Ao chegar na cerimônia, Bianca sentia suas mãos frias e o suor escorrendo por sua testa, misturando-se com as lágrimas que ela se esforçava para não deixar cair. Seu corpo tremia, não apenas de medo, mas de uma sensação avassaladora de pavor. O coração parecia querer sair pela boca, pulsando como um tambor em sua prisão de nervos.
Cada passo que dava em direção ao altar era um desafio; seus pés pareciam pesados, e o vestido que vestia estava folgado já que foi feito para sua irm — flutuava ao seu redor como uma nuvem estranha e desconfortável. Os sapatos grandes faziam com que ela se sentisse ainda mais desajeitada e vulnerável. Olhando fixamente para o chão, ela mal conseguia e respirar não conseguia encarar as pessoas ao seu redor. Os olhares eram como lanças, perfurando sua pele.
Quando finalmente se aproximou do altar, o murmúrio da multidão cessou. O silêncio foi quebrado por Vincent, que ao perceber a noiva errada, cerrou os punhos em indignação.
— Que porra é essa? — ele gritou, sua voz ecoando pela sala. — Cadê a Beatrice? Porque diabos trouxeram uma criança para se casar comigo? Esse casamento está cancelado!
A raiva dele era quase insuportável, e ele virou as costas em um gesto de desprezo. Mas Matteo não permitiria que isso acontecesse.
— O importante aqui, filho, não é a noiva, mas a aliança dessa união — disse Matteo com frieza.
Joseph então olhou para Bianca com uma expressão dura, apertando seu braço de maneira quase cruel. A dor era intensa, mas o que mais machucava era a humilhação profunda que ela sentia.
— Você é inútil! Ninguém te quer! Se esse casamento não acontecer, vou transformar sua vida em um inferno! — ele rosnou.
Bianca forçou um sorriso amargo ao pensar: —Eu já vivo isso.— A ironia de sua situação era insuportável; ela estava prestes a ser forçada a se casar com um homem que nem mesmo queria vê-la.
Vincent olhou para o pai com desespero nos olhos:
— Pai, olha pra ela! É uma criança ainda!—disse Vincent
Joseph balançou a cabeça com desdém. — Ela completou 18 anos semana passada.
Matteo falou no ouvido do rapaz que estava visivelmente indignado — Não filho ela não é mais uma criança Beatrice fugiu essa manhã e a Bianca... ela pode não ser bonita nem ter curvas, mas está disposta a casar. O que importa aqui é a aliança. Depois daremos um jeito de encontrar a Beatrice e fazer ela pagar por essa humilhação. Eu prometo.
Vincent respirou fundo, lutando contra suas emoções conflitantes. Ele sabia que estava sendo arrastado para uma situação que não fazia sentido e que era injusta. Mas naquele momento conturbado, ele apenas assentiu.
— Tudo bem... — murmurou Vincent, sua voz carregada de resignação.
À medida que a cerimônia prosseguia, o noivo nem mesmo olhou para Bianca. A raiva estampada em seu rosto era evidente, especialmente no momento em que ele colocou a aliança em seu dedo. Com um movimento brusco e cheio de desprezo, ele quase fez a aliança escorregar, e Bianca sentiu o metal frio e pesado, um símbolo da prisão que agora a cercava. Ninguém parecia se importar com o gesto rude; todos estavam mais preocupados com a aparência do que com os sentimentos daquela menina forçada a assumir um papel que não era dela.
Não houve votos, nem palavras de amor ou esperança — apenas um silêncio desconfortável que envolvia a sala. Quando a cerimônia chegou ao fim, Vincent se virou e saiu apressadamente, deixando Bianca sozinha no altar, exposta aos olhares curiosos e julgadores dos convidados.
O motorista aguardava do lado de fora, e ela entrou no carro sem dizer uma palavra. O trajeto para casa foi uma viagem silenciosa, marcada apenas pelo som do motor e pelo ruído distante da cidade. Bianca olhava pela janela, mas as imagens passavam como sombras; nada parecia realmente importar naquele momento.
Dentro do salão, os convidados sussurravam entre si. Alguns olhavam para Bianca com desprezo, como se ela fosse a causa de toda aquela confusão; outros expressavam pena, mas nenhuma dessas emoções conseguia tocar seu coração despedaçado. Ela estava tão consumida pela dor e pela humilhação que não tinha espaço para se importar com as opiniões alheias. Era como se estivesse em um estado de catatonia emocional.
Ao chegar em casa, Bianca foi recebida por Emma, a empregada, que a cumprimentou com um sorriso gentil, mas triste. Os olhos de Bianca estavam marejados de lágrimas, e ela retribuiu o sorriso com um gesto tímido, sentindo-se vulnerável e perdida. Emma era uma presença familiar em meio ao caos emocional que a cercava, mas mesmo assim, havia um limite para o que podiam compartilhar.
