6 O peso de um nome

Ao chegar na cerimônia, Bianca sentia suas mãos frias e o suor escorrendo por sua testa, misturando-se com as lágrimas que ela se esforçava para não deixar cair. Seu corpo tremia, não apenas de medo, mas de uma sensação avassaladora de pavor. O coração parecia querer sair pela boca, pulsando como um tambor em sua prisão de nervos.

Cada passo que dava em direção ao altar era um desafio; seus pés pareciam pesados, e o vestido que vestia estava folgado já que foi feito para sua irm — flutuava ao seu redor como uma nuvem estranha e desconfortável. Os sapatos grandes faziam com que ela se sentisse ainda mais desajeitada e vulnerável. Olhando fixamente para o chão, ela mal conseguia e respirar não conseguia encarar as pessoas ao seu redor. Os olhares eram como lanças, perfurando sua pele.

Quando finalmente se aproximou do altar, o murmúrio da multidão cessou. O silêncio foi quebrado por Vincent, que ao perceber a noiva errada, cerrou os punhos em indignação.

— Que porra é essa? — ele gritou, sua voz ecoando pela sala. — Cadê a Beatrice? Porque diabos trouxeram uma criança para se casar comigo? Esse casamento está cancelado!

A raiva dele era quase insuportável, e ele virou as costas em um gesto de desprezo. Mas Matteo não permitiria que isso acontecesse.

— O importante aqui, filho, não é a noiva, mas a aliança dessa união — disse Matteo com frieza.

Joseph então olhou para Bianca com uma expressão dura, apertando seu braço de maneira quase cruel. A dor era intensa, mas o que mais machucava era a humilhação profunda que ela sentia.

— Você é inútil! Ninguém te quer! Se esse casamento não acontecer, vou transformar sua vida em um inferno! — ele rosnou.

Bianca forçou um sorriso amargo ao pensar: —Eu já vivo isso.— A ironia de sua situação era insuportável; ela estava prestes a ser forçada a se casar com um homem que nem mesmo queria vê-la.

Vincent olhou para o pai com desespero nos olhos:

— Pai, olha pra ela! É uma criança ainda!—disse Vincent

Joseph balançou a cabeça com desdém. — Ela completou 18 anos semana passada.

Matteo falou no ouvido do rapaz que estava visivelmente indignado — Não filho ela não é mais uma criança Beatrice fugiu essa manhã e a Bianca... ela pode não ser bonita nem ter curvas, mas está disposta a casar. O que importa aqui é a aliança. Depois daremos um jeito de encontrar a Beatrice e fazer ela pagar por essa humilhação. Eu prometo.

Vincent respirou fundo, lutando contra suas emoções conflitantes. Ele sabia que estava sendo arrastado para uma situação que não fazia sentido e que era injusta. Mas naquele momento conturbado, ele apenas assentiu.

— Tudo bem... — murmurou Vincent, sua voz carregada de resignação.

À medida que a cerimônia prosseguia, o noivo nem mesmo olhou para Bianca. A raiva estampada em seu rosto era evidente, especialmente no momento em que ele colocou a aliança em seu dedo. Com um movimento brusco e cheio de desprezo, ele quase fez a aliança escorregar, e Bianca sentiu o metal frio e pesado, um símbolo da prisão que agora a cercava. Ninguém parecia se importar com o gesto rude; todos estavam mais preocupados com a aparência do que com os sentimentos daquela menina forçada a assumir um papel que não era dela.

Não houve votos, nem palavras de amor ou esperança — apenas um silêncio desconfortável que envolvia a sala. Quando a cerimônia chegou ao fim, Vincent se virou e saiu apressadamente, deixando Bianca sozinha no altar, exposta aos olhares curiosos e julgadores dos convidados.

O motorista aguardava do lado de fora, e ela entrou no carro sem dizer uma palavra. O trajeto para casa foi uma viagem silenciosa, marcada apenas pelo som do motor e pelo ruído distante da cidade. Bianca olhava pela janela, mas as imagens passavam como sombras; nada parecia realmente importar naquele momento.

Dentro do salão, os convidados sussurravam entre si. Alguns olhavam para Bianca com desprezo, como se ela fosse a causa de toda aquela confusão; outros expressavam pena, mas nenhuma dessas emoções conseguia tocar seu coração despedaçado. Ela estava tão consumida pela dor e pela humilhação que não tinha espaço para se importar com as opiniões alheias. Era como se estivesse em um estado de catatonia emocional.

Ao chegar em casa, Bianca foi recebida por Emma, a empregada, que a cumprimentou com um sorriso gentil, mas triste. Os olhos de Bianca estavam marejados de lágrimas, e ela retribuiu o sorriso com um gesto tímido, sentindo-se vulnerável e perdida. Emma era uma presença familiar em meio ao caos emocional que a cercava, mas mesmo assim, havia um limite para o que podiam compartilhar.

Emma levou Bianca para o quarto de Vincent, um espaço que agora parecia mais uma prisão do que um lar. A moça sentia pena de seu sofrimento, mas sabia que não podia dizer nada; suas palavras poderiam trazer mais dor ou até mesmo desagrado. O silêncio entre elas era pesado, carregado de compreensão implícita sobre as lutas que cada uma enfrentava.

O motorista entrou na casa com uma pequena mala de Bianca, trazendo a realidade do seu novo estado. Ao ver a mala, uma onda de desespero a invadiu. Ela se despedia da liberdade e da esperança de um futuro melhor a cada instante.

Depois de se trancar no banheiro e tomar um banho quente, Bianca deixou que as lágrimas escorressem livremente pelo seu rosto. A água morna misturava-se ao seu pranto, como se estivesse lavando não apenas seu corpo, mas também sua dor interna. Ao sair do chuveiro e se olhar no espelho, ela ficou horrorizada ao ver os sinais do sofrimento estampados em seu rosto — um grande roxo ao redor dos olhos refletia o desgosto e a desilusão.

O espelho devolveu à Bianca uma imagem distorcida do que ela havia se tornado: uma mulher marcada pela traição e pela violência. A dor maior não era apenas pela humilhação pública ou pela falta de amor; era saber que quem deveria amá-la e protegê-la era a fonte do seu sofrimento.

As marcas nas costas eram visíveis sempre que ela se despia — cicatrizes físicas que contavam histórias de violência constante e abuso emocional. Cada linha em sua pele era um lembrete cruel da luta diária para sobreviver dentro daquela relação tóxica. Essas cicatrizes não apenas marcavam seu corpo; elas haviam penetrado em sua alma, deixando-a em pedaços.

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