. A inveja e a raiva de Beatrice eram grande; ela não suportava ver a atenção voltada para a irmã.O momento em que Beatrice a agrediu foi devastador. O tapa ressoou como um eco cruel na sala onde os cinco assistiam, e lágrimas começaram a escorregar pelo rosto de Bianca enquanto ela tentava reagir. A brutalidade da situação era inegável; o chute que veio em seguida parecia ser o ápice da frustração