Emma levou Bianca para o quarto de Vincent, um espaço que agora parecia mais uma prisão do que um lar. A moça sentia pena de seu sofrimento, mas sabia que não podia dizer nada; suas palavras poderiam trazer mais dor ou até mesmo desagrado. O silêncio entre elas era pesado, carregado de compreensão implícita sobre as lutas que cada uma enfrentava.
O motorista entrou na casa com uma pequena mala de Bianca, trazendo a realidade do seu novo estado. Ao ver a mala, uma onda de desespero a invadiu. Ela se despedia da liberdade e da esperança de um futuro melhor a cada instante.
Depois de se trancar no banheiro e tomar um banho quente, Bianca deixou que as lágrimas escorressem livremente pelo seu rosto. A água morna misturava-se ao seu pranto, como se estivesse lavando não apenas seu corpo, mas também sua dor interna. Ao sair do chuveiro e se olhar no espelho, ela ficou horrorizada ao ver os sinais do sofrimento estampados em seu rosto — um grande roxo ao redor dos olhos refletia o desgosto e a desilusão.
O espelho devolveu à Bianca uma imagem distorcida do que ela havia se tornado: uma mulher marcada pela traição e pela violência. A dor maior não era apenas pela humilhação pública ou pela falta de amor; era saber que quem deveria amá-la e protegê-la era a fonte do seu sofrimento.
As marcas nas costas eram visíveis sempre que ela se despia — cicatrizes físicas que contavam histórias de violência constante e abuso emocional. Cada linha em sua pele era um lembrete cruel da luta diária para sobreviver dentro daquela relação tóxica. Essas cicatrizes não apenas marcavam seu corpo; elas haviam penetrado em sua alma, deixando-a em pedaços.
A casa era realmente grande e luxuosa, com detalhes que refletiam riqueza e ostentação, mas para Bianca, tudo aquilo não passava de um cenário opressivo. Ela se sentia como uma prisioneira em meio ao esplendor, cercada por paredes que não ofereciam proteção, mas sim um constante lembrete de sua condição submissa. Os sonhos que um dia a animaram pareciam ter se dissipado, como fumaça ao vento, e a ideia de um divórcio era tão distante quanto as estrelas.Na máfia, não pode haver divórcio com isso Bianca seria eternamente uma prisioneira em um casamento vivendo sem amor, como um objeto reprodutor, Ela ouviu dizer que as mulheres da família Denaro eram tratadas como objetos sem valor, sem voz ou direitos. Bianca sabia que sua vida estava destruída, e cada segundo que passava era um lembrete doloroso de que seus desejos e anseios eram irrelevantes. Matteo Denaro, o cabeça da família, não demonstrava qualquer afeto nem mesmo pela esposa. Ele era um homem frio e distante, mais interessado
Ao notar a presença de sua nora, Giulia levantou-se com um sorriso radiante e caminhou até Bianca. —Bom dia, querida! Me desculpe, o cheiro da comida estava tão irresistível que nem percebi você aqui!" O brilho nos olhos de Giulia era acolhedor, mas Bianca sentia um nó no estômago.A jovem estava nervosa diante dos sogros, uma sensação angustiante que a acompanhava desde que se tornara parte da família. Giulia percebeu a tensão de Bianca e a envolveu em um abraço caloroso. O corpo da jovem ficou rígido no início, como se estivesse presa em uma bolha de insegurança, mas aos poucos relaxou, permitindo-se sentir o carinho da sogra.Leonardo entrou na cozinha nesse momento, puxou a cadeira e se sentou à mesa com um sorriso tranquilo. —Bom dia a todos!—As risadas e conversas animadas começaram a fluir, mas Bianca permaneceu de pé, hesitante.Matteo, observando a nora em pé, lançou um olhar gentil e perguntou: —Você não vai tomar café com a gente?—A voz dele era suave, mas Bianca apenas bal
Depois do café da manhã, os homens saíram para cuidar dos assuntos da máfia, deixando Bianca e Giulia sozinhas na imensa casa. Giulia, com seu jeito entusiasmado, começou a mostrar cada cômodo, sua voz vibrante ecoando pelas paredes decoradas.—Olha só essa sala de estar! E aqui temos a biblioteca, onde você pode passar horas mergulhada em bons livros,—dizia Giulia, apontando para os detalhes da casa com carinho. No entanto, uma sombra pairava sobre o ambiente.—Querida, peço desculpas por ontem, no casamento. Pela forma que o Vincent te tratou... ele não deveria ter te deixado sozinha daquele jeito,— disse Giulia, olhando nos olhos de Bianca com sinceridade.Bianca assentiu, sentindo um misto de compreensão e tristeza. —Eu entendo, dona Giulia. Eu também não estava confortável com o casamento.—A lembrança do altar ainda era fresca em sua mente. —Ele estava noivo da minha irmã. Ela é bonita, elegante... E foi ali, no altar, que ele descobriu que não era a noiva que ele sonhou sou uma
A tensão na sala se intensificou à medida que Vincent desceu as escadas, o sangue escorrendo de suas mãos, um sinal claro de que algo terrível havia acontecido. Seus olhos estavam vermelhos de raiva, e a atmosfera era pesada com a expectativa do que estava por vir.A pergunta surgiu dos lábios de sua mãe, Giulia, acompanhada por Matteo e Leonardo, que já estavam armados. O olhar assassino de Vincent encontrou o deles, e a sala ficou em silêncio. —O que aconteceu aqui hoje?— A pergunta cortou o ar como uma lâmina afiada.— O de sempre, filho. Por que a pergunta?—disse Giulia, tentando desviar da gravidade da situação.—E minha esposa? O que aconteceu com minha esposa? — A voz de Vincent era um rosnado, carregada de uma fúria crescente. O desconcerto tomou conta do ambiente; os rostos se tornaram raivosos à medida que as perguntas eram feitas a compreensão nem começava a se formar.—Querido,— Giulia interveio, mas a preocupação em seu olhar era evidente. —Eu passei o dia inteiro com el
Bianca sentiu seu coração aquecer com aquele gesto tão gentil de Vincent. Desde os 10 anos, ela não recebia afeto, e a falta disso a tornava insegura. Ela desejava abraçá-lo, abrir seu coração e compartilhar todas as suas dores e preocupações. No entanto, a coragem lhe faltava. Afinal, ela só conhecera Vincent no dia do casamento, apenas um dia atrás. O medo de depositar suas esperanças nele e acabar se decepcionando a paralisava. Já estava machucada demais; não queria continuar se ferindo.Enquanto ele tocava suavemente seu rosto, Bianca sentiu um arrepio. O cheiro dele evocou lembranças de momentos que ela gostaria de esquecer, mas que estavam ali, vivos em sua mente. Vincent segurou seu queixo e, com um olhar intenso, aproximou os lábios dos dela. O coração de Bianca acelerou; como ela queria aquele beijo! Mas uma sombra de dúvida a envolveu. Ela não era a esposa que ele desejava; na verdade, sentia-se como uma substituta. Com isso em mente, desviou o rosto, fazendo com que os lábi
Ao sair do quarto, Vincent foi invadido por lembranças da noite passada, um turbilhão de emoções que o atingiu como uma onda. Ele se lembrou do momento em que a viu entrar na igreja, deslumbrante em um vestido branco perolado, bordado com detalhes que reluziam sob a luz suave. A calda enorme arrastava-se atrás dela, enquanto seus cabelos estavam presos em um coque elegante, com alguns fios soltos que emolduravam seu rosto delicado. Dois cachos caíam graciosamente sobre suas têmporas, e a maquiagem leve realçava sua beleza natural. Os lábios rosados pareciam convidativos para um beijo, e seu coração pulou ao vê-la apesar do vestido está folgado ela estava linda, e tudo que ele queria era ir até ela.Mas a visão de Bianca não era apenas de beleza; havia tristeza em seus olhos, lágrimas acumuladas que falavam de um sofrimento profundo. Essa dor o atingiu em cheio e o deixou frustrado e furioso consigo mesmo. Ele desejava correr até ela, beijar seus lábios e assegurar que tudo ficaria bem
— O que você tem em mente, filho? — perguntou Giulia, acomodando-se no sofá ao lado, seus olhos curiosos fixos em Leonardo.— Eu... eu quero mandar um presente para a família Gambino. — A voz de Leonardo era firme, mas seu rosto sério não revelava nenhuma emoção. Havia uma raiva silenciosa e um olhar assassino, como se ele estivesse lidando com algo insignificante a raiva de saber que sua cunhada sofreu agressão no dia do casamento era considerado uma grande falta de respeito.— Vincenzo, preciso que venha comigo — disse Leonardo, seu olhar estava intenso e vazio.— Eu também vou com vocês! — interveio Vincent com uma fúria assassina nos olhos.— Negativo — respondeu Leonardo, cortante. — Você tem uma esposa para cuidar, irmão. Deixe que nós cuidaremos de tudo.Vincent hesitou por um momento, mas então concordou com um a Senar de cabeça resignado. Havia algo reconfortante na confiança de Leonardo que o fazia sentir-se seguro em ficar para trás.Vincenzo era o irmão caçula de Matteo
Vincenzo e Leonardo saíram em seu Maserati Nero, um carro blindado que simbolizava não apenas riqueza, mas também proteção em um mundo repleto de traições. A noite já avançava, mas a urgência da missão os impelia a seguir em frente. Eles estavam a caminho da base da máfia, determinados a obter respostas do que tinha acontecido com Bianca.Ao chegarem, foram direto para a sala de computação, onde uma equipe de hackers trabalhava incansavelmente para garantir que as operações da máfia permanecessem no escuro. O brilho das telas iluminava os rostos concentrados dos jovens, cada um deles imerso em códigos e estratégias digitais. Leonardo sabia que não poderiam voltar sem informações cruciais.A confiança era tudo nesse jogo perigoso. Leonardo contava com cinco homens que se tornaram seus aliados mais leais, todos resgatados por ele em suas primeiras missões como conselheiro da máfia. Cada um deles tinha uma história trágica e um passado marcado pela dor, mas juntos haviam encontrado um